Wesley e Robinho
Wesley e Robinho

Ainda não foi a atuação que a torcida espera ver, mas o Remo que derrotou o Freipaulistano (SE) foi valente e aplicado, justamente o que não se viu nos jogos mais recentes pelo Parazão. O time sofreu um gol aos 20 minutos, mas não se abalou. Conseguiu empatar ainda no primeiro tempo e teve forças para ir busca a vitória na etapa final.

O confronto foi movimentado e disputado em alta intensidade. O forte calor da região foi compensado pela chuva que caiu na hora do jogo em Frei Paulo (SE).

O Remo enfrentou dificuldades para conter a pressão inicial do time da casa, apesar de mais organizado nas saídas de bola. O trabalho de ligação com o ataque foi facilitado pela queda de rendimento do Freipaulistano (SE) ainda na metade do primeiro tempo, cedendo espaços e aceitando a movimentação do time paraense.

O gol de abertura surgiu quando o Remo já controlava as ações. Um rebote do goleiro Vinícius permitiu a finalização de Luan, aos 20 minutos. O Remo saiu para igualar o marcador e acabou chegando lá meio ao sabor do acaso. Um escanteio bem cobrado por Gustavo Ermel foi desviado de cabeça por Fredson para as redes, aos 35 minutos.

As dificuldades do Freipaulitano (SE) para trocar passes e estabelecer pressão abriam espaços para que o meio-campo remista, com Douglas Packer e Charles mais agressivos, trabalhasse bem a bola e fosse conduzido o jogo da maneira mais conveniente ao Remo. Só de vez em quando o time da casa chegava, mas sem capricho nas finalizações.

Depois de um primeiro tempo equilibrado, o segundo foi morno inicialmente, mas o Remo podia ter obtido a virada aos 10 minutos, quando o lateral-esquerdo Ronaell perdeu um gol cara a cara com o goleiro Andrade.

Minutos depois, Gustavo Ermel foi derrubado na área, bem na frente do árbitro, mas o lance seguiu. Aos 24 minutos, em cruzamento de Ronael, que atravessou toda a extensão da pequena área, Ermel conseguiu finalizar de primeira e sem ângulo, aproveitando falha de posicionamento da zaga: 2 a 1.

O gol tranquilizou os remistas. O técnico Rafael Jaques substituiu Packer, exaurido, por Robinho. O Touro do Agreste ainda buscou uma pressão final, mas faltava fôlego e competência. O Remo se defendia bem, embora recuado em excesso. Djalma substituiu Ermel e Neguete ainda entrou no lugar de Chales, mas o jogo já estava definido.

A classificação é importante – principalmente no aspecto financeiro, com premiação acumulada de R$ 1,19 milhões – e ajuda a atenuar as cobranças do torcedor, mas o resultado não deve criar a ilusão de que o time está ajustado. Longe disso. Continuam os chutões, as bolas rifadas, a baixa produção pelos lados e, principalmente, a falta de um plano tático.

De todo modo, cabe destacar a aplicação e a capacidade de reação da equipe, saindo de um resultado adverso para arrancar a vitória. Sinais de amadurecimento e controle emocional. Para isso, contribuiu muito a velocidade e os dribles de Ermel, atacante que, inexplicavelmente, não entrou de cara no Re-Pa, mas que não pode ser reserva.

Explicações tardias sobre equívoco no Re-Pa

Depois do jogo em Frei Paulo (SE), aliviado da pressão que havia em torno de seu trabalho, Rafael Jaques deu-se ao trabalho de tentar explicar o motivo de ter barrado seu atacante mais habilidoso e rápido no Re-Pa, justamente quando o adversário improvisou um zagueiro (Perema) na lateral-direita. Não convenceu ao dizer que optou por Wesley, com a justificativa de que este vinha fazendo gols.

A questão não era de finalização, mas de exploração das faixas laterais do campo. Quem disse que Wesley não podia ter entrado, jogando pela direita? Nesse caso, tiraria Robinho, que passou o jogo errando passes, sem ajudar nas ações do meio-campo e sem ir à frente.

Continua a impressão de que Jaques nem sabia ao certo quem era Perema. Tanto que, minutos depois de Ermel entrar e levar ampla vantagem sobre o zagueiro, o técnico mandou que ficasse na direita, abrindo mão de explorar o lado mais vulnerável dos azulinos.

Estranho mesmo é não ter sido avisado pelos auxiliares, principalmente aqueles que conhecem muito bem o futebol paraense e o rival Paysandu. Algo que faz pensar!

Blog do Gerson Nogueira, 13/02/2020