Fenômeno Azul no Mangueirão – Foto: Raul Martins (Clube do Remo)
Fenômeno Azul no Mangueirão – Foto: Raul Martins (Clube do Remo)

Ao apoiar a publicidade das questionadas casas de apostas, Remo ignora sua torcida, comete erro estratégico e se distancia de sua responsabilidade social

Na última segunda-feira (27/05), o Clube do Remo assinou e divulgou em seu site oficial e redes sociais uma nota conjunta com outros clubes brasileiros, em que manifesta oposição ao substitutivo do Projeto de Lei nº 2.985/23, que propõe limitar a publicidade de casas de apostas no esporte.

A nota argumenta que a proposta representa um risco de “colapso financeiro” para o futebol nacional. No entanto, o que mais chamou atenção foi a reação dos torcedores azulinos – praticamente a totalidade dos comentários na publicação oficial expressa indignação e crítica à adesão do Remo a esse posicionamento.

A torcida, de forma contundente, deixou claro que não apoia a associação do clube com esse tipo de patrocínio e que espera mais responsabilidade ética e social da diretoria.

É importante lembrar que as apostas esportivas, conhecidas como “Bets”, se tornaram um problema social crítico no Brasil. Cada vez mais populares, essas plataformas têm levado milhares de brasileiros ao endividamento, em especial os trabalhadores mais pobres, justamente aqueles que mais se sacrificam para manter vivo o amor pelo clube do coração. Muitos desses torcedores já enfrentam dificuldades para frequentar os estádios devido aos altos preços dos ingressos e agora enfrentam mais um obstáculo – o endividamento causado por promessas ilusórias de enriquecimento fácil.

Ao se posicionar a favor da manutenção da publicidade de apostas, o Remo não apenas se distancia de sua torcida como também ignora os impactos devastadores desse fenômeno nas comunidades mais vulneráveis. Um clube de futebol não é apenas uma empresa em busca de lucro – acima de tudo, é uma entidade associativa com responsabilidade pública, ética e moral.

É lamentável ver o Clube do Remo – que não possui sequer patrocínio oficial de uma Bet, ao contrário de seu rival ou de clubes da Série A – se posicionar em defesa de um modelo tão nocivo. O argumento de que a limitação das apostas comprometeria financeiramente o clube não se sustenta, sobretudo porque o Remo nem depende diretamente desse tipo de receita.

A diretoria, ao assinar essa nota, comete um erro duplo – moral e estratégico. Em vez de se alinhar automaticamente a interesses econômicos questionáveis, o clube deveria se diferenciar, firmando uma postura ética que refletisse os valores de sua apaixonada torcida.

O Clube do Remo é muito mais do que uma instituição esportiva. Ele é amado por milhões, dono da maior torcida do Norte e parte fundamental da identidade cultural do povo paraense. Justamente por isso, precisa estar cada vez mais atento à voz de sua torcida, que exige coerência, ética e representatividade.

O Remo deve buscar se tornar uma entidade mais democrática, aberta à participação ativa dos seus torcedores, principalmente os mais humildes, que são quem verdadeiramente sustentam e alimentam o amor pelo Leão.

Por isso, é fundamental que o Clube do Remo ouça sua torcida, reafirme seu compromisso com a ética e a responsabilidade social, especialmente com seus torcedores mais pobres, e retire sua assinatura dessa nota. Ainda há tempo para corrigir esse rumo e caminhar lado a lado com quem realmente importa – sua enorme e apaixonada torcida.

Texto enviado por: Andrew Costa » E-mail | Instagram | Facebook | Threads

Andrew Costa é jornalista, professor de Jornalismo e azulino desde o berço. Sempre soube qual o lado certo da Almirante Barroso por influência de sua saudosa vó Zefinha e seu paizão Arley.

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