Pelos incidentes violentos em Bragança, na partida contra o River (PI) pela Série D, o Remo corre o risco de pegar um gancho pesado. Procuradoria do STJD, rápida que nem o “papa-léguas”, já denunciou o clube, que pode perder de 1 a 10 mandos de campo, mais multa de até R$ 200 mil. O Departamento Jurídico remista vai apresentar defesa, munindo-se dos boletins de ocorrência das prisões e acusando torcedores rivais de terem participado da escaramuça. Ainda assim, como reincidente, o Remo tem largas chances de ser condenado.
O simples desassossego provocado por mais um embate no STJD já é motivo que justifica a decisão de banir dos jogos do clube sua maior e mais violenta facção uniformizada. O ocorrido em Bragança, quando torcedores comuns foram apedrejados e agredidos nas arquibancadas, repetiu apenas as cenas corriqueiras verificadas nos estádios de Belém, responsáveis pela farta lista de punições impostas ao clube nos últimos anos.
A decisão corajosa da diretoria e do Departamento Jurídico encontrou pleno respaldo da torcida do clube, que se manifestou nas redes sociais apoiando a proibição oficializada através de portaria. A providência já se fazia necessária há muito tempo, mas os dirigentes merecem aplausos pela coragem. Alguém tinha que dar um freio nisso, sem depender de ações da Polícia ou da Justiça.
Caso seja contabilizada em dinheiro, a série de suspensões de mando de campo já custou ao Remo mais de R$ 12 milhões somente nos últimos 5 anos. Na atual Série D, o clube deixou de arrecadar cerca de R$ 2,5 milhões com os 4 jogos como mandante da primeira fase. Condenado por ocorrências do ano passado, o Remo viu-se forçado a realizar suas partidas em Bragança. Pois nem lá, a 211 quilômetros de distância de Belém, os delinquentes deram trégua à agremiação.
Depois de marcar o “quebra-pau” via Facebook, sem que as forças de segurança se dignassem a armar um esquema preventivo, os turbulentos invadiram o estádio Diogão dispostos a fazer o que mais apreciam: brigar entre si e contra gangues inimigas. Em meio a isso, os torcedores normais tentavam se abrigar dos morteiros e pedras atiradas de um lado a outro. O jogo parou por mais de 10 minutos e o episódio foi detalhadamente relatado na súmula pela arbitragem.
O ocorrido funcionou como a gota d’água que faltava para a tomada de posição pela diretoria. Cansada dos prejuízos acarretados pela principal gangue uniformizada vinculada ao clube, decidiu proibir a presença de seus integrantes no jogo do próximo domingo, contra o Brasiliense (DF), e nos demais que realizar em Belém pela competição – isso se não for condenado a jogar longe de casa outra vez.
O desprendimento dos dirigentes merece todos os elogios e precisa ser claramente respaldado pela torcida azulina, como já fazem os torcedores de Sport (PE) e Cruzeiro (MG), clubes que também cansaram de conviver com o inimigo interno.
Blog do Gerson Nogueira, 26/09/2014