Remo 2x1 Cametá (Eduardo Ramos)

Anunciado com pompa e circunstância no final do ano passado como a grande contratação azulina com vistas à temporada 2014, o meia Eduardo Ramos foi escolhido pelo presidente Zeca Pirão para vestir a emblemática camisa com o número 33, que fazia parte da principal ação de marketing do clube, para tirar proveito do histórico tabu de 33 jogos de invencibilidade do Leão Azul diante do Paysandu. Nada melhor do que usar um ex-bicolor para tornar a provocação ainda mais marcante.

No entanto, a resposabilidade de carregar o tabu pesou sobre as costas do jogador, que acabou sucumbindo às pressões e cobranças da torcida. Após uma série de atuações apagadas, que culminaram com a derrota por 3 a 0 diante do Independente de Tucuruí, no jogo de ida das semifinais da Taça Estado do Pará, o meia Eduardo Ramos chegou a ter sua integridade física ameaçada durante um protesto de membros de uma torcida organizada remista e acabou pedindo para voltar a utilizar a 10, desistindo assim de fazer parte do projeto de marketing azulino.

Agora, a diretoria terá que decidir se escolhe outro jogador para envergar a 33 ou se deixa essa ideia de lado, pelo menos por enquanto. Para a maioria dos torcedores, a melhor saída é a segunda.

A camisa 33 foi um projeto com relativo sucesso na sua concepção e origem. No entanto, travou no segundo passo que seria a escolha de um atleta para liderar a equipe em campo. Eduardo Ramos, que não era a primeira opção, acabou como o escolhido. O início foi animador, com o goiano protagonizando lances decisivos e marcando gols, o que amenizou as vaias da torcida na sua apresentação como o camisa 33.

A sequência do campeonato estadual, porém, foi um duro gol de realidade e, drasticamente, Eduardo Ramos caiu de produção a ponto de revelar a sua insatisfação com o projeto, pedindo inclusive para mudar o número da sua camisa. Ramos voltou a vestir a 10 e deixou órfã a camisa 33.

Dadá

Em redes sociais e no próprio estádio Evandro Almeida, o Baenão, é recorrente a discussão sobre quem do atual elenco merece a reverência. Dadá, pela sua condição de entrega em campo, foi um dos lembrados. Porém, o jogador declinou o pré-convite.

Primeiramente, Dadá fez uma análise bem-humorada da situação. “Tenho brincado muito sobre essa camisa. Esse 33 aí está pesando muito. Nosso guerreiro, Eduardo Ramos, estava carregando 33 sacas de cimento nas costas e não sabia”, falou. “Você viu que quando tiraram esta camisa dele e colocaram a 10, ele ficou até aliviado e correu o que ele nunca tinha corrido?”, enfatizou Dadá.

Utilizá-la não passa pela cabeça de um jogador, com aceitação no elenco do Remo, pela sua voluntariedade em campo e o seu bom-humor fora dele. “Nós até brincamos. Deixa essa 33 para a torcida, não nós podemos desmerecê-la, mas tento só trabalhar. Que a torcida fique com ela. Tenho me achado melhor com a camisa 5. Esta camisa 33 está pesando e tem poucos que querem colocá-la”, garantiu.

Fábio Bentes, diretor de marketing azulino, foi questionado sobre o assunto e defendeu a viabilidade econômica do projeto. Segundo ele, foram negociadas aproximadamente 6 mil camisas 33, que geraram um lucro de cerca de R$ 600 mil. “Creio que nunca um projeto de marketing aqui em Belém tenha dado tão certo”, disse. Fábio lembrou destes números para argumentar que a ideia não é aposentar a camisa 33. Pelo contrário.

“Decidimos em comum acordo com o Eduardo Ramos dar um tempo na camisa, mas vamos voltar com o projeto para a Série D. Iremos definir um jogador do elenco ou mesmo tentar contratar alguém para usá-la. Nós queremos a camisa 33 como numeração fixa no Remo”, assegurou.

O diretor ainda garantiu que o primeiro nome de investida no projeto foi Eduardo Ramos. “Ele tem uma história, pois jogou no nosso maior rival. Diante da expectativa que foi criada, até buscamos outros nomes, mas os valores pedidos sempre foram acima da nossa realidade. Então, resolvemos investir no Eduardo Ramos que foi um jogador útil para a equipe. Se você analisar, ele participou de 70% das nossas jogadas de gol, mas a expectativa foi muito grande e talvez tenha tido alguma frustração”, completou.

O Liberal, 18/05/2014