Marcos Braz e Antônio Carlos Teixeira (Tonhão) – Foto: Wagner Santana (O Liberal)
Marcos Braz e Antônio Carlos Teixeira (Tonhão) – Foto: Wagner Santana (O Liberal)

O Remo começou a temporada de 2025 com heranças do ano passado, mas embalado pelo acesso à Série B, o time azulino foi ao mercado e montou um elenco de renome, focando especialmente no Campeonato Brasileiro. Deu certo – até o momento, o Leão é o 5º colocado na competição e tem, em pouco tempo, aumentado sua receita com transferências de jogadores e contratos vantajosos para a equipe, o que pode indicar uma mudança no perfil de gestão e contratações.

Só neste primeiro turno, o Remo pode ter lucrado cerca de R$ 2,9 milhões com transferências de atletas e membros da comissão técnica e gestão. Isso representa 21% do valor arrecadado durante toda a temporada de 2024, que foi de R$ 13,2 milhões, quando a bilheteria foi a maior fonte de renda.

O dado demonstra uma mudança na cultura de mercado da equipe. O time dispensou pouco e fez contratações pontuais, que podem ser mais vantajosas para o clube.

“Não há menor dúvida de que o Remo mudou o perfil. Se posicionou para fazer receita no futebol através das transações no mercado”, disse o jornalista e colunista esportivo Carlos Ferreira, que destacou que essa postura não começou apenas com a chegada de Marcos Braz, mas com Sergio Papellin.

“Para mim, o ponto é esse. Quando o Remo contratou Pedro Rocha e Felipe Vizeu, os dois com 30 e 27 anos, respectivamente, mas com histórico de grandes clubes no currículo, o Remo colocou multa rescisória de R$ 12 milhões para Vizeu, que até agora é uma negação, mas acertou em cheio no Pedro Rocha, com uma multa rescisória de R$ 30 milhões. Nunca existiu isso aqui no futebol do Pará”, apontou.

O jornalista destacou que o fato do clube ter adotado essa postura logo no início da temporada mostra que houve planejamento.

Nesta janela de transferências, o time fez duas negociações “grandes”. A primeira, foi a saída do atacante Adailton, que atuou em 30 jogos com a camisa azulina, marcou 6 gols e deu 3 assistências. O jogador retornou ao futebol asiático, para o Yokohama FC (Japão), que pagou aproximadamente R$ 1 milhão pela contratação.

Em seguida, a equipe confirmou a transferência de Maxwell para um clube da Indonésia. Conforme informações divulgadas pelo jornalista Abner Luiz, a transação rendeu R$ 300 mil para os cofres do Remo.

Além disso, o Leão recebeu R$ 1 milhão pela saída do executivo Sérgio Papellin para o Fortaleza (CE), e mais cerca de R$ 600 mil por Daniel Paulista e membros da comissão técnica, que foram para o Sport (PE).

Braz já atuava nos bastidores azulinos e, com a saída surpreendente de Papellin, o Remo oficializou a contratação do dirigente. Para Carlos Ferreira, a chegada do empresário “mudou a forma como o Remo é enxergado no mercado”, facilitando algumas transações para a equipe.

“Ele (Marcos Braz) tem a vivência que o Papellin já tinha, mas uma outra dimensão, com contatos muito mais elevados, com a expressão de quem foi grande no Flamengo (RJ). Isso facilitou algumas transações já feitas pelo Remo este ano”, analisou o jornalista.

Todo esse movimento e crescimento fez com que o valor de mercado do clube aumentasse 317,4% em relação ao início da temporada. Segundo o site especializado TransferMarkt, o elenco azulino vale cerca de 15,5 milhões de euros, quase R$ 100 milhões na cotação atual.

Desde 2024, o Remo começou a se reorganizar para estruturar o time. O presidente Antônio Carlos Teixeira contratou André Silva para o cargo de CEO, com a função de comendar a gestão do clube e dar continuidade ao trabalho iniciado com Papellin na Série C.

Carlos Ferreira destacou que o que confirma que o Remo “acordou” para o mercado foi passar a adquirir os direitos econômicos dos atletas, como o zagueiro argentino Ivan Alvariño, o lateral-esquerdo paraguaio Alan Rodriguez e o atacante Matheus Davó.

“Você tem 3 contratações de jogadores que chegaram como ativos do Remo. Conforme as informações que tive, Marrony também está em uma condição de o clube ter os direitos totais ou parciais do atleta. O Remo está aprendendo a fazer negócio e entendendo que ganhar dinheiro no futebol não é só com patrocínio, com bilheteria, com sócio-torcedor, mas também nessas transações de mercado, o que também significa muito nisso”, concluiu o colunista.

A nova estratégia e postura têm feito o Remo colher os frutos na Série B que, mesmo com a instabilidade após a saída de Daniel Paulista, têm dado certo. A equipe briga sempre na parte de cima da tabela e sonha com o acesso à elite do futebol brasileiro.

O Liberal.com, 03/08/2025

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