Mangueirão
Mangueirão

Um Projeto de Lei em tramitação na Câmara Municipal de Belém prevê que, no mínimo, 30% das instalações sanitárias nos estádios de futebol da cidade sejam direcionadas ao público feminino. A proposta, que foi lida na sessão ordinária na segunda-feira (02/09) e deve ser votada nesta terça-feira (03/09), tenta resolver um problema que há muito tempo gera queixas nos jogos de futebol: a quantidade de banheiros para as mulheres.

O Mangueirão, por exemplo, tem disponível apenas 4 banheiros femininos, mas tem 44 masculinos na área da arquibancada. Para quem vai utilizar as cadeiras, são 2 masculinos, 2 femininos e 2 para cadeirantes, de cada lado. Na área das tribunas está disponível um masculino e um feminino de cada lado. Esse é o mesmo número para quem for assistir aos jogos nos camarotes.

Pela proposta, de autoria da vereadora Simone Kahwage (PRB), será obrigatório que pelo menos 30% dos banheiros nos estádios sejam reservados ao público feminino, sem prejuízo das vagas destinadas às portadoras de necessidades especiais. Os responsáveis deverão apresentar especificações da obra nova ou adequações das instalações já existentes.

Como o número de banheiros masculinos é superior ao de banheiros femininos, a autora do projeto defende, inclusive, que seja feita uma melhor divisão entre essas instalações já existentes, caso haja necessidade.

Frequentadora assídua dos estádios, a professora Andreza Belém, 24 anos, conta que no espaço destinado ao remistas, na arquibancada do Mangueirão, há apenas um banheiro para as mulheres.

“É fila a todo o momento no banheiro. O número de mulheres no estádio tem crescido a cada dia e é muito importante que a gente tenha esse espaço e é algo muito simples. Tem vários banheiros para os homens”, ressaltou, reclamando também da falta de limpeza e papel nos banheiros.

O jornalista Jacques Menezes, de 24 anos, também frequentador de jogos de futebol, concorda com o projeto, mesmo que seja necessário tirar alguns banheiros dos homens.

“Acho que vem em um momento de avanço, as mulheres conseguem alcançar seu espaço e estádio também é lugar de mulher. A gente percebe que esse público cresceu bastante, visivelmente é a mesma quantidade que homem, então é um absurdo que tenha essa quantidade de banheiros femininos. Mesmo antes das mulheres comentarem, eu já tinha reparado, percebo a dificuldade que é, as filas que se formam”, declarou.

Para a vereadora Simone Kahwage, os estádios foram construídos em um período em que o número de torcedoras era menor.

“Sou uma das torcedoras que vai para os estádios, antigamente eram mais homens, mas hoje em dia vão famílias, mulheres. Infelizmente, como os estádios antigamente eram frequentados mais por homens, construíram apenas com banheiros masculinos. Há a necessidade não só para mulher, mas para deficientes, mas isso já está na lei”, explicou.

Na justificativa do projeto, a vereadora ressaltou que “o público feminino acaba tendo que ficar por longos períodos privado de suas necessidades fisiológicas, pois não há banheiros suficientes para atender à crescente demanda, causando diversos transtornos que atingem diretamente a dignidade destas mulheres que desembolsam o mesmo valor do ingresso que o público masculino e deveriam ser atendidas equitativamente”.

O Liberal, 03/09/2019