O incidente entre torcedores do Remo e a Polícia Militar no estádio Diogão ainda está na cabeça dos jogadores azulinos. Além de lamentar o ocorrido, que poderia ter tido proporções ainda maiores pela presença de mulheres e crianças assistindo ao jogo nas arquibancadas, o grande medo do clube é que os atos de violência sejam transformados em nova punição pesada no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), com a perda de mais mandos de campo.
No elenco, as opiniões se dividem. Para o atacante Leandro Cearense, que assistiu tudo de dentro do gramado do Diogão, o problema não é o excesso de cobrança dos torcedores junto aos atletas, mas quando isso é revertido em violência. O centroavante, no entanto, preferiu não entrar em detalhes sobre a situação e espera apenas que a diretoria evite um prejuízo maior ao clube.
“Não gosto muito de falar sobre isso, porque se falar alguma coisa aqui, eles (torcedores) podem interpretar outra coisa. Eles apoiam, não param de gritar, a própria ‘Torcida Remista’ vem direto apoiando a gente, mas têm horas que eles têm os erros deles. Aquelas confusões alí. Não sou nem a favor, nem contra quem estiver lá para apoiar a gente, só sou contra essa violência. O caso foi feio, ver aquilo, crianças, mulheres, mas vou deixar esse assunto para a diretoria, que eles vão resolver, com certeza”, afirmou Leandro Cearense.
O volante Michel Schmöller, por outro lado, foi mais incisivo. O Remo disputou toda a primeira fase da atual Série D longe de Belém, em cumprimento de punição do STJD por conta de objetos arremessados na direção de jogadores nos duelos contra Mixto (MT) e Náutico (RR), pela Série D de 2012. Somados os dois conflitos, o Leão foi apenado com a perda de 6 mandos, mas recorreu e reduziu para 4. Situação que os jogadores esperam não passar novamente.
“Com certeza, preocupa. Depois dessa punição de 4 jogos que tivemos em Bragança, em um campo longe, que o gramado não é oficial, de novo isso (perda de mando) vai ser triste. A gente tem um belo campo em casa (Baenão), tem a presença da torcida em massa e a gente joga em gramados ruins, joga longe, tem essas dificuldades das viagens, que são cansativas. Então isso me preocupa, claro, mas acho que isso vai acabar dando em nada e eles resolvem fora de campo. A torcida deve levar alguma punição, mas acho que o Clube do Remo, em si, não vai não”, opinou Schmöller.
O meio-campo azulino ainda acredita que a torcida tem um papel importante para o time, mas precisa rever a forma de atuar nas arquibancadas.
“A torcida com certeza é o 12º jogador, mas ela tem que ter um certo pensamento, que é: se não for para ajudar, não pode atrapalhar. No caso, a gente está pagando uma punição, jogando fora de casa por algumas coisas que aconteceram em 2012. Quase ninguém aqui deve pagar por isso, mas estamos pagando e a gente sabe que quando um time é punido e acontece alguma confusão, pode sofrer punição de novo”, salientou Schmöller.
“Está todo mundo falando que a gente pode pegar uma punição de novo. Se a gente pegar, praticamente não joga em casa nesse campeonato. Então só peço que a torcida vá a campo, cobre, torça com a gente, mas que não arrume confusão, porque acima de tudo eles estão prejudicando a equipe do Remo. O jogador vem aqui, passa e vai embora para outro clube, e eles vão ficar eternamente”, completou o volante.
Para se precaver de uma possível nova punição no STJD, a diretoria do Clube do Remo já decretou a proibição da entrada, nos próximos jogos do clube, da torcida organizada responsável pelos atos de violência nas arquibancadas do Diogão na partida do último domingo, contra o River (PI). A diretoria remista também deverá pedir ao Ministério Público do Estado do Pará a extinção da organização.
Globo Esporte.com, 16/09/2014