Torcedores foram à sede social do Remo para conhecer os projetos do novo núcleo administrativo do clube azulino
Torcedores foram à sede social do Remo para conhecer os projetos do novo núcleo administrativo do clube azulino

A apresentação das contas do primeiro mês da nova gestão foi a melhor notícia deste segundo semestre no Remo. Os números mostrados na terça-feira (30/07) à noite são até negativos, mas a atitude é bastante positiva. Representa um excepcional reforço no principal ativo de uma administração: a confiança de associados e torcedores.

Reconquistar o apoio da comunidade azulina deve ser prioridade máxima para os novos gestores. Assumiram missão de alto risco em momento particularmente ingrato, com o futebol em baixa e as contas em alta. É, porém, uma oportunidade única para que os dirigentes mostrem criatividade e comprometimento.

Os projetos anunciados, que a essa altura podem até parecer fantasiosos e frutos da empolgação, têm boas chances de êxito. A reativação da vida social, através de eventos na sede do clube, pode contribuir para a reaproximação dos sócios e ao mesmo ajudar a combater a inadimplência.

Outra boa ideia é a série de eventos anunciados para o estádio, acrescentando atrações aos jogos amistosos programados para o semestre. É uma maneira modesta, mas eficiente, de turbinar os ganhos do clube na única atividade que pode envolver a massa torcedora.

A realização dos jogos da Copa Norte Sub-20 funcionará como teste para essa proposta da diretoria. A abertura, amanhã à noite no Baenão, já está cercada de expectativa. O torcedor foi convocado a prestigiar pagando ingresso (R$ 5) e o clube fez sua parte. Contratou jogadores (Kenia e Jader) para reforçar o time. É a primeira medida no sentido de resgar o interesse do torcedor.

A presença de remanescentes do time que disputou o Parazão também deve contribuir para a campanha remista na Copinha. Alex Ruan, melhor lateral-esquerdo do campeonato, o atacante Jayme e os zagueiros Yan e Gabriel são peças conhecidas, fazendo do torneio um evento interessante para uma torcida que vivia saudosa de seu time.

São providências modestas e de alcance limitado, mas deixam a impressão de que o clube está de fato sob nova administração. Para que essa percepção chegue ao torcedor e convença os associados será necessário que a diretoria não se perca pelo caminho. A transparência da prestação de contas é item fundamental a essa altura, bem como a preocupação em sanar débitos com os funcionários. No futebol, o caminho da redenção em campo começa pelos ajustes administrativos.

Em busca de um resgate histórico

Outra frente, não menos importante, começa a ser contemplada pela diretoria do Remo: a valorização da história do clube. Isto pode ser observada na decisão de reivindicar junto à Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) o reconhecimento pela conquista do Mundialito de Clubes da Venezuela de 1950.

A competição foi disputada em Caracas e, à época, tinha a importância e o destaque de um torneio continental. A própria Taça Libertadores da América se originou do Mundialito, oficialmente denominado de Taça Ministério de Obras Públicas da Venezuela.

O esforço pelo resgate da conquista é do benemérito Orlando Ruffeil, encarregado de juntar documentos que comprovem a façanha azulina em gramados venezuelanos. Na parte prática, o clube vai solicitar à Federação Paraense de Futebol (FPF) e à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) apoio para que a Conmebol reconheça oficialmente o título.

Além das questões de mérito, os azulinos vislumbram a chance de vir a ser o único clube do Norte a ostentar de um título reconhecido pela Conmebol. Seria, sem dúvida, uma tremenda injeção de autoestima procedente do passado para um clube que não tem conquistas recentes.

Blog do Gerson Nogueira, 02/08/2013