Samir Xaud – Foto: Divulgação (CBF)
Samir Xaud – Foto: Divulgação (CBF)

A temporada de 2026 marcará não apenas o retorno do Clube do Remo à elite do futebol brasileiro, mas também a estreia de um novo ambiente regulatório.

A Série A será disputada já sob a vigência plena do Sistema de Sustentabilidade Financeira (SSF) da CBF, o chamado “Fair Play Financeiro”, que passa a impor limites claros de gastos, solvência e transparência aos clubes.

Diferentemente das divisões inferiores, em que há períodos de adaptação, a Série A entra diretamente no regime completo do programa, sem carência. Isso significa que o Remo, ao voltar à elite, precisará comprovar desde o início que sua estrutura financeira está alinhada às novas regras.

De olho nessa nova realidade do futebol brasileiro que será aplicada ao Leão a partir do 1º dia do próximo ano, o ex-CEO azulino André Alves, que passará a atuar como consultor do clube, já declarou que o Leão está trabalhando com foco total na adequação ao novo sistema, inclusive com reflexos diretos no orçamento de 2026. Segundo ele, o planejamento financeiro do Remo já nasce alinhado ao Fair Play.

“Nosso orçamento vai vir adequado ao Fair Play Financeiro. As regras de gastos já estão consideradas e a dívida que a gente vem renegociando será trazida para dentro do ano de 2026”, afirmou.

Sua fala indica uma mudança relevante de postura em relação a ciclos anteriores, quando clubes recém-promovidos frequentemente apostavam em investimentos acima da capacidade financeira para tentar se manter na elite.

André Alves também destacou que o Remo acompanha de perto a construção do SSF nos bastidores e citou a interlocução com Ricardo Gluck Paul, vice-presidente da CBF e presidente da Federação Paraense de Futebol (FPF), que atua diretamente na liderança do projeto.

“Tenho conversado muito com ele nos bastidores. A condução do Fair Play está sendo muito bem feita dentro da CBF”, disse.

Essa proximidade institucional ajuda a explicar por que o Remo busca se posicionar como um dos clubes que pretendem aderir de forma ativa – e não apenas reativa – ao novo modelo. Com isso, o Leão dá demonstrações de que o ingresso ao grupo de elite do Brasil não trará apenas benefícios, mas também responsabilidades com as quais o clube demonstra estar alinhado.

Por fim, é importante ressaltar que o Remo esteve entre os 36 clubes brasileiros que participaram do Grupo de Trabalho (GT) que auxiliou a CBF no estabelecimento das normas do Fair Play Financeiro que será seguido pelo futebol brasileiro.

“Vamos nos adequar aos critérios que a CBF está colocando e vamos juntos. Acho que ajuda quanto mais você tiver regras para trabalhar a gestão do clube, trabalhar bem o recurso. A CBF está indo em um caminho bacana. Se cada clube fizer sua parte, a coisa pode dar certo”, concluiu Alves.

Para clubes como o Remo, que chegam à elite após um processo de crescimento recente, o Fair Play Financeiro também funciona como um marco de maturidade institucional. Não haverá espaço para alegar desconhecimento ou pedir prazo adicional – a fiscalização começa imediatamente.

Diante disso, o retorno do Remo à Série A em 2026 acontece sob um novo paradigma. Além de competir contra adversários mais estruturados tecnicamente, o clube precisará mostrar capacidade de gestão, disciplina financeira e transparência.

Se cumprir o que promete no discurso, o Leão pode se apresentar como um exemplo de clube que cresce esportivamente sem romper limites financeiros. Caso contrário, o Fair Play Financeiro tende a se tornar um obstáculo adicional em um campeonato em que errar fora de campo custa tão caro quanto errar dentro dele.

No novo futebol brasileiro, a elite não será ocupada apenas por quem joga melhor, mas por quem consegue se sustentar melhor.

Diário Online, 24/12/2025

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