Agnaldo
Agnaldo

Recordar, definitivamente, é viver. Especialmente em tempos de pandemia, onde o saudosismo bate forte e aparece como principal solução de distração nesse momento de distanciamento social. No lado esportivo, principal entretenimento para muitos, reprises de jogos marcantes são disponibilizados para equilibrar a falta de jogos oficiais.

O ídolo e ex-volante do Clube do Remo, Agnaldo de Jesus, o eterno “Seu Boneco” é um dos nomes presente no museu remista como exemplo de triunfo como jogador e treinador pelo Leão. O histórico do antigo “cabeça-de-área” o colocou no panteão de profissionais de todos os tempos da posição, em votação aberta à torcida pelo próprio clube.

Honrado com o reconhecimento, Agnaldo, hoje aos 52 anos, é só carinho pela identidade criada com o clube azulino.

“Fico feliz por esse reconhecimento da Nação, do Fenômeno Azul, porque tenho uma identificação muito grande. Fiquei mais de 6 anos vestindo essa camisa e ganhando. Foram 5 títulos e uma história de 100% como treinador”, comentou.

Confira o restante da entrevista abaixo, em que o ídolo azulino fala sobre a sua ligação com o Leão, gratidão e, claro, frisa o seu momento inesquecível pelo Remo.

Química

Fico feliz por tudo aquilo que conquistei no clube, como atleta, funcionário, como treinador. É motivo de muito orgulho. É uma química muito grande: Agnaldo e Clube do Remo, Clube do Remo e Seu Boneco. Me sinto da terra e me consideram da terra por essa história.

História vitoriosa

Cheguei em 1991, após ser campeão brasileiro com o Sport (PE), e cheguei sendo tricampeão (paraense). É uma estrela muito grande. Perdemos em 1992 e depois começou o tabu. Como treinador, foi marcante. Vim para ser auxiliar do Givanildo Oliveira, mas ele se desentendeu com a diretoria e fiquei como treinador. Na estreia, contra o Paysandu, o comentário era que se perdesse iria cair. Já queriam me derrubar, mas nasci para brilhar com essa camisa. Foram 14 jogos e 14 vitórias com um grupo maravilhoso, em 2004.

Atleta e treinador

São duas coisas distintas, atleta e treinador. A pressão do treinador é todo dia. Em todo jogo o treinador da terra está na corda bamba, mas tive personalidade e fiz com que os jogadores entendessem todas as dificuldades, principalmente em um time de massa como é o Clube do Remo.

Momento inesquecível

Mais uma vez, um fato inédito acontecendo na vida do clube e comigo. Nem vou citar o gol de 1993, no título, quando Cacaio cruzou e mandei de cabeça, mas é o de 1997, quando perdemos uma Copa Norte. Saiu o treinador e o dirigente Hamilton Gualberto me colocou como treinador. Fui treinador e jogador, dava treino e treinava, jogava e substituía um atleta. Coloquei minha cabeça a prêmio e logo em um Re-Pa, mas resolvi, eu, o (zagueiro) Belterra, com o (médico) Nicolau Barros, e fomos para guerra. Paysandu começou ganhando, empatei, Zé Raimundo virou e Edil marcou o terceiro. Foi um marco.

Gratidão

Abaixo de Deus, devo tudo a esse clube. Em todo lugar que chego, eles batem continência. Existem mais aplausos que vaias. Deixei um legado de lealdade e honestidade com a instituição. Só posso dizer muito obrigado, Clube do Remo, por você existir na minha vida.

Diário do Pará, 29/04/2020

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