Mazola Júnior
Mazola Júnior

Aos 55 anos, Uiles Geraldo Gonçalves de Freitas Júnior, mais conhecido como Mazola Júnior, treinador do Clube do Remo, acumula histórias curiosas e pouco conhecidas. Uma delas – a que carrega desde que nasceu – é a que gira em torno da criação de seu verdadeiro nome, a outra sobre seu “nome artístico”.

Sempre com um jeito forte ao se expressar e direto na hora das entrevistas, Mazola falou, além das curiosidades familiares, sobre os maiores momentos do futebol e de sua carreira, além de experiências em seus 17 anos como técnico profissional.

Casado há 37 anos, Mazola Júnior tem um filho, que também segue a carreira nos gramados em São Paulo. Além do futebol, o técnico azulino revelou que sua grande paixão é a família, depois vem a televisão e as músicas do U2.

“É uma composição de situações. Quando fui aprovado no teste na Ponte Preta (SP), o treinador da época, que tinha jogado com o grande Altafinni Mazzola (grande atacante do futebol brasileiro e italiano nos anos 50 e 60), achou que meu nome de batismo não ia vingar. Então, como me achava parecido com ele, me batizou de Mazola. O “Júnior” foi outra história. Desta vez no Ituano (SP), o gerente José Eduardo Chimello dizia que treinador no Brasil tem que ter nome composto e só me fez acrescentar”, contou.

Sobre seu diferente nome de batismo, a história também envolve terceiros e se torna mais curiosa.

“Uiles já vem de um situação mais complicada. No dia do nascimento do meu pai, meu avô estava em seu alambique com os amigos em uma roda de pinga. Como ele já tinha filhos com nomes que começavam com as vogais A, E, I e O, faltava o U. Foi quando um alemão que estava no meio sugeriu Uiles, fazendo referência ao famoso carro Aero Wyllies. Meu avô contestou porque começava com W, mas o alemão insistiu para aportuguesar. O nome Uiles, que herdei do meu pai, saiu dessa roda de cachaceiros”, brincou Mazola.

Após a fase da contação das histórias de família, Mazola falou de momentos marcantes da carreira. Ainda como jogador, seus títulos no futebol de base da Ponte Preta (SP), o título de campeão matogrossense pelo Operário (MT) e os 2 acessos conquistados em Portugal.

Como treinador, Mazola relembrou o título internacional, conquistado na Alemanha, quando comandava a base do Sport (PE).

“Esse título foi muito importante para mim. É o único título internacional do Sport (PE), o que foi considerado um milagre. O trabalho de um ano e meio que fiz lá, tanto na base quanto no profissional, foi um grande marco na minha carreira. Foi o início da decolagem”, contou.

Mazola Júnior foi auxiliar do técnico Marco Aurélio, na Ponte Preta (SP), Cruzeiro (MG) e Atlético (MG). Como técnico, além de Remo, Paysandu e Sport (PE), passou por Criciúma (SC), Botafogo (SP), Vila Nova (GO), Ipatinga (MG), Cuiabá (MT), Ponte Preta (SP), Bragantino (SP), Nelas (Portugal), Ovarense (Portugal), Marco (Portugal) CRB (AL) e Londrina (PR), seu último clube, antes de retornar aos gramados paraenses.

“Em todos esses anos, venho amadurecendo e progredindo, montando as filosofias de trabalho e metodologias de treinos. É um orgulho muito grande para mim já estar com essa bagagem toda como treinador principal, que é o que adoro fazer, pois confesso que gosto muito mais do Mazola como treinador co que como jogador”, revelou.

Mazola já trabalhou em times de todas as regiões do Brasil. Na região Norte, o Remo é sua segunda equipe, pois já passou pelo rival bicolor nas temporadas de 2014 e 2015. O treinador chegou ao Baenão no dia 24/02, sendo o Leão seu 10º time brasileiro a comandar.

Sobre sua atual temporada, ele revelou o temor que teve ao receber a proposta de dirigir a equipe, da sua relação com a torcida azulina e de seu desejo de melhorar o bom retrospecto que já possui na carreira.

“Sempre costumo falar para os meus amigos treinadores que em Belém a situação é diferente. Quem manda no clube é o torcedor e o presidente e temos que respeitar isso. Mesmo com pouco tempo de trabalho no Remo, a empatia é muito grande. Havia um temor de como a torcida iria me receber, devido a história que tenho no rival, mas felizmente as coisas ocorreram muito bem. Espero, sinceramente, ficar um bom tempo no Remo e conseguir alcançar a conquista da Série B”, disse.

Mesmo com a paralisação do futebol pela pandemia do novo coronavírus, Mazola acredita que “há males que vêm para o bem” e espera que o futebol seja comandado pelos “verdadeiros homens do futebol”.

“Essa pandemia veio para vai virar o mundo de ponta-cabeça, mas espero que vire para melhor. Com certeza, o dinheiro extra que havia no futebol, das grandes manipulações, não vai existir mais. Estou muito esperançoso para que o futebol volte a ser realizado e que quem fique para trabalhar sejam os competentes e não os que se aproveitam. O bom é que nesses momentos difíceis só os fortes sobrevivem”, finalizou.

Diário do Pará, 30/05/2020