O clima no Remo pesou após a derrota por 3 a 1 diante do Paysandu, domingo, no Mangueirão. Os jogadores se reapresentaram na tarde de ontem no Baenão após o revés diante do maior rival, pela quarta rodada da Taça Estado do Pará, para iniciar os preparativos com vistas ao confronto diante do Paragominas, quinta-feira, às 20h30, na Arena Verde. Antes, tiveram que enfrentar as cobranças da diretoria e do técnico Flávio Araújo, além da pressão da torcida.
Após a fraca atuação no Re-Pa e declarações duras do treinador criticando a falta de aplicação tática do time, os jogadores se reuniram por mais de uma hora para lavar a roupa suja. Na conversa, o Araújo cobrou mais união e atitude do time azulino. As cobranças não pararam por aí. Após a reunião, os jogadores foram até uma academia particular no bairro de Nazaré, para realizar exercícios físicos.
Chegando ao local, foram “recepcionados” por um pequeno grupo de torcedores que realizou um ato pacífico de protesto. Gritando palavras de ordem e empunhando faixas com frases como “Esse é meu vício”, os torcedores atiraram alguns punhados de pipoca e galinhas de borracha na entrada da academia.
Assustada com a demonstração de insatisfação dos torcedores, a diretoria remista tratou de solicitar a presença da Polícia Militar. Na volta ao Baenão, a delegação azulina ainda tomou um susto. Uma bomba foi atirada no estacionamento interno do estádio no exato momento em que os atletas desembarcavam do ônibus, mas a presença de uma guarnição da Rotam no portão da Toca do Leão evitou que o protesto se repetisse.
O técnico Flávio Araújo, que acompanhou a atividade, também foi muito cobrado pelos torcedores. Eles exigiam alterações na equipe titular já para o jogo contra o Paragominas e a volta ao esquema 3-5-2, deixado de lado pelo comandante remista nas duas últimas partidas. Entre os jogadores, o mais hostilizado foi o lateral-direito Rodrigo Guerra, que chegou a se irritar com os gritos pedindo sua saída do time. Ele tentou sair da academia para confrontar os torcedores, mas o goleiro Dida conseguiu impedi-lo.
Apesar do ambiente tenso, o zagueiro Carlinhos Rech considerou normal a manifestação pacífica da torcida. O capitão remista revelou ainda que os atletas já esperavam por uma situação semelhante. “Sabemos que com a derrota sempre vem uma cobrança, principalmente pela forma que a partida foi. Mas, claro, isso não pode extrapolar, até para não afetar o psicológico dos jogadores porque já temos um jogo no meio de semana. Já imaginávamos que iria ter esse protesto, até pela grandeza da torcida do Remo. Isso é normal porque eles querem o nosso bem. A cobrança tem que ser verbalmente para não ter problema com a integridade de ninguém”, ponderou.
No entanto, o defensor confessou que o elenco azulino sentiu muito a derrota no clássico. Por isso, ele acredita que uma vitória sobre o Paragominas, fora de casa, será fundamental para que este “abatimento” seja superado. “O jogo deu um abatimento no elenco. Não podemos falar que está tudo bem. Apesar disso, o bom do futebol é que sempre tem o amanhã. Hoje nós conversamos sobre o jogo, tiramos tudo a limpo e já começamos a corrigir os erros que tivemos no sistema defensivo, meio e ataque, já que todos não funcionaram nos 90 minutos. Vamos procurar já nesse jogo contra o Paragominas reverter tudo isso, sabemos que uma vitória acaba amenizando isso”, argumentou.
O Liberal, 19/03/2013