Márcio Fernandes e Neymar
Márcio Fernandes e Neymar

Depois de um longo período lapidando jovens nas categorias de base do Santos (SP), há 11 anos Márcio Fernandes se dedica a carreira de técnico de equipes profissionais.

Do tempo acumulado no Peixe, o treinador viu crescerem e se formarem vários atletas que seguiram carreira sólida e marcaram gerações na equipe alvinegra. São os casos, por exemplo, do goleiro Rafael Cabral, do ídolo Elano e de duas dobradinhas de sucesso: Diego e Robinho, no início dos anos 2000; e Paulo Henrique Ganso e Neymar, já na virada da década.

Técnico do Remo desde fevereiro, pelo qual conquistou o Campeonato Paraense e atualmente briga pelo acesso na Série C, Fernandes falou sobre a carreira, avaliou o momento do Leão e relembrou o trabalho em duas gerações de “Meninos da Vila”.

Márcio Fernandes é um treinador que conhece bem o futebol de base e por isso quer tocar no Leão paraense um projeto semelhante com o que teve no Santos (SP). Ele ressalta o trabalho que revelou vários craques e a intenção de implementar o mesmo, ou parecido, no Baenão, dando oportunidades para os jovens.

“Lá atrás, quando a gente começou, tivemos a felicidade de estar em um clube em que há a importância de revelações, de projetar jogadores para o time de cima do Santos (SP). Trabalhamos com grandes atletas que hoje são referência. Tivemos Wesley, Tiago Luís, Alemão, Carleto, André, Diego, Robinho, Alex (zagueiro), Elano, Paulo Henrique Ganso, Neymar, etc. Foram muitos jogadores que a gente conseguiu revelar dentro do Santos (SP). Lógico que isso é um trabalho em conjunto, de todo um departamento”, relembrou o treinador.

“Graças a Deus, saíram muitos de lá e, aqui no Remo, a gente também vislumbra fazer um trabalho a longo prazo, porque hoje em dia o imediatismo às vezes atrapalha muito. Então, quando há mudanças de treinador, quebra o trabalho e começa tudo de novo. É tempo que se perde. A gente vê alguns garotos aqui que em um futuro pode também ingressar em um nível muito bom dentro do Brasil”, disse.

Um dos jogadores que Márcio Fernandes ajudou a revelar para o futebol foi o meia Tiago Luís, que hoje joga no Paysandu, grande rival do Remo. Na base do Peixe, o atleta chegou a ganhar destaque mundial quando foi capa do jornal espanhol “Marca”, sob a alcunha de “Messi Brasileiro”. O comandante azulino conta que mantém contato e mantém amizade com o atual atleta bicolor.

“A gente tem contato com muitos daqueles garotos do tempo do Santos (SP) porque criou-se um elo. Eram meninos e eu servia como treinador, pai, amigo. Muitas coisas confidenciais a gente participava e isso fica. Quando a gente se encontra (Márcio e Tiago Luis), independente da rivalidade que tem aqui em Belém, o carinho e amizade perdura. Lógico que a gente tem contato, mas quando há o jogo, cada um defende seu lado”, ressaltou Fernandes.

Ao longo da carreira, um técnico de futebol conhece centenas e talvez até milhares de jogadores, mas o trabalho de formação é mais intenso. O elo criado com o atleta e, às vezes, até a família, faz com que se crie uma grande admiração entre pupilo e professor.

“É muito gratificante a gente ver esses garotos brilhando hoje. Ver o Neymar em um nível mundial. O próprio Diego, Robinho e o Paulo Henrique Ganso, que foram os jogadores que mais se destacaram nessa passagem pelo Santos (SP). O convívio hoje fica um pouco distante, até pela rivalidade, mas quando se encontra é a lembrança daquele tempo. Hoje não é mais menino, é pai de família, já tem seu filho e sua esposa. Algumas coisas são diferentes, mas o carinho é o mesmo”, revelou.

Fernandes analisou as realidades distintas dos trabalhos em Santos (SP) e Remo. Além da disparidade financeira, o clube paraense vive uma realidade técnica bem mais modesta que o Peixe. A estrutura de trabalho é inferior, apesar de proporcionalmente boa em comparação com outras equipes da região Norte. Entretanto, a vivência no Baenão faz com que ele acredite que há um futuro promissor para o Leão.

“Quando a gente recebeu o convite do Remo, vimos com bons olhos, porque é um time grande, uma equipe que realmente tem uma projeção muito boa. Estruturalmente, ainda precisa melhorar, mas já melhoramos muito. Essa diretoria que está aí não tem medido esforços para manter o Remo em um nível bom. Quando chegamos, encontramos algumas dificuldades, um time muito abaixo do que a gente pensava. Houve algumas medidas, colocamos nossa filosofia de ter posse de bola e propor o jogo. Isso tudo foi tendo um pouco de dificuldade, porque o time tinha um sistema diferente de jogar e você readaptar a um sistema diferente requer tempo e, às vezes, trocas”, avaliou.

A temporada se aproxima do fim e o Leão tem jogos importantes pela frente. Além do clássico deste domingo 25/08), decisivo para as pretensões do clube na Série C do Brasileirão, a equipe está classificada para as quartas de final da Copa Verde, competição que os azulinos foram finalistas em 2015, mas não conquistaram a taça. Fernandes afirma que o trabalho realizado pode levar ao almejado acesso.

“Fizemos um Campeonato Paraense, no meu modo de ver, bom, porque fomos campeões. Conseguimos chegar na final e levar o título, que é muito importante para o torcedor paraense. Depois, fizemos uma remodelação da equipe. Trouxemos alguns jogadores dentro do patamar do clube, que tem um pouco de dificuldade financeira para trazer jogadores de um nível melhor, mas dentro do que tínhamos em mãos e verba para trazer, fizemos um time competitivo, que vem se mantendo dentro do G4 desde o início da Série C, isso já é um feito que é muito difícil”, concluiu.

Globo Esporte.com, 24/08/2019

6 COMENTÁRIOS

  1. As vezes a ignorância de certos torcedores e diretores não permite a permanência de um técnico com essa experiência, por muito tempo o que é lamentável, basta perder um jogo já se fala em substituição. Vamos ver se com essa diretoria as coisas possam ser diferentes . Acho que estamos no caminho certo , investir na base é o fundamental para o crescimento do clube.

  2. Só que aqui no Remo o Márcio Fernandes não colocou em prática esse método dele lapidar jogadores da base, o lailson, pingo e hélio ficaram dando sopa esse tempo todo e ele não colocava os moleques nem no banco pra dá experiência e ritmo de jogo, onde , no último jogo do Remo o pingo e hélio provaram que eles tem capacidades.

  3. Investimento na base é o sucesso de um Club.
    Só q aqui no Pará o único q já entendeu foi a desportiva paraense.

  4. O Laílson, o Pingo e o Hélio, deverão ser negociados com Times que investem em Jogadores que prometem. Existem muitos Clubes do Brasil ou do exterior que devem estar de olho neles. Este três garotos Já prometem e deverão ser negociados na média de R$ 800.000,00 a R$ 1.000.000,00 cada um. Eles tem muitos talentos para o futebol e o Leão tem excelentes profissionais que orientam estes garotos e em breve o Leão terá equipamentos mais modernos para desenvolvimento do preparo Físico dos Jovens atletas que tem amor ao Clube do Remo. O Leão sempre negociará revelações porque sempre necessitará de formar novas revelações e também sempre precisara de recursos para contratar atletas mais experientes para ter um Time altamente competitivo para disputar o Brasileirão: seja na C, na B ou na A.

  5. Independente do resultado o MF foi o único técnico, desde que subimos da série d, que fez um time competitivo e que deu esperança aos torcedores… em quase todos os jogos do campeonato o remo jogou melhor ou igual ao adversário (salvo São José – 1 turno e Tombense no mangueirão)… o time só não está melhor por causa do jogadores que erraram na saída de bola, ou chutaram errado na frente do goleiro ou até sem goleiro…
    Mantendo um treinador que já sabe que é bom e quem não tem condições de continuar no time, podemos entrar muito forte no próximo ano e fazer um grande campeonato brasileiro, espero que seja na serie B…

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