Mazola Júnior
Mazola Júnior

O técnico Mazola Júnior estreou com vitória no comando do Remo, mas não foi de maneira tranquila. Os azulinos até foram melhores que o Carajás no primeiro tempo, mas sofreram um gol perto do fim e foram para o intervalo perdendo.

O treinador conversou com o elenco nos vestiários e conseguiu fazer com que os jogadores voltassem com outra postura na etapa final e alcançassem a vitória por 2 a 1. O time ainda apresentou dificuldades, mas Mazola exaltou duas características que, em sua visão, não faltaram neste domingo (01/03): personalidade e atitude.

“Uma vitória importantíssima. Não poderíamos perder pontos de forma alguma para se pensar em classificação. O que mais me chamou a atenção foi a personalidade que os meus jogadores tiveram, não vi nenhum se acovardar. Era um momento de pressão terrível pelo nosso último resultado, de tensão muito grande pelo adversário ter saído na frente, um momento complicado pela troca de treinador com metodologia de trabalho completamente diferentes”, apontou.

“A equipe jogou de uma maneira totalmente diferente, em um sistema totalmente diferente. Muito jogadores estavam há muito tempo sem jogar, só treinavam. Então, por toda essa somatória, gostei. Criamos muitas chances de gol, muitas”, avaliou Mazola.

Além dos 4 desfalques de antes da partida (Dudu Mandai, Gelson, Gustavo Ermel e Douglas Packer), o técnico ganhou mais um problema logo no primeiro tempo. Logo aos 14 minutos, o lateral-esquerdo Ronaell sentiu uma lesão muscular e foi substituído por Ronald, garoto de 17 anos que atua como atacante da base azulina.

A promessa entrou na lateral-esquerda, conquistou a torcida e foi bastante elogiado pelo treinador, que o comparou com Yago Pikachu.

“Na quarta-feira (26/02), quando chamei o Ronald para falar que estava precisando de um jogador para compor um treino na lateral, disse: ‘Você me lembra muito um jogador que trabalhou comigo em 2013, que depois chegou na Série A. Você me lembra muito esse cara. A única coisa que vou cobrar de você, molequinho, é personalidade e atitude. O que você errar, deixa para mim que resolvo’. Ele mostrou uma personalidade espetacular. Lógico que, no final, estava até branco o coitado, morto. É uma situação em que precisamos investir mais na base, porque tem talento. Tem talento aqui no Pará. Demos oportunidade e ele demonstrou personalidade”, disse.

Outros dois jogadores acabaram sendo mencionados por Mazola Júnior durante a coletiva. Jackson, pelos 2 gols marcados; e Eduardo Ramos. O atacante saiu de campo vaiado na primeira etapa, balançou as redes 2 vezes na volta do intervalo e saiu aplaudido do Baenão.

“Jackson demonstrou personalidade ímpar. O Baenão estava todinho na cabeça dele. Sofreu o pênalti, teve a coragem de bater, não se acovardou e depois acabou sendo premiado com o segundo gol, que nos deu a vitória. Isso foi o fator que mais me chamou a atenção: personalidade e atitude que os meninos tiveram”, apontou.

Eduardo Ramos entrou logo após o primeiro gol de Jackson, em um momento que Mazola achou oportuno para lançar o camisa 10 em campo.

“Aproveitei o momento que a torcida inflamou. Preciso levantar muito mais, preciso fazer com que o Eduardo tenha confiança em mim. Ele sabe quem sou, porque muitos amigos dele jogaram comigo, foram meus atletas. Ele sabe que estou sendo verdadeiro com ele, que não estou fazendo isso para ‘dar graxa’ para ele. Achei que entrou muito bem. Eduardo estava há 3 ou 4 semanas no Departamento Médico, com dor, não foi ‘migué’. Fez 4 ou 5 treinos comigo, tivemos uma conversa séria, olho no olho, porque comigo não tem esse negócio de ficar falando por trás. A resposta dele foi excelente”, comentou.

“Se ele estiver bem mesmo, e tenho certeza que vou deixá-lo voando, vai nos ajudar muito. Não só no Campeonato Paraense, mas na Série C. Esse cara é diferente! É um jogo só por semana e ele aguenta, vamos tirar um caldinho dele”, brincou Mazola.

O técnico do Leão ainda reforçou que o ídolo azulino pode ter um papel importante ao longo da temporada e relembrou a frase que usou em sua coletiva de apresentação, na terça-feira (25/02), quando afirmou que o time seria “ele e mais 10” em certas condições.

“Falei ‘é ele e mais 10’ se ele estivesse bem e treinado por mim, não foi isso? Não tenho problema nenhum com esses caras. Isso é jogador de verdade. Nunca tive problema nenhum com jogador bom. O duro é o cara que te dá trabalho e não joga nada. Deixa ele dar trabalho… Não tenho filha, mas se tivesse, não queria ele de genro. Agora, aqui dentro, não. Aqui dentro, se ele estiver bem e treinado por mim, é ele e mais 10”, concluiu.

O próximo compromisso do Remo é o clássico do próximo domingo (08/03), às 16h, no Mangueirão. Mazola Júnior vê um favoritismo do Paysandu no jogo.

Veja outros trechos da entrevista pós-jogo:

Análise geral do jogo

Não gosto muito de individualizar A, B ou C. Criamos muito mas, infelizmente, não conseguimos transformar em gols as situações que criamos. Também acho que foi na primeira vez que o Carajás chegou ao nosso gol e acabamos tomando o gol. Belíssimo gol do Pedro. As expulsões desestabilizaram um pouco o jogo.

Atuação de Nininho

Não vamos esquecer que é o segundo jogo que o Nininho faz e o primeiro inteiro. Tudo isso estava projetado, não íamos poder dar a dinâmica que o Nininho tem durante o jogo inteiro, para não ter que tirar o Djalma daquela função. Isso foi trabalhado. Aquela jogada que saiu inúmeras vezes dos lados, foi trabalhada. Sabíamos que se tentássemos jogar por dentro, teríamos muita dificuldade. Eles têm um quadrado na frente da área muito interessante, de jogadores experientes, que se posicionam bem. Trabalhamos a semana toda essas triangulações e a penetração, no fundo, do homem que vinha de trás. Desse lado, era para ser o Djalma; e do outro, era para ser o Robinho.

Torcida como diferencial

Duas situações me chamaram muito a atenção durante a partida no fator torcida. Quero dar parabéns a torcida do Remo, pela forma como me acolheu, afinal, o bicho não era tão grande assim e fui muito bem recepcionado pelo torcedor. Também quero dar os parabéns por ser um domingo de manhã, começo de mês, todo mundo “liso” pós-Carnaval, inclusive estou “liso” também (risos), mas veio muita gente para o Baenão. Para um clube que precisa passar por um processo de reestruturação, você ter uma casa dessa, em um jogo domingo de manhã pós-Carnaval, tem que dar parabéns para o torcedor. O meu muito obrigado!

Possíveis contratações

Essa situação estamos tratando de forma interna. Não gosto de expor. Se falar o que precisa, o que tem que vir, vou expor muito quem está aqui comigo.

Especulação sobre o atacante Zé Carlos

Não vou falar em nomes. Todo mundo sabe da história que o Zé Carlos tem comigo e tenho com ele. Agora, ele está empregado e está há praticamente 7 meses parado. Estava, né? Então, vamos ter cuidado em citar nomes neste momento. Curió bom, a essa altura do campeonato, está tudo na gaiola. Então, não vamos trazer só por trazer. Peço a compreensão de vocês todos, neste momento, pois colocar nomes neste momento é complicado. Faltam 2 meses ainda para a Série C. Vamos ter calma em relação ao futuro do plantel.

Nova proposta de jogo

Quando você tem uma proposta dessas, automaticamente, você vai sofrer alguns contra-ataques. É normal que isso aconteça. Tudo aquilo que aconteceu, que gerou no jogo, acho que, pelo o que a gente criou, o resultado é mais do que justo. Cheguei na segunda-feira (24/02) à noite, na terça-feira (25/02) trabalhamos dois períodos, quarta trabalhamos, quinta trabalhamos. Só tenho que dar os parabéns para a rapaziada. Não vamos esquecer que temos uma avalanche dentro do Departamento Médico, né? Em um grupo estreito, de orçamento estreito como temos, isso pesou muito. Vamos elogiar mais do que criticar. Acho que o que a gente trabalhou, eles procuraram cumprir, mesmo depois das consoantes que aconteceram no jogo.

Confiança para o Re-Pa

Não tem remédio, injeção e comprimido de “confiança”. Tem vitória, trabalho e vitória, mais nada. Nesse ponto, não podemos falar nada deles, não. Trabalharam “imenso”, não é fácil, em uma troca assim. Se é melhor ou pior, não tem como dizer, mas volto a dizer que são metodologias de trabalho totalmente diferentes, antagônicas. É normal que a gente pague o preço disso nesse começo de trabalho. Luta e entrega não faltarão.

Expectativa para o clássico

Acho que o momento do Paysandu é melhor. Eles prepararam a equipe para o ano todo. Eles têm jogadores que teriam mercado na Série B, que são muito experientes e tarimbados, vários já trabalharam comigo. Um treinador a quem devo muito, o senhor Hélio dos Anjos, que me ajudou demais no Sport (PE). Cheguei para fazer o trabalho de reestruturação da base e o Hélio era o treinador do profissional. O que Hélio e Marcelo fizeram por mim, no Sport (PE), nunca vou esquecer na minha vida. Toda vez que tenho a oportunidade de agradecê-lo, agradeço em público. Meu filho, que também é “da bola” agora, é preparador físico graduado em Portugal, Hélio se dispôs a ajudar. Então temos que respeitar o senhor Hélio dos Anjos. Lógico, lá dentro vou fazer de tudo e tenho certeza que temos condições de fazer um grande clássico. Em uma ou outra situação, talvez o Paysandu leve vantagem e seja o favorito, mas o ditado diz que, nesses grandes clássicos, não existe favorito. Vamos arrumar nossa casinha, temos mais uns dias gostosos, para que a gente faça um grande clássico e possa contrariar esse favoritismo teórico, vamos dizer assim, do nosso rival.

Globo Esporte.com, 01/03/2020

4 COMENTÁRIOS

  1. Kkkk é cada um doido,agora falando sério acho que foi o melhor jogo do Remo no ano,muitas situações de gols criadas e que fique claro que no baenao dificilmente o Remo não ganha.

  2. Quando eu vi aquele imenso Fenômeno Azul Lotando o Baenão fiquei perplexo, não tem coração que resista ao amor que a imensa Nação Azul tem pelo querido Clube do Remo, quando o Leão virou o duelo eu chorei de emoção pois o duelo frente ao Carajás era decisivo para o Tri ou ou Leão ganhava ou afundava de vez. O Comentário do José não me engana eu conheço de futebol e sei que o Leão vai para cima do PSC e tem reais condições técnicas de vencer o duelo, eu sei que nossos melhores titulares então prejudicados por contusões porém ER tem fôlego para Jogar em alto nível o 2º tempo e o moleque Ronald de 17 anos tem folêgo para dois tempos e é bom de bola. Eu não me engano o Leão é um Time de craques prejudicado por contusões. José eu não estou doido, eu sou apenas mais um na multidão Azulina que é doido pelo querido Clube do Remo, o maior patrimônio futebolístico do Estado do Pará.

    • Felipe tenho certeza que sou torcedor mais antigo do que vc, acompanhei a história desse clube conheco futebol, e o Remo nao e nem a caricatura de um time profissional totalmente amador ,eu nao engano precisa mudar muita coisa pra voltar a sua historia e haja erros um atraz do outro , assim amigo fica complicado.

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