Tragodara
Tragodara

Em campo, um Remo que se renova exageradamente. Na diretoria, um Remo que se repete na rotatividade dos mesmos homens, com a mesma gestão arcaica e a sucessão de fracassos. O colunista levantou dados que sustentam a análise dessa contradição azulina, que explica o longo sofrimento da torcida.

O Remo está na humilhante posição de aspirante à Série D desde 2009. Nessas cinco temporadas, 196 contratações para o futebol (jogadores, treinadores, preparadores físicos, auxiliares…) feitas por meia dúzia de cartolas que se revezam no comando do clube, alguns remanescentes da década de 70, com os mesmos conceitos da “era” romântica (ou amadora!) do futebol.

Na fase do abismo, investimentos arrojados em 26 contratações em 2009, 27 em 2010, 45 em 2011, 65 em 2012, 33 em 2013. Portanto, 53 da gestão Amaro Klautau e 143 da gestão Sérgio Cabeça.

Na sucessão de fracassos, as consequentes “vassouradas” no elenco e comissão técnica, como vai acontecer mais uma vez. Esse é o Remo do gramado em permanente reforma. No entanto, em dezembro o clube manteve Sérgio Cabeça na presidência mesmo depois de um pífio primeiro mandato, simbolizando bem a mesmice crônica.

O Remo deu benemerência e cargo na direção do futebol para Sérgio Dias, que em 2008, como diretor, forçou a saída do técnico Artur Oliveira por recusar jogadores que ele queria contratar. Àquela altura o Leão precisava de um ponto para se classificar à segunda fase da Série C e evitar o rebaixamento.

Vieram o técnico Luiz Carlos Cruz e os jogadores Moré e Reinaldo Aleluia. O time degringolou e foi rebaixado ao perder em casa para o Holanda (AM) e para o Rio Branco (AC), no Acre, entrando na pior fase da sua história centenária no futebol.

Como coroamento da apologia aos falsos heróis, o Remo deu a presidência do Conselho Deliberativo para o ex-presidente executivo Manoel Ribeiro, que vendeu o Posto Azulino em 1985 para pagamento de débitos com a Petrobrás, em conseqüência da desorganização administrativa. Tenho cópia da documentação, devidamente registrada em cartório.

Citei apenas alguns dos nomes e fatos da mesmice devastadora do Leão Azul, como forma de mostrar que o sofrimento da torcida remista tem causas e causadores óbvios: omissão e falsos heróis.

O Remo encaminha o seu desmanche. O quarteto da comissão técnica (Flávio Araújo, Hélio Pinheiro, Pedro Henrique e Welinton Recife) já se desligou do clube. Agora o Leão planeja o pagamento da folha salarial de abril para começar a liberar jogadores. Quem tem contrato até o fim do ano pode rescindir ou ser emprestado a outros clubes. A ideia de empréstimo vale principalmente para Ramon e Leandro Cearense, vinculados até o fim de 2014.

Dos jogadores que o Remo recebeu para esta temporada, alguns nem são lembrados, com o meia Radamés, que veio do Acre e passou apenas alguns dias no Baenão, e o lateral Thiaguinho, que veio do Piauí e jogou apenas 45 minutos de um amistoso contra o Castanhal. O suficiente para sair de campo vaiado.

Outros “turistas” foram Tragodara e Josy. Eduardo nem estreou no Leão e foi cedido para reforçar o Paragomimas, maior rival do próprio Remo na disputa da vaga na Série D. Edilsinho voltou para o Vilhena (RO)emprestado, com o Remo pagando metade do salário do atleta durante o empréstimo.

Coluna de Carlos Ferreira, O Liberal, 08/05/2013