Confederação Brasileira de Futebol (CBF)
Confederação Brasileira de Futebol (CBF)

Os dirigentes dos clubes brasileiros acompanharam de perto a demissão de Luiz Henrique Mandetta do cargo de Ministro da Saúde e a nomeação do seu substituto, Nelson Teich, que a partir desta quinta-feira (16/04) comanda a pasta em mais comunhão com o presidente Jair Bolsonaro.

Representantes dos clubes têm interesse nessa movimentação e no que ela pode impactar na economia dos clubes. A mudança no Ministério pode ajudar a antecipar o retorno do futebol no Brasil, para alívio dos cartolas, preocupados com a situação financeira das equipes.

Dirigentes e pessoas ligadas a times das Séries A e B do Campeonato Brasileiro defendem a ideia de que a partir da segunda quinzena de maio já seria possível a volta dos jogos com portões fechados. A CBF já disse, informalmente, que o ex-ministro havia aconselhado a não ter nenhuma atividade até junho e prometeu seguir as orientações do então titular da pasta.

“Entendemos o posicionamento do Ministro e estamos preocupados com a saúde dos atletas e dos torcedores, mas acredito que no meio de maio já será possível ter jogos, pelo menos com portões fechados”, disse um dirigente de clube.

“A realidade é que se ficarmos mais tempo parados, podemos entrar em uma situação insustentável financeiramente”, completou a fonte, que fez o desabafo antes da demissão de Mandetta.

Uma outra pessoa ouvida acredita que, independentemente de quem esteja no cargo de Ministro da Saúde, os clubes de futebol e a CBF precisam se mobilizar e conversar com o Governo Federal.

“Há clubes que vão quebrar se eles ficarem tanto tempo parados. Se os jogos voltassem amanhã, ia ter time já com problemas para pagar salários até o fim do ano. Imagine ficar mais 2 meses sem jogar, sem mostrar seu patrocínio? É complicado”, disse o dirigente, em tom de desabafo.

A visão dos dirigentes de futebol de modo geral é que o novo ministro Nelson Teich deva chegar com ideias mais próximas do que pensa o presidente Bolsonaro, que é contrário ao isolamento total, como vinha sendo pedido por Mandetta e pela comunidade médica. Alguns dirigentes opinaram se faria tanta diferença os jogos voltarem em maio ou junho.

“Faz, e muita (diferença)! Uma ou duas semanas já conta muito para nós. Quando fala de voltar em junho, questiono: ‘que dia em junho?’ Uma coisa é voltar no dia 1º e outra é no dia 30”, explicou.

“Mas é importante deixar claro que não somos contra o isolamento e a proteção das pessoas. Tanto que nossa ideia é voltar com portões fechados”, ponderou.

Os clubes têm se reunido com suas respectivas Federações para decidir o que vai acontecer com os Estaduais. Na quarta-feira (15/04), a Federação Paulista comunicou que, após reunião com os 16 times participantes da Série A1, o Paulistão voltará a ser realizado assim que tiver garantias médicas. Nenhuma data foi marcada ainda.

O presidente Bolsonaro vem acenando com a possibilidade de retomada produtiva de alguns setores da sociedade. O futebol dá emprego direta e indiretamente para mais de 150 mil pessoas, que atualmente estão em casa, sem atividade. A troca de Ministro pode abrir uma brecha para que o futebol seja retomado.

Não há notícias de que jogadores brasileiros tenham contraído a Covid-19. Os torneios foram paralisados na metade de março e os atletas estão em férias até o final deste mês.

Estadão, 17/04/2020