Zé Renato
Zé Renato

O Remo vive um novo momento no início da temporada. Depois da pressão pelas eliminações nas Copas do Brasil e Copa Verde, além da irregularidade inicial no Campeonato Paraense, o Leão vem de 3 vitórias consecutivas, sendo 2 delas ao comando do técnico Givanildo Oliveira, a última no valorizado clássico Re-Pa.

Longe dos holofotes, o executivo de futebol Zé Renato é um dos responsáveis por lidar com os bons e maus momentos do clube. Na manhã desta quarta-feira (14/03), o carioca de 40 anos fez um balanço dos quase 5 meses de trabalho na equipe azulina.

Segundo Zé Renato, a principal missão do planejamento traçado ao lado do Departamento Autônomo de Futebol, capitaneado por Milton Campos, Miléo Júnior e Paulinho Araújo, era a formação do elenco para 2018, já que o Remo contava com apenas 6 jogadores remanescentes da temporada passada.

De início, a chegada de um número elevado de contratações assustava, mas ainda de acordo com ele, era necessário.

“Quando cheguei, tive a necessidade de ir ao mercado buscar 18 jogadores para formar um elenco competitivo, mas em apenas 2 meses não seria possível achar o equilíbrio técnico para brigar a todo momento pela vitória. Ainda era um momento de montagem, de colocar em prática aquilo que se pensava pela comissão técnica. Até encaixar, não é fácil. Levou tempo para cada um se adaptar, seja na parte técnica, tática, física. Quem tem o entendimento do futebol, sabe que são naturais as dificuldades em um processo de montagem de elenco”, comentou.

“Já esperávamos por esse bom momento quando começamos o trabalho no final do ano passado. Com o tempo, imaginávamos que chegaríamos onde estamos hoje, em uma posição tranquila no Campeonato Paraense, classificados à semifinal. Sabemos das dificuldades que passamos no período, mas estamos felizes pelo planejamento que está sendo realizado desde o início”, continuou.

No Remo, Zé Renato afirma que precisou construir um grupo voltado, principalmente, para a disputa da Série C do Brasileirão, formada, em sua maioria, por equipes do Nordeste. O processo envolveu reforços com experiência na competição, como o lateral-esquerdo Esquerdinha e o atacante Felipe Marques, titulares do time remista.

Em solo paraense, o profissional observou jogadores da Segundinha do Parazão, onde “descobriu” o atacante Elielton, no Tapajós. Com algumas contratações questionadas, Zé Renato conta que teve que ter paciência para ver o início da consolidação do trabalho.

“Sempre falo para o Milton Campos, Miléo e Paulinho, que quem consegue trabalhar no Remo tem condições de estar em qualquer clube do Brasil. Tem a pressão da torcida, imprensa, dos bastidores. Estou acostumado e preparado para isso. Passamos por uma fase difícil, de forte cobrança, mas sabia que no momento certo as coisas iriam se acertar. Era ter paciência”, disse.

“Aqui é algo diferente. Posso dizer que o Remo, para mim, é uma grande experiência. Quando tiver que sair do clube, quero deixar na Série B ou A, saindo fortalecido. A torcida é apaixonado e está ansiosa por títulos. Peço o apoio deles, pois estamos trabalhando para fazer um Remo mais grande ainda”, completou.

“Quando cheguei, fui ver um jogo da Segunda Divisão no final de semana e lá encontrei o Elielton. Na segunda-feira seguinte puxei ele para o Baenão e fiz o contrato. Naquele momento, ninguém acreditava que o Elielton poderia fazer o que está fazendo hoje, se encaixando”, lembrou.

“Trabalhamos muito pela vinda do Esquerdinha, Felipe Marques, Fernandes, Mimica. O Sampaio Correa (MA) tinha o direito de renovação do Felipe, mas convenci o atleta a aceitar o projeto do Remo”, citou.

“Não posso dizer que só acertei, mas todos procuramos sempre acertar em conjunto para ter êxito. Todo mundo está se ajudando por acreditar no trabalho”, disse Zé Renato, que afirmou estar trabalhando para a chegada de reforços até o final do prazo de inscrição no Campeonato Paraense, na próxima segunda-feira (19/03).

A busca se dá, em sua maioria, por atletas que estavam disputando o Paulistão, que ainda está em andamento. O executivo acredita que ainda nesta quarta-feira (14/03) o Leão deverá ter uma definição com relação ao zagueiro Suéliton.

“Estamos atentos ao mercado, o Campeonato Paulista ainda não terminou. Estamos tendo tranquilidade, paciência e equilíbrio na busca pelos reforços. A busca é dentro daquilo que o Givanildo tem pedido, estamos em negociação. Devemos trazer mais 3 jogadores para o Campeonato Paraense. É um trabalho em conjunto que tem a avaliação do Giva. Passo os nomes para ele, que tem a palavra final”, informou.

“Sobre o Suéliton, agora de manhã deveremos ter uma posição para definir. Teremos uma resposta negativa ou positiva. Caso não se concretize, sairemos da negociação e partiremos para uma outra opção que já temos”, definiu o executivo.

Confira outros pontos da entrevista com Zé Renato:

Saída do técnico Ney da Matta

A parceria poderia ter sucesso com um pouco mais de paciência, sempre tive essa certeza, mas não é mais o momento de falar sobre isso. É passado e agora temos que pensar no presente, naquilo que está acontecendo hoje.

Chegada do treinador Givanildo Oliveira

Para mim, é uma grande honra trabalhar com o Givanildo, um treinador experiente, com títulos, vitorioso. O relacionamento é o melhor possível, é uma pessoa tranquila, que aceita o tempo todo a conversa sobre o mercado, faz as suas colocações sobre os atletas. É um profissional organizado, que está trabalhando. Com certeza vou pegar mais experiência ainda estando do lado de uma pessoa como o Givanildo.

Departamento Autônomo de Futebol

Em primeiro lugar, uma questão muito importante é a importância do Milton Campos, Miléo Júnior e o pai, além do Paulinho Araújo. São pessoas que dão um suporte muito grande para a realização do trabalho, estão transformando o Remo com a parceria que fizeram através do Departamento de Futebol autônomo com o presidente. Hoje o Remo está em boas mãos. Pela experiência que tenho no futebol, é para levar o clube à Série A. Está tudo cada dia mais organizado, com condições de trabalho em todos os setores, até financeiramente se tem um respaldo.

Vitórias nos clássicos Re-Pa

Ganhamos do grande rival, que tem uma folha bem maior. O futebol não tem ciência exata. Às vezes, o Real Madrid, que tem uma folha salarial de milhões, perde para um outro time da Espanha. Estamos feliz por, com uma folha baixa, de R$ 250 mil, conseguir essas duas vitórias nos clássicos. É o trabalho dentro de campo, não é valor que faz isso, mas garra e muita determinação pelos resultados.

Possibilidade de retorno do atacante Edno

Essa negociação está com o Milton Campos. Ele está conduzindo. É uma questão de transferência internacional, de Portugal, precisa de uma liberação. Agora, para o Estadual, pode ser difícil a volta do jogador. Poderemos ter um êxito maior visando a Série C. Se concretizando, o Edno é um atleta que pode nos ajudar bastante.

Globo Esporte.com, 14/03/2018