Jairo Vasconcelos
Jairo Vasconcelos

Um minuto do segundo tempo, o Remo encarava o Serra (ES) e uma falta no meio-campo gerou a expulsão do volante Robson. No jogo seguinte, contra o Paysandu, apenas 21 minutos de bola rolando e o atacante David Batista pisa em Leandro Lima. Também foi expulso. Se não bastasse, o volante Vacaria, que passou o jogo todo “pilhado”, envolvido em confusão, acaba expulso após um carrinho violento no bicolor Paulo Henrique, já nos acréscimos da partida.

Em um espaço de 2 jogos, o Remo teve 3 jogadores alijados prematuramente da partida, em lances totalmente evitáveis. Não coincidentemente, o Remo perdeu os 2 jogos, lidando com uma eliminação prematura da Copa do Brasil, estimando-se uma perda de aproximadamente R$ 625 mil (sem contar com 40% ou 60% da renda do jogo que teria com o Vasco-RJ na segunda fase), além de “juntar os cacos” de uma derrota para o Paysandu, não só pelo placar (3 a 0), mas pela maneira como o resultado foi construído.

As expulsões estiveram na explicação para as derrotas, nas entrevistas após as partidas.

É inimaginável que, com esse tipo de comportamento, o Remo conquiste o título estadual, busque a inédita Copa Verde e faça uma campanha de sucesso na Série C do Campeonato Brasileiro. O Leão vai precisar mudar. Uma mudança imediata diz respeito ao controle emocional dos atletas em campo.

Na área da psicologia, o Clube do Remo trabalha com o profissional Jairo Vasconcelos, de 55 anos, atuando como tal há 25 anos. Jairo é especialista em Saúde Mental e Justiça na Área Forense, trabalhando também em hospitais públicos. É a sua segunda passagem pelo clube – a primeira foi em 2014 e 2015.

“No Clube do Remo, há duas vertentes importantes. O primeiro é o atendimento, trabalho feito no grupo, com palestras emocionais, educativas, dinâmica para diminuir a ansiedade e a pressão do jogo. Além do trabalho de grupo, temos que trabalhar o individual do jogador. Observo o treino e vou pontuar os jogadores que apresentam comportamento que possa prejudicar o time”, explicou.

Jairo não é remunerado, não é funcionário do Remo. É um “abnegado”. Portanto, o trabalho nem sempre é completo. O profissional tinha a ideia de conversar com o grupo antes do clássico, mas a rotina de treinamentos não coincidiu com a própria agenda do psicólogo, que também não pôde estar presente no vestiário da equipe, no clássico contra o Paysandu, no Mangueirão.

“É possível intervir no vestiário, sim. Por isso que o psicólogo tem que estar no vestiário, para dar uma palavra, um incentivo a mais. Sempre estive”, disse.

Há outros problemas, entre eles, a não aceitação de alguns treinadores. Givanildo Oliveira e Arthur Oliveira, por exemplo, que comandaram o Remo em 2018, não viram necessidade naquele trabalho, diferente do treinador João Nasser Neto, que aceitou a intervenção do profissional. Coincidência ou não, foi justamente no momento da arrancada azulina na Série C para se livrar do rebaixamento que parecia iminente.

O Liberal, 24/02/2019