Clube do Remo, 1975
Clube do Remo, 1975

A lembrança mais marcante para Mesquita, do jogo entre Clube do Remo e Flamengo (RJ), pelo Brasileiro de 1975, não foi nem mesmo o seu gol, que sacramentou a histórica vitória por 2 a 1 em cima do Mengo de Zico e companhia, em pleno Maracanã. O ex-meia azulino não se esquece mesmo é do jornal local, que recebeu logo na manhã do dia do jogo. “Nós fomos treinar nas Laranjeiras (CT do Fluminense-RJ) na véspera e toda a imprensa carioca estava por lá. Quando acordei, no outro dia, um jornal local estampava que o Flamengo iria vencer por 8 a 3”, recorda Mesquita.

O jornal foi espalhado no quarto de todos os atletas da delegação azulina. Abismados com o que liam, os jogadores ainda receberam, junto com o jornal, um bilhete com um recado de Paulo Amaral, técnico da época. “Cada apartamento recebeu o jornal e um recado do Paulo Amaral, que teríamos uma reunião dali a tantas horas”, narra o ex-jogador.

Chegando à reunião com o treinador, Paulo foi irônico. “Quando chegamos, o Paulo deu uma verdadeira esculhambação na gente, como se nós fossemos os culpados. ‘Vamos embora, voltar para Belém, já que o Flamengo já ganhou!’, ele gritava. Naquele momento, aquilo mexeu com nosso brio”, assegura Mesquita. Na partida, não podia ser diferente. O Leão entrou mais do que motivado: entrou para vencer.

“Nenhum de nós arregou para o Flamengo, pelo contrário. Eles tinham um dos melhores times do Brasil, mas não estávamos com medo: entramos determinados a lutar até o fim. Se fosse para perder, íamos perder com raça. Graças a Deus, o finado Alcino fez o primeiro, o Zico empatou e eu fiz o segundo. Quando esse gol saiu, o Flamengo já estava entregue”, recorda Mesquita.

Para o reencontro de amanhã, o eterno ídolo azulino diz que não “considera nenhuma anormalidade o Remo vencer no Rio”. “Dá para acreditar. Os dois não são nem a sombra do que já foram, mas acho que se o Remo jogar com precaução e vontade, pode vencer sim”, opina o homem que já sentiu na pele essa sensação. “É indescritível. Uma sensação de dever cumprido e que todo o Estado do Pará estava com orgulho da gente: ganhamos o Flamengo dentro do Maracanã”, encerra Mesquita, enquanto pausa sua caminhada para atender a um pedido de foto. Coisas de ídolo.

Diário do Pará, 16/04/2013