Ramon
Ramon

Uma torcida pode elevar um jogador à condição de ídolo num piscar de olhos, mas também tem o poder da hostilidade. A cobrança é natural no futebol. Alguns atletas sentem mais. Outros garantem nem sentir. No Remo, o meia-atacante Ramon tem vivido momentos complicados. Foi alvo de críticas das arquibancadas, da crônica esportiva e até da desconfiança da comissão técnica azulina. Foi hostilizado, mas garante que vai conseguir algo que não é fácil: reverter a situação. Transformar as vaias em aplausos e conquistar o Fenômeno Azul.

Duramente criticado pelo desempenho abaixo do esperado e pela dificuldade de entrar em forma, o jogador acredita que já começou a dar a volta por cima. Ele entrou no segundo tempo do jogo de ida das semifinais da Taça Estado do Pará, contra o Paysandu, e procurou mostrar o máximo comprometimento com a causa remista. Participou de jogadas, tentou lançamentos e até teve a chance de fazer um gol, que acabou desperdiçada com um chute por cima da meta bicolor. Um tento que colocaria o Leão Azul em uma condição ainda mais confortável para o jogo de volta, disputado ontem.

Foi justamente por causa deste lance que Ramon saiu do Re-Pa ainda sob a desconfiança de torcedores e jornalistas. “Acredito que só perdi aquele gol justamente pela falta de ritmo de jogo. A última vez que havia tido uma chance como aquela foi no ano passado, quando estava jogando no Japão. Acho que a ansiedade do momento também atrapalhou um pouco e acabei batendo muito em baixo da bola”, justificou.

Meia precisa dar provas a cada jogo

O jogador sabe que a volta por cima é um trabalho constante. Uma vez criticado, o atleta precisa provar, a cada jogo, sua capacidade. Torcedor não perdoa. A velha cobrança pode voltar a qualquer hora. Ramon sabe bem disso, sente na pele. Admite que viveu momentos complicados desde a sua chegada ao Remo. Assume a responsabilidade por eles, mas explica que não é só isso.

“Quando cheguei, nem tive tempo para mostrar minhas qualidades. Sofri uma lesão muscular e precisei ficar quase um mês em tratamento. Quando pude treinar novamente, voltei a sentir a mesma contusão. Por isso, só agora, depois de três semanas de treinamentos intensivos e individuias, é que estou chegando ao meu condicionamento ideal. A minha característica de jogo exige que eu tenha mobilidade no campo”, contou o jogador.

O jeito foi trabalhar. Orientado pelo preparador físico Pedro Henrique e pela equipe de fisioterapia do Remo, o meia perdeu peso (fala-se em até oito quilos) e fez um trabalho específico de reforço muscular para evitar novas lesões musculares. “Treinei cada vez mais forte. Sabia que, se eles estavam cobrando, era porque precisava melhorar. Sou profissional e sei do meu potencial. Só preciso de tempo para provar que posso brilhar com a camisa do Remo”, afirmou o armador.

O Liberal, 28/04/2013