Até o começo de novembro, a situação no Clube do Remo era bastante calma, com a conquista do acesso à Série C, depois de 7 anos de tentativas. De repente, o clube virou um caos. O roubo de R$ 423 mil na sede social, ainda não esclarecido; as renúncias de Pedro Minowa e Henrique Custódio; a dispensa do técnico Cacaio; a eleição presidencial com data indefinida são problemas que atormentam os torcedores.
A declaração de Sérgio Dias, diretor de futebol, que afirmou que “o Remo é um clube que não tem campo, não tem presidente e não tem treinador” mostra a realidade do bicampeão paraense. A preocupação do cartola é em função da demora na montagem do novo time para a disputa do Campeonato Paraense, previsto para o final do mês de janeiro. “O Remo é muito complicado, briga com ele mesmo”, disse.
Sérgio Dias pensou em se lançar candidato à presidência azulina, entretanto, foi aconselhado pelos amigos a “não entrar em uma fria”. Assim, Dias vai continuar somente como colaborador. Está no basquete adulto, na batalha pelo bicampeonato estadual.
Por enquanto, o Remo tem apenas 3 jogadores com contratos renovados: goleiro Fernando Henrique, zagueiro Ciro Sena e atacante Léo Paraíba. Do elenco de 36 atletas da Série D, a maioria foi embora e não volta mais. Outros estão em via de negociação, como são os casos de Chicão, Ilaílson, Max, Henrique, Alex Ruan, Levy e Eduardo Ramos, este o caso mais complicado a ser resolvido pela cartolagem.
Mesmo tendo um pré-contrato assinado, está difícil a permanência para a temporada do próximo ano, devido aos altos salários. A proposta do futebol chinês é muito superior ao que recebe atualmente. Em tempo de crise, Eduardo Ramos reduziu duas vezes seu salário no clube.
O caso maior de maior preocupação é com a indicação do sucessor de Cacaio, técnico campeão paraense, vice da Copa Verde e responsável pela conquista da vaga ao campeonato da Série C. Com todo esse currículo, Cacaio não conseguiu se manter no cargo, como era do seu gosto. Não aglutinou as opiniões dos cartolas e acabou liberado pela diretoria azulina, leia-se Manoel Ribeiro.
Cacaio acusou um diretor – não citou nome – de armar contra ele e, por isso, acabou dispensado. O substituto do técnico permanece sob sigilo. Os nomes anunciados, ou agendados, não são confirmados pelo presidente Manoel Ribeiro, que é quem decide pela contratação, pois todo assunto do futebol, conforme ele próprio declarou, precisa ter sua aprovação.
O clube está devendo o mês de outubro e parte de setembro para os jogadores. Com pouca receita, está com dificuldades em efetuar o pagamento. Quase todos os dias tem jogador indo à sede atrás de receber seus atrasados. Além disso, o Remo não pagou a cota da Federação Paraense de Futebol (FPF) referente ao jogo com o Operário (PR) no Mangueirão. O valor é de R$ 101.280,00. Também não recolheu os impostos do INSS.
Na Justiça do Trabalho, o maior credor individual do Remo é o ex-jogador Thiago Belém, com R$ 1.634.934,04. A dívida azulina com a Justiça trabalhista soma o montante de R$ 13.268.870,00.
Amazônia, 22/11/2015