Remo 2x2 PSC (Leandro Cearense e Eduardo Ramos)
Remo 2x2 PSC (Leandro Cearense e Eduardo Ramos)

Foi um jogo empolgante, talvez o mais equilibrado de todos os clássicos da temporada. Não faltou alma, sangue e vontade. De um lado, um Paysandu senhor da vantagem na decisão e com suas principais peças descansadas exclusivamente para o jogo. De outro, um Remo que ficou 22 dias sem jogar à espera das finais do returno.

Tanto esmero dos rivais em se preparar para o confronto se evidenciou nas ações em campo. Duas forças antagônicas, com arrumações táticas diferentes e ênfase no esforço coletivo. Nas arquibancadas, porém, o público destoou em relação à qualidade do clássico – presença de pouco mais de 6 mil pagantes.

O começo foi claramente dos azulinos, que pela urgência em reverter a desvantagem na decisão, partiram resolutos em busca do gol. Construíram boas jogadas, puxadas principalmente pelo ponta Rony, mas não conseguiram transformar essa presença ofensiva em situações claras de gol. Estabeleceram uma sensação de perigo que não se materializou em lances agudos na área.

A predominância remista durou exatos 15 minutos. A inversão de atitudes começou por força das circunstâncias, com as substituições de Pablo (lesionado) por Ricardo Capanema e de Zé Antonio por Billy. Capanema foi escalado para vigiar Rony e se entregou à tarefa com gosto, o que diminuiu a intensidade do Remo pelo lado direito do ataque. Em combate direto aos remistas Dadá e Ilaílson, Billy assumiu no meio-campo um papel de condutor de bola que Zé Antonio não chegava nem perto de executar. Penso que o jovem volante ganhou em definitivo a titularidade ontem à noite.

Foi através de Billy que o Paysandu começou a inverter as coisas no Re-Pa, tirando seu meio-campo do imobilismo inicial. Aos 17 minutos, surgiu o primeiro ataque bem organizado pelos bicolores. Lima recebeu bola no bico esquerdo da grande área e cruzou alto em direção ao segundo pau. Djalma cabeceou em direção à pequena área, mas a bola resvalou no braço do lateral Alex Ruan. Dewson Freitas assinalou pênalti, que Augusto Recife converteu.

Atordoado pelo gol, o Remo saiu em busca do empate e teve duas boas chances, ambas em cobranças de escanteio, mas foi o rival que voltou a balançar as redes. Aos 30 minutos, em cobrança de falta bem ensaiada, Pikachu foi lançado na área azulina pelo lado direito e, sem marcação, bateu forte e rasteiro, estabelecendo 2 a 0. O Paysandu se valia, novamente, de sua objetividade nos lances de área.

O Remo, tentando juntar os cacos, partiu para a reação, mas esbarrava em um bloqueio mais firme e técnico no meio-de-campo. A necessidade de chegar ao gol levou Eduardo Ramos a se aproximar da linha de ataque, invertendo posicionamento com Leandro Cearense pelo lado esquerdo. A fim de fugir à marcação de Capanema, Rony passou a correr pela esquerda depois que Alex Ruan foi substituído por Val Barreto. Foi por essa via que acabou nascendo o primeiro gol azulino.

Lépido, Rony enfileirou marcadores na entrada da área bicolor e passou para Eduardo Ramos arrematar de fora da área, sem chances de defesa para Paulo Rafael, aos 39 minutos. O Remo ainda teria, com o próprio Rony, outra grande oportunidade, aos 44′, mas Paulo Rafael e Charles impediram o gol.

Depois do intervalo, o Paysandu surpreendeu logo aos 2 minutos, em escanteio que foi desviado por Charles para as redes. Dewson assinalou falta sobre Fabiano, em lance contestado pelos bicolores, mas o árbitro havia invalidado o lance antes da definição, observando infração cometida pelo centroavante Lima.

O jogo ganhou outra dinâmica com o avanço do Remo em busca do empate. Com quatro atacantes (Potiguar, Cearense, Val Barreto e Rony), o time se mantinha no campo de ataque e explorava melhor os contra-ataques. Aos 17 minutos, depois de cruzamento da direita, “Valoltelli” cabeceou e a bola foi nas mãos do zagueiro Charles. Dewson apontou o penal, que o próprio Val Barreto converteu.

Aos 35′, outra grande chance para o Remo em cabeceio de Val Barreto, mas a bola passou sobre o travessão. O último lance de área pertenceu ao Paysandu. Cruzamento de Pikachu da direita alcançou Marcos Paraná entrando livre pela direita, quase na pequena área. O chute saiu rasteiro e cruzado, mas Fabiano se redimiu na falha do primeiro tempo e espalmou a bola.

Blog do Gerson Nogueira, 23/05/2014