O Remo vive um ótimo momento na Série B do Campeonato Brasileiro. A equipe paraense emplacou 4 vitórias consecutivas a maior sequência de triunfos do clube na competição. Os resultados deixaram o Leão apenas 1 ponto do Goiás (GO), que abre o G4 – a zona de acesso à Série A.
O executivo de futebol Marcos Braz destacou que a vitória no clássico contra o Paysandu foi importante, mas reforçou que o foco da equipe segue total no acesso à elite do futebol brasileiro.
Considerado o “homem forte do futebol azulino”, Braz pediu pés no chão aos jogadores, mesmo com a boa sequência. Segundo ele, o momento é positivo, mas o objetivo do clube vai além.
“Essas 4 vitórias não colocam a gente na história do Remo. O que vai deixar é o acesso. Deixamos claro para os jogadores que não ganhamos nada. Claro que a festa foi grande, porque vencemos o rival, mas deixamos claro pra eles que precisamos seguir com bastante foco nos nossos objetivos. Tenho 2 objetivos aqui – o acesso e a estruturação dos processos e protocolos do dia a dia”, afirmou.
Com 51 pontos, o Remo ocupa a 6ª colocação, mesma pontuação da Chapecoense (SC), que está em 5º lugar, levando vantagem no número de vitórias. O próximo compromisso do Leão na Série B será neste sábado (18/10), às 20h30, no Baenão, diante do Athletic (MG).
O executivo comentou sobre a escolha do estádio e ressaltou a importância simbólica e técnica do Baenão para o clube. Ele relembrou sua primeira visita ao local, ainda no início do ano, antes mesmo de ser contratado, destacando que o Evandro Almeida é um verdadeiro trunfo do Leão.
“Baenão foi uma paixão à primeira vista. Vim aqui em janeiro para visitar um amigo e fui convidado a conhecer o Remo. Sabedor do que era a torcida, vi que aquilo era nitroglicerina pura, se for usada corretamente. Acho que o Baenão é o 13º jogador, porque o 12º é a torcida. Conheço outros estádios, sem fazer comparação, mas que também são ‘caldeirões’. Conheço a Bombonera (Boca Juniors-ARG), o estádio do River Plate-ARG (Monumental), o El Cilindro (Racing-ARG). Posso dizer que o Baenão cheio é diferente, faz o adversário ficar desconfortável. Ali, com 13 mil, 14 mil pessoas, vamos fazer pressão o tempo todo. Existe uma decisão técnica de querer jogar lá”, afirmou Braz.
O dirigente azulino reforçou ainda que o clube seguiu o planejamento de melhorias estruturais do estádio, com foco em otimizar espaços e oferecer melhores condições de trabalho, sem comprometer as finanças.
“Desde que a gente chegou, já havia uma programação de reforma. Aceleramos os processos, colocamos a parte administrativa de um lado e a esportiva de outro, sem gastar muito dinheiro, para que os funcionários possam trabalhar de forma mais confortável”, explicou.
A Série B do Campeonato Brasileiro entrou na reta final e o Remo segue firme na luta pelo acesso à elite nacional. Nesse momento decisivo, o elenco faz a diferença e cada contratação pode ser determinante para definir o futuro azulino. Marcos Braz comentou sobre o planejamento de reforços realizado para a sequência da competição e destacou o equilíbrio entre experiência e juventude na montagem do grupo.
Braz reconheceu que o processo de reformulação do elenco foi desafiador e que enfrentou críticas, especialmente em algumas contratações pontuais, como a do lateral-esquerdo Jorge, que estava sem atuar havia algum tempo. O dirigente explicou a estratégia adotada e ressaltou a confiança no trabalho de observação feito antes da chegada do jogador.
“Um ponto que acho que foi muito difícil foram as contratações. Fizemos 16 contratações e 13 liberações, sendo 2 vendas importantes para os nossos cofres. O que ouvi após a contratação do Jorge foi demais, mas sabia o que ele vinha fazendo de treinamento. Conhecia o nível do Jorge dentro do Boavista (RJ), onde ele estava treinando. Sabia como ele estava, por isso contratei”, contou.
Segundo o executivo, o objetivo foi montar um grupo competitivo, mas também fisicamente equilibrado. Para isso, o clube apostou em atletas jovens, que pudessem dar fôlego à equipe durante a maratona da Série B, mesclando nomes mais rodados com promessas em ascensão.
“Panagiotis foi jogador de Copa do Mundo. Ele tem um biotipo que desfavorece quem está com pouco ritmo de jogo, mas fomos ao máximo do que podíamos. Também trouxemos jogadores com idades diferentes do que ocorria antes, Nico (Ferreira, 23 anos), Diego (Hernandez, 24), Kayky (21)”, afirmou Braz.
Responsável por comandar o Departamento de Futebol do Remo, o executivo comentou sobre a passagem do técnico português António Oliveira. Um período que, segundo parte da torcida, foi considerado um “tempo perdido”. O dirigente defendeu as decisões tomadas à época e destacou o esforço que fez para trazer o treinador europeu ao Leão, além de contextualizar as dificuldades enfrentadas no processo de transição.
Braz iniciou a análise com um levantamento sobre a rotatividade de técnicos no clube na última década e reforçou que o problema vai muito além de resultados em campo. Segundo ele, o Remo precisa de estabilidade e continuidade para fortalecer o projeto esportivo.
“Nos últimos 10 anos, o Remo teve 29 técnicos. Se você fizer uma análise, na maioria desse tempo, o clube jogou a Série C, que é uma competição mais curta. Ou seja, o Remo teve uma média de um técnico a cada 2 meses e meio. Isso é razoável? Não. Minha análise sobre técnico não é só resultado, é dia a dia”, apontou.
O executivo explicou ainda as circunstâncias que o levaram à contratação de António Oliveira após a saída de Daniel Paulista e revelou que o treinador português foi, desde o início, sua primeira opção.
“Na época do Daniel, acordei um dia sem técnico. Tinha acabado de chegar, fiz um esforço enorme para que a gente trouxesse um treinador. António sempre foi a primeira opção. Consegui apresentar o projeto e convencer. Tivemos jogos fora com bom aproveitamento, mas em casa os resultados foram ruins, com números de time rebaixado”, reconheceu.
Braz destacou que o trabalho de António Oliveira teve pontos positivos, especialmente no desempenho fora de casa, mas admitiu que os resultados jogando em Belém e a pressão da torcida pesaram na decisão pela troca de comando. O executivo ressaltou também que a mudança só foi feita quando havia um substituto ideal disponível no mercado.
“Se tirasse o António, quem ia entrar? Guto estava no Cuiabá (MT), empregado. Guto, quando o António saiu, foi sempre a nossa primeira opção. A gente só trocou de técnico quando teve certeza de quem trazer”, completou.
Com a chegada de Guto Ferreira, o Remo engatou uma sequência positiva e entrou de vez na briga pelo acesso à Série A.
Além dos assuntos de campo, o executivo revelou que o clube vai encerrar o ano com todas as contas do futebol quitadas e garantiu o melhor resultado financeiro da história azulina, mesmo se não conquistar o acesso.
“O Remo, até 31/12, vai pagar tudo que for relativo a este ano. Como o campeonato acaba em 22/11, deixei um mês de margem para equacionar tudo”, afirmou.
O dirigente, multicampeão com o Flamengo (RJ), assinou contrato com o Leão até o fim de 2025, mas disse que a permanência independe da Série em que o clube estará.
“Minha permanência no Remo independe de onde o clube esteja no ano que vem. O importante é seguir o planejamento”, completou o dirigente.
Sobre as obras no CT de Outeiro, Braz revelou que 2 ou 3 campos devem ser entregues no início da próxima temporada.
“Estamos trabalhando para isso. O Remo não é só futebol, é gestão, estrutura e planejamento. Mesmo se tudo der errado dentro de campo, ainda assim teremos o melhor resultado financeiro da história. Isso mostra que o clube aprendeu a pensar grande”, concluiu.
Marcos Braz foi contratado em maio de 2025 para o cargo de executivo de futebol do Remo. Antes, o dirigente teve atuação destacada no Flamengo (RJ), entre 2018 e 2024, sendo responsável por montar o grande time de 2019, comandado pelo técnico português Jorge Jesus, que conquistou 5 títulos em um período de cerca de 6 meses.
Marcos Braz esteve envolvido ao todo em 12 títulos no período e deixou o clube carioca quando Rodolfo Landim, então presidente e candidato da situação, perdeu a eleição para Luiz Eduardo Baptista, atual mandatário do clube.
O Liberal.com, 16/10/2025