Recebido como um herói por milhares de torcedores do Clube do Remo, de Belém do Pará, o atacante pernambucano Flávio Caça-Rato conheceu seus novos parceiros de equipe e, entre eles, o meia Ratinho, remanescente da temporada passada.
Entre uma entrevista coletiva e outra, no meio de autógrafos e fotos oficiais, os dois encontraram tempo para se cumprimentar e deixar claro, entre gargalhadas, que um não vai caçar o outro e o outro não vai se esconder do um – até porque o Remo está acima de qualquer rivalidade que seus apelidos possam sugerir.
Ratinho, um meio-campista ofensivo, terá como principal função em campo deixar Caça-Rato na cara do gol. Caça-Rato, ídolo no Santa Cruz (PE), chega a Belém como a grande esperança da torcida de um clube centenário e tradicional, que lutará para se classificar à Série D do Campeonato Brasileiro.
“Cheguei e fui logo falar com ele”, disse o simpático pernambucano sobre o encontro com Ratinho. “Foi engraçado. O pessoal começou a perguntar como vai ser um time com a gente jogando junto. O importante é dentro do campo funcionar”, contou.
Caça-Rato ganhou esse apelido aos 13 anos porque gostava de caçar roedores com um estilingue. Ratinho, natural do Paraná, ganhou o seu por causa do pai, conhecido como “Preá”, outra espécie de roedor.
No Remo, Ratinho tem história. Foi campeão paraense e referência da equipe em 2008, quando ganhou o carinho da torcida por gestos como o de beijar a estátua de um Leão Azul (mascote do clube) que ornamenta o gramado do estádio remista.
Caça-Rato jogará apenas pela segunda vez na capital paraense. Em 2012, ele enfrentou o Paysandu atuando pelo Santa Cruz (PE), mas não fez gol. Na ocasião, jogou contra o lateral Yago Pikachu – mais um apelido inspirado em um roedor (fictício, o quarto dessa história!).
“Estou louco para começar a jogar bola e responder o carinho dessa torcida”, disse Caça-Rato. O carinho da torcida apaixonada foi demonstrado já na noite de quarta-feira (07/01), quando centenas de pessoas foram receber o atacante no aeroporto. No dia seguinte, outros milhares encheram as arquibancadas do estádio do Baenão para a apresentação oficial.
“Olhei para aquela galera e fiquei perguntando: ‘Será que virei o Neymar e não estou sabendo?'”, brincou Caça-Rato, que pretende levar mulher e filho para junto de si em sua nova aventura amazônica. O contrato com o Remo é de 1 ano.
[colored_box color=”yellow”]Mucura
Ainda existe um quinto roedor nesse conto zoológico: a mucura!
Mucura é como os habitantes da Amazônia chamam um animal parecido com o gambá (alguns dizem que é o próprio gambá), um ratão grande, feio e fedorento. Por razões clubísticas, mucura é como os torcedores do Remo se referem maldosamente aos do rival Paysandu. Assim, antes mesmo de desembarcar em Belém, Flávio Caça-Rato virou Flávio Caça-Mucura!
Se o novo nome vai vingar, só o tempo vai dizer. O primeiro clássico Re-Pa vai acontecer já no Campeonato Paraense, em algumas semanas. No ano passado, mesmo em divisões diferentes do Brasileirão, as duas equipes se enfrentaram diversas vezes, entre o Estadual e a Copa Verde.
É no clássico Re-Pa, um dos mais importantes do mundo, onde tradicionalmente se descobre quem são os homens e quem são os ratos. Ou quem são os dois.[/colored_box]
UOL Esportes, 09/01/2015