Novorizontino-SP 1×1 Remo (Sávio) – Foto: Raul Martins (Clube do Remo)
Novorizontino-SP 1×1 Remo (Sávio) – Foto: Raul Martins (Clube do Remo)

Com um sistema baseado nas transições rápidas e no avanço pelos lados do campo, o Remo surpreendeu a Série B nas últimas 8 rodadas. De carta fora do baralho, na 12ª colocação depois das 15 rodadas sob o comando de António Oliveira, o time voltou a jogar competitivamente, recuperando o formato utilizado no início do campeonato, quando o técnico era Daniel Paulista.

Há um nome por trás da mudança operada na equipe – o experiente Guto Ferreira, que chegou, arrumou a casa e desandou a vencer! Foram 6 triunfos seguidos, responsáveis por resgatar o Remo do bloco intermediário dos times que não mais eram cotados para o acesso.

A sequência vitoriosa tirou o Leão da página 2 da tabela de classificação, fazendo com que se recuperasse na competição e chegasse finalmente ao G4, ocupando a 3º colocação. Mais que isso, o time recuperou a autoestima e o respeito dos adversários. Enfrentar o Remo passou a ser sinal de perigo!

Ao mesmo tempo, a campanha desencadeou uma curiosa tentativa de desmerecer o trabalho desenvolvido pelo clube. É como se, por ser do Norte, o Leão não tivesse o direito de se insinuar na briga por um lugar na Série A, ao que parece reservado apenas a clubes do eixo Sul-Sudeste.

Os preconceitos contra o Norte do país são bem conhecidos e ocorrem nas mais diversas áreas de atividade. Belém, por exemplo, sofreu ataques gratuitos desde que foi designada para sediar a COP-30, a conferência da ONU sobre mudanças climáticas. A escolha soou como audácia inaceitável!

O mesmo se verifica agora com o Remo, alvejado por todos os lados por cumprir uma campanha excelente e inesperada. O time se intrometeu entre os favoritos ao acesso. Depois de alijar o Cuiabá (MT) da briga, o presidente do clube matogrossense criticou os gastos do Leão na competição.

É como se o projeto de ascensão do Remo constituísse um crime. Ora, todo clube que busca chegar à Série A precisa investir em elenco, comissão técnica e estrutura. É assim com Coritiba (PR), Athletico (PR), Criciúma (SC), Goiás (GO), Novorizontino (SP) e Chapecoense (SC), que também lutam para subir.

É também o caso do Mirassol (SP), que cumpre trajetória espetacular na Série A e está quase garantido na Copa Libertadores de 2026. Nenhum desses clubes chegou a essa condição sem gastar. Futebol é uma atividade cada vez mais dispendiosa, onde não se chega a lugar nenhum sem investimento.

Pior ainda foi a reação do técnico Enderson Moreira e do presidente do Novorizontino (SP), após o empate de sábado (08/11), insinuando favorecimento da arbitragem ao Remo no campeonato – embora não haja registro de nenhum jogo em que o time paraense tenha sido beneficiado por erros de árbitros.

Chega-se então a um duplo absurdo – o Remo é discriminado por ser um clube do Norte buscando alcançar a elite e é atacado por supostamente ser beneficiado por um “lobby de forças ocultas”. Vá entender…

Blog do Gerson Nogueira, 11/11/2025

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