João Nasser Neto (Netão) e família
João Nasser Neto (Netão) e família

O futebol do Clube do Remo em 2018 não foi dos melhores. O Leão conquistou o título do Campeonato Paraense com 4 vitórias diante do rival Paysandu e só. Na Copa Verde, o Leão passou da 1ª fase, mas foi eliminado logo em seguida, em casa, para o Manaus (AM). Na Copa do Brasil, queda também na 2ª fase da competição diante do Internacional (RS), novamente no Mangueirão.

Junto com a Série C do Brasileirão, veio o sonho de todo remista: conquistar o acesso para a Série B. Dentro de campo, porém, o time pouco produziu e teve de lutar muito até o final para não cair para a Série D. O final de temporada provocou um período de reflexão. O Remo já havia trocado de técnico 3 vezes na temporada (Ney da Matta, Givanildo Oliveira e Artur Oliveira) e a direção azulina achou por bem manter o então auxiliar João Neto (Netão) como comandante para “tocar o barco” até onde pudesse.

A “navegação” ocorreu por águas turbulentas, mas a calmaria no tão agitado ambiente azulino foi alcançada com a permanência na Série C. Netão assumiu o elenco faltando 7 rodadas para o fim. A vitória por 3 a 0 sobre a Juazeirense (BA) deu ânimo, mas a derrota fora de casa contra Santa Cruz (PE) e o empate em casa contra o Botafogo (PB), foram um banho de água fria no time e no torcedor. Menos em Netão, que conseguiu tirar forças dentro de casa para seguir firme no propósito de deixar o Leão na Série C e conseguiu.

João Neto, de 39 anos, não sabia da relação que a família dele possuía com o clube que defende há mais de 30 anos.

Netão possui um “porto seguro” em casa, no bairro do Marex, em Belém, onde vive com a esposa Taty Souza e os filhos Enzo e João Gabriel. Taty era jogadora de futsal da Esmac e ele era treinador do time azulino. Quando Taty foi atuar no Remo, os dois começaram a se conhecer melhor. O relacionamento começou há 12 anos e virou casório em 2008. Em seguida, chegou o João Gabriel e 4 anos depois o caçula Enzo para completar o time de João Neto.

Netão não esconde de ninguém o carinho que tem pelas cores azulinas, mas colocou o lado torcedor na conta de seus filhos e esposa.

“Na verdade, esse ambiente familiar é muito importante, principalmente trazer a família para dentro do clube, já que levo o clube para dentro de casa. Esse tipo de apoio é excelente, já que o futebol acaba nos afastando, treinadores e profissionais da área, do convívio familiar. Então, clube-família e família-clube são importantes, pois ambos estão inseridos nos meus objetivos. Tudo que conquisto, minha família é beneficiada. Isso traz tranquilidade para trabalhar. Minha família indo bem, vou bem no trabalho e assim conseguimos desempenhar nosso papel”, inferiu.

O técnico azulino não para nem em casa. Além de exercer a função técnica no Baenão, Netão é treinador do filho Enzo, de 4 anos, que faz marcação cerrada no pai.

“Enzo está com 4 anos e não pede para ‘brincar’ de futebol, ele pede para ‘treinar’. Então, chego em casa às vezes cansado do dia de trabalho, mas tenho que tirar 40 minutos a uma hora para brincar com o Enzo. Tenho que atender esse pedido dele, já que ele é bem imperativo e passamos o dia todo afastados”, comentou.

Neto também se divide para agradar João Gabriel, o mais velho dos irmãos, que possui o jeito parecido com o pai e leva Netão ao mundo virtual.

“João Gabriel é um pouco mais parecido comigo. É um moleque bem mais tranquilo e, de uns tempos para cá, tem procurado gostar de futebol. Ele não gostava muito devido o futebol me tirar do convívio dele por muito tempo. Tenho que ir no ritmo dele, que gosta brincar bastante com bonecos, Lego, celular e videogame. Passo um tempinho batendo um ‘game’ com ele e isso me ensina bastante a lidar com as diferenças das pessoas. Tento aplicar isto no meu trabalho”, disse.

Na retaguarda está a esposa. Mãe da dupla João e Enzo, Taty falou um pouco da importância do Netão e do Remo em sua vida.

“Remo e Netão são importantes demais na minha trajetória. Sem o Remo, não teria o Netão no meu caminho, muito menos meus maiores tesouros, que são João Gabriel e Enzo. Nossa história está entrelaçada com o Remo e, sempre que posso, agradeço a Deus pelo que Ele tem feito com minha família”, comentou.

O Liberal, 07/10/2018