O Remo aos poucos vai caindo na real e compreendendo a dimensão exata de sua situação. Antes tarde do que nunca. Depois de perder um precioso tempo em busca de uma vaga na Série D, percorrendo caminhos obscuros e acreditando em falsas promessas, o clube põe os pés no chão e parte para uma reformulação administrativa há muito esperada – e necessária.
As escolhas do presidente Zeca Pirão, anunciadas desde a semana passada, abrem novas perspectivas para o futuro imediato do clube. Pelos próximos cinco meses, o Remo dará a oportunidade aos cinco novos gestores (Futebol, Marketing, Sócio-Torcedor e Sede Social, Base e Estádio) para exercitarem a criatividade e a capacidade de empreender mudanças.
Todos são profissionais liberais que engrossavam as hostes de oposição do clube. Protestavam nas ruas, criticavam a diretoria e pediam a saída do então presidente Sérgio Cabeça. Hostilizavam o Conselho Deliberativo e exigiam eleições diretas. Ao mesmo tempo, apresentavam propostas para mudar o Remo.
Pirão, atento à movimentação política no clube, decidiu partir para um lance inesperado. Convidou os líderes da oposição para assumirem cargos no clube. Lançou um desafio e os cinco aceitaram. Acerto do presidente em abrir as portas do clube ao novo e reação coerente e madura por parte dos ex-carbonários.
Em entrevista ao programa Bola na Torre, domingo à noite, o diretor de Futebol Tiago Passos respondeu a esse questionamento, que é feito por setores da oposição mais radical. Segundo ele, as restrições à diretoria se concentravam na figura de Sérgio Cabeça e atos administrativos ordenados por ele.
Com o afastamento de Cabeça, caiu por terra o grande empecilho para o grupo se unir à diretoria, engajando-se ao esforço para reerguer o Remo. Acrescentou, ainda, que entre permanecer protestando nas ruas e arregaçar as mangas para ajudar o clube prevaleceu a segunda opção.
Como o Remo de hoje é um barril de pólvora, surgiram críticas vindas de direções variadas à iniciativa do presidente em abrir a gestão. Pura bobagem. Pirão pode até ser criticado por outras decisões (e a coluna já o criticou algumas vezes), mas desta feita acertou em cheio. Não há caminho mais democrático do que dividir o poder, partilhar responsabilidades e delegar tarefas.
Os novos executivos do clube têm entusiasmo, responsabilidade e compromisso até mesmo com seus pares. Acredito que irão contribuir bastante para que o clube deixe o atoleiro em que se encontra.
A simples preocupação em levantar o real valor da dívida e checar a quantidade de funcionários já significam avanços importantes. Aliás, pela grita de alguns setores, já dá para desconfiar que começam a contrariar interesses. O que, para o Remo, é muito bom.
Esperança “verde” para o Leão
Proposta da Federação Amazonense de Futebol, a primeira edição da “Copa Verde” pode tirar o Remo da inatividade no segundo semestre. A competição teria 16 clubes (12 dos seis Estados amazônicos e mais quatro de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul) e aconteceria de outubro a dezembro deste ano.
Como neste ano a Copa teria caráter experimental mas com ajuda da CBF, a indicação dos representantes teria que contemplar tradição, títulos e torcida. Nesse sentido, a dupla Re-Pa já estaria assegurada. Apesar disso, levando em conta os humores da FPF, cabe aos dirigentes azulinos se apressarem.
Blog do Gerson Nogueira, 23/07/2013