Rodriguinho, Gabriel Lima e Leandro Brasília
Rodriguinho, Gabriel Lima e Leandro Brasília

O Remo que jogou – e venceu – no domingo (13/05), em João Pessoa (PB), mostrou, pela 1ª vez nesta Série C, o espírito de destemor que lhe garantiu a conquista do Campeonato Paraense, impondo-se ao maior rival nos 4 clássicos realizados.

O torcedor andava sentindo falta e até estranhando a lerdeza com que o time se apresentava na competição nacional, abrindo a guarda para adversários menos qualificados e comportando-se de maneira acanhada sempre que jogava longe de seus domínios.

A postura determinada e firme como reagiu à desvantagem inicial, em terreno inimigo, fez justiça à valentia que foi a grande arma azulina no Estadual. Como a equipe não é um primor de qualidade técnica, precisa compensar isso com muita entrega e transpiração. Quando se deixa vencer pela acomodação, vira presa fácil em qualquer circunstância.

Aliás, nenhum time consegue sobreviver no futebol ultracompetitivo se não tiver disposição para a luta. Mesmo os mais aquinhoados com virtudes técnicas não podem menosprezar o valor do esforço para a conquista de espaços em campo.

Por tudo isso, o jogo deste domingo (20/05), contra o Confiança (SE), no estádio Mangueirão, reserva à torcida justificada esperança de evolução por parte da equipe de Givanildo Oliveira. Sem Jayme em plenas condições, a mais provável alternativa para completar o ataque é o ágil Gabriel Lima, que marcou o 3º gol do Leão contra o Botafogo (PB), na volta ao time.

Rápido, inquieto, driblador e afeito ao jogo dentro da área, Gabriel é daqueles atacantes com recursos preciosos e tende a crescer caso incorpore algumas lições básicas para o êxito no futebol. No caso específico, é fundamental não confundir oportunismo com afobação.

Isso vale, principalmente, para as decisões na zona de finalização. Em várias ocasiões – inclusive no célebre jogo contra o Santos (AP), em Macapá (AP), pela Copa Verde 2017 – Gabriel mostrou presença de área, senso de colocação para estar aonde a bola chega, mas falhou terrivelmente na escolha do golpe final.

Pegava muito forte na bola, quando o correto seria deslocar o goleiro, ou vice-versa. Saiu daquela partida com o peso das críticas pelas mais de 5 oportunidades de gols desperdiçadas, não por omissão, mas por excesso de vontade. Saber dosar a ansiedade é um dos predicados mais visíveis nos grandes atacantes.

Sob a orientação de Givanildo, sempre meticuloso e observador, Gabriel tende a progredir tecnicamente, transformando talento em resultado prático. O jogo contra o Botafogo (PB) já mostrou um pouco dessa evolução.

Mais até que Elielton e Isac, Gabriel Lima é o jogador talhado para surpreender e abrir defesas. Não se pode esquecer que, até recentemente, o Remo pecava justamente por ser um time previsível ofensivamente, com um centroavante fixo e dois ponteiros abertos. Gabriel subverte esse planejamento de jogo, pois flutua por todos os lados do ataque, dificultando a marcação. Esse aspecto certamente não passa despercebido ao experiente Givanildo.

Contra um visitante sempre difícil de ser batido (da última vez, em 2017, empatou com o Remo no Mangueirão fazendo 2 gols em 2 minutos), os cuidados com a marcação precisam ser redobrados. Leandro Brasília e Dudu mostram-se mais afinados e, com isso, tem havido mais tranquilidade para a última linha.

O jogo deve ser tão problemático para o Remo como foi o do Santa Cruz (PE). A vantagem é que agora o time conta com mais confiança e recursos para furar o bloqueio defensivo do adversário.

Blog do Gerson Nogueira, 20/05/2018