Reunião na FPF sacramentou tabela do Parazão 2020
Reunião na FPF sacramentou tabela do Parazão 2020

O estatuto do Torcedor, que rege às competições esportivas no Brasil, foi descumprido pela Federação Paraense de Futebol (FPF) na organização do Campeonato Paraense 2020. O capítulo III, artigo 9º, define que: “É direito do torcedor que o regulamento, as tabelas da competição e o nome do Ouvidor da Competição sejam divulgados até 60 (sessenta) dias antes de seu início”.

A FPF, porém, definiu o modelo de competição, explicitando grupos e tabela, apenas no dia 16/12, aproximadamente um mês antes da bola rolar. O Parazão começou no dia 18/01, com o jogo entre Independente e Castanhal.

A negligência às leis pode resultar, ainda conforme o Estatuto do Torcedor, em suspensão por até 6 meses dos dirigentes, impedimento de usufruir de qualquer benefício fiscal em âmbito federal e suspensão por 6 meses dos repasses de recursos públicos federais da administração direta e indireta.

O promotor público Nilton Gurjão enfatizou que o descumprimento é uma rotina da Federação Paraense de Futebol e alegou que o Ministério Público, enquanto fiscalizador das leis, não se eximiu e tomou providências cabíveis.

“Todo ano, eles (FPF) fazem isso. Inclusive, este ano até advertimos eles. Eles alegam que a Segundinha (divisão de acesso do Parazão) só termina em novembro e eles não tem como saber quem vai subir, mas isso não está correto. Pode-se colocar uma tabela com vencedor e segundo colocado”, opinou.

O diretor de competições da FPF, Sílvio Saraiva, disse que a sugestão do promotor público esbarra em questões de logística.

“Precisamos saber quem fará parte do campeonato”, alegou.

O fato é que qualquer torcedor comum pode embargar o Campeonato Paraense 2020, alegando que a competição feriu o Estatuto do Torcedor. Sílvio não acredita que o campeonato possa ser suspenso, no entanto, admitiu o descumprimento, apesar de integrar a diretoria da FPF há apenas 2 meses.

“Estou sabendo das informações e o problema foi a questão com o presidente do Paysandu, que não concordou com a tabela inicial. A tabela estava pronta e seria divulgada no início de dezembro. O presidente (Adélcio Torres, da FPF) atendeu ao Paysandu em meio ao recesso e foi refeita a tabela”, argumentou.

Na oportunidade, os bicolores apontaram suposto prejuízo em comparação ao Clube do Remo, como explicou o presidente do clube, Ricardo Gluck Paul.

“Foi na questão do mando de campo a favor do Remo. Foram 5 mandos e meio de renda para o Remo. O Paysandu ficaria com com 4 mandos e meio. Não aceitaria isso de jeito nenhum. Jamais aceitaria isso”, repetiu Ricardo, lembrando que o Re-Pa tem renda dividida.

Ao tomar conhecimento do posicionamento da FPF, o mandatário disparou contra a diretoria do atual presidente da FPF, Adelcio Torres.

“Foram eles que resolveram mudar a forma de classificação. Eles decidiram. Tinha duas possibilidades: ou transferia o campeonato para fevereiro, março ou não mudava o campeonato. Eles resolveram mudar e ficaram irregulares. Nada a ver com o Paysandu”, alegou.

“Não vejo Adélcio mal intencionado, ele só é mal assessorado. Estão acostumados a mudar as regras na marra. As mudanças propostas foram irregulares, o Congresso Técnico foi irregular. Iria denunciar ao TJD (Tribunal de Justiça Desportiva), na Justiça comum”, declarou.

Sílvio também afirmou que o descumprimento do Estatuto do Torcedor não se estenderá para a próxima temporada. Segundo ele, havia um outra questão que envolvia o Parazão Sub-20 e a Segunda Divisão. Em 2019, estes campeonatos foram realizados no segundo semestre, de forma quase que ininterrupta.

“Cerca de 90% dos jogadores atuam nos dois campeonatos. Como este ano o Sub-20 será no primeiro semestre, ficaria apenas a Segundinha para o segundo semestre. Dessa forma, vamos organizar e devemos divulgar a tabela do Parazão (2021) já finalizada, em novembro”, concluiu o diretor da FPF.

O Liberal.com, 10/03/2020