Zeca Pirão
Zeca Pirão

“Minha história com o Remo vem desde moleque. Aos 10 anos de idade, fugia de casa para ir ao Baenão e ver os jogos”, conta o empresário e vereador de Belém, José Wilson Araújo, 56 anos, mais conhecido como Zeca Pirão.

Pirão concorre na eleição pela Chapa 40, chamada “Rumo à Série B”, tendo como vice o empresário Hélder Cabral. Lembrando a época em que assistia as partidas no estádio Evandro Almeida, o candidato tem, entre as suas principais propostas, reabrir a praça esportiva azulina para jogos oficiais até o mês de março.

Zeca Pirão foi presidente do Remo entre 2013 e 2014, após a renúncia de Sérgio Cabeça, concorreu ao cargo no ano passado, mas foi derrotado por Pedro Minowa. Caso seja eleito, ele também tem como meta na sua segunda gestão o acesso à Série B do Brasileirão e o título da Copa Verde, além de apoio às categorias de base do clube remista e valorização dos sócios.

Confira, abaixo, uma entrevista com Pirão, um dos quatro candidatos à presidência do Remo:

Por que você decidiu se candidatar à presidência do Remo?

Antes de ser candidato a presidente, consultei os outros candidatos para saber se eles tinham alguma proposta concreta para reerguer as cadeiras do Baenão. Eles foram muitos positivos em dizer que não, que ainda iam fazer projetos. Quem diz isso para mim, é porque não tem vontade de ver o Baenão funcionando. Já tenho todos os projetos prontos. Nós temos, pela preocupação antes de se lançar a chapa, tudo que vai ser preciso para o Baenão. Esse foi um dos maiores motivos para ser ser candidato. Não vejo nenhum propósito dos candidatos de abrir o Baenão. Sou torcedor, sou remista, sou apaixonado e gosto de ver os jogos do Remo no Baenão. É por isso que vou fazer de tudo para que, até o começo de março, o Baenão seja aberto para o Campeonato Paraense e no dia 15/08 contará com as cadeiras e camarotes. Todo presidente que sai, outro assume e vem reclamar. Não vou fazer isso, porque sei como o Remo está, tenho consciência de tudo, de Justiça do Trabalho. Só tenho um amor, que é o Clube do Remo. Não tenho dois clubes, não beijo camisa de outro time. Também nunca declarei contra o Remo. O Remo é um filho de mais de 100 anos. Sempre estarei no clube para o que ele precisar.

Ainda falando do Baenão, por que não foi concluída a obra dos camarotes e cadeiras na sua gestão?

Quando assumi a presidência do Remo, fui para o Baenão imediatamente e fiz um levantamento, não tinha uma drenagem e hoje tem dois quilômetros de drenagem com manta, seixo e areia. Tem mais de 2 mil m³ de areia. Tem 10 mil m² de grama esmeralda. O comprimento e a largura do estádio aumentaram mais 2 metros para cada lado. Tem o muro de proteção, que é o alambrado que separa o campo dos torcedores, e hoje é de blindex com alumínio. Não tinha rampa na Almirante Barroso e construí uma. A rede de água do amador para o profissional da 25 de Setembro era toda quebrada, vazava água. Os banheiros foram todos reformulados. Compramos o ônibus. Fizemos pintura geral dentro do Remo. Uma reformulação muito grande no clube. Começamos as fundações das cadeiras e camarotes. Tem 70% das cadeiras já prontas nas fundações, então, não deu tempo de fazer tudo, já que foi feito o ginásio, a arena society, um poço artesiano que não tinha no clube. Esperava ser eleito como presidente para dar continuidade ao trabalho, mas infelizmente não fui. Agora, se os sócios me derem essa oportunidade, tenho certeza que, com esses 9 meses, vamos ter condições. Vamos iniciar imediatamente.

Outra crítica da sua gestão foram os contratos assinados com alguns jogadores que disputaram as competições de 2014. Alguns deles, como o meia Athos e o atacante Zé Soares, levaram o clube à Justiça do Trabalho e ganharam ações de R$ 400 mil cada. Faltou uma atenção maior com os contratos desses atletas?

Conversei com mais de 100 presidentes de clubes quando estava em Brasília (DF) para umas reuniões e a conversa sempre é essa, de jogadores, de contratos, de reclamações trabalhistas. Todos os presidentes vão ter este problema, por mais que o contrato esteja todo bonitinho, eles sempre acham uma brecha de prejudicar o clube, vai do caráter do jogador. Tem jogadores aqui que tinham o direito de reclamar, mas por uma conversa, receberam parceladamente. Um exemplo é o Dadá, que até hoje não entrou na Justiça por um pedido meu para ele. Sempre procurei estar conversando com os jogadores. Agora, os contratos do Remo precisam ser muito bem elaborados. Confesso que a gente pode ter pecado nessa situação do Remo, nos contratos que foram feitos. Em questão de arrependimento de ter contratado os jogadores, não tenho nenhum. Futebol não se ganha só dentro de campo, futebol é, também, nos bastidores.

Você está ciente da atual situação financeira do Remo?

Não existe clube em que o presidente não se vire e não corra atrás (de dinheiro), não existe isso. O Remo tem que pagar os jogadores, está não sei quantos meses atrasados, funcionários desde de setembro, Sub-20 desde julho que não recebem, olha a quantidade e cadê o dinheiro? Tem que ter dinheiro, sim. Nós já temos recursos para iniciar o Baenão e, assim que assumirmos no sábado (23/01), iremos pagar imediatamente os jogadores pela noite e os funcionários durante a semana.

Caso eleito, você pretende manter o planejamento iniciado pela diretoria interina com os jogadores e comissão técnica do futebol profissional?

Tudo o que faço para ser presidente, tenho que me planejar com antecedência. Nessa questão de jogadores, é algo essencial. Já venho conversando com o treinador, ele me colocou que o Remo precisa de um goleiro, um zagueiro, um lateral-esquerdo e um centroavante. Disse para o Leston que no dia 23/01, se for eleito, ele vai ter a liberdade de não só contratar, como também conversar comigo, pois tenho alguns jogadores de nome das Séries A e B que podem contribuir com o Remo. São jogadores caros, mas vão alavancar o Remo. A responsabilidade de todos jogadores é que possamos conquistar a Copa Verde e o acesso. Tenho muitas coisas conversadas com a CBF para trazer ao Remo, vários projetos.

Qual o motivo para não se ter chegado a um consenso entre as chapas que disputam a eleição?

Tentei a união das chapas, mas tínhamos pensamentos diferentes. Quando me convidaram para vir ao Remo, vou deixar bem claro, o Remo estava falido. Ninguém quis ser presidente do Remo, pois não tinha um jogo para fazer durante 9 meses. Quem é que vai pegar o clube assim? Por amor ao clube e respeito pelo Sérgio Cabeça, que foi presidente e eu era vice, resolvi assumir. Fui logo correndo atrás de dinheiro para pagar jogadores. Isso se chama amor pelo clube. Não vou entrar no clube, ser presidente só porque tem durante jogos durante um ano para se manter. Demonstrei isso na prática, aceitei o clube falido e fiz tudo que fiz.

Falta uma união maior dentro do Remo?

Com certeza. Fico assustado. Tenho 56 anos, todos os candidatos podem ser considerados novos e sempre disse para eles: “vocês são novos e poderão ter outra oportunidade de serem presidente do clube”. Pedi uma chance de 9 meses para dar conclusão no Baenão. Antes disso, fui com um empresário perguntar se ele faria essas obras com os outros candidatos, caso um deles fosse eleito, e ele disse que não, pois não confiava em nenhum deles. Não poderia deixar de ser candidato para poder fazer as obras do Baenão. O Remo é maior que tudo. A união dentro do Remo é importante. As pessoas tem que entender que no Remo, unidos, jamais seremos vencidos.

Globo Esporte.com, 22/01/2016