Fenômeno Azul
Fenômeno Azul

No dia 29/09, na sede social da Avenida Nazaré, foi realizada uma Assembleia Geral no Clube do Remo para análise de emendas ao estatuto azulino. Mais de 40 propostas foram encaminhadas pelos sócios ao Conselho Deliberativo (Condel), das quais somente 13 foram aprovadas pelo quórum de pouco mais de 120 associados presentes.

Com o número grande de reprovações às sugestões, no entanto, uma em especial não foi bem aceita pela torcida em geral, que foi negar o direito de voto dos sócios-torcedores nas eleições presidenciais.

Ao longo da semana passada, o assunto contagiou os grupos de torcida nas redes sociais. Conforme as reclamações, a negativa acaba por restringir o futuro do clube nas mãos de um grupo pequeno de membros.

Para se ter uma ideia, atualmente somente sócios-proprietários e remidos têm direito a voto no pleito presidencial. No entanto, o número somado dos filiados não corresponde necessariamente ao que pensa a massa de torcedores. Mesmo sem o grande atrativo, que é a atividade do futebol profissional, o programa ST Nação Azul possui hoje cerca de 1,5 mil adimplentes, de um total superior a 20 mil cadastrados.

Apesar do trabalho atual feito pelos diretores do programa em oferecer parcerias e benefícios aos que mantêm regularidade na mensalidade, a limitação no dia a dia da instituição acaba por afastar o cadastramento de novos membros. Via de regra, o direito ao voto poderia motivar novas adesões e receitas ao clube.

“A gente busca entender tudo o que ocorre no nosso clube, mas as coisas ficam cada vez mais fechadas. Em um clube do tamanho do Remo, isso não pode existir”, esbravejou o sócio-torcedor Gabriel Santos.

Segundo alguns sócios que participaram da Assembleia Geral, um dos fatores que impediram a vigência da emenda, que teria validade somente a partir da eleição de 2021, seria de que os membros do Nação Azul estariam tendo “regalias”, pois o valor do título das respectivas associações são distintas.

Enquanto o título do proprietário custa R$ 900, além da mensalidade no valor de R$ 50, no sócio-torcedor é necessário adesão no valor de apenas R$ 30, com mensalidade de R$ 60 no plano “Ouro”, que permite entrada gratuita nas arquibancadas aos jogos com mando do Remo.

Um ponto que precisa ser destacado na proposta de emenda foi em cima da efetividade do programa sócio-torcedor. Por ser o mais requerido pelo clube, sobretudo em momentos de adversidade, a participação em voto foi o mínimo considerado pelos formuladores da sugestão.

Para Dirson Neto, membro do Conselho Fiscal (Confis), Conselho Deliberativo (Condel) e do movimento “MudaREMOs”, que busca uma reorganização interna, a falta de zelo com o tópico representa o retrocesso atual da instituição.

“Grandes clubes do Brasil já aderiram a tal modelo. Por que aqui tem que ser diferente? Ninguém está em busca de poder, mas sim de uma democracia. O Remo é um clube conhecido pela sua massa, sua torcida. Por que não trazê-la ao seu lado?”, questionou.

Na última eleição azulina, realizada no final de 2016, que elegeu Manoel Ribeiro presidente e Ricardo Ribeiro vice, apenas 1.009 votos foram computados. O número é irrisório comparado com a da eleição do mesmo ano do Internacional (RS), que movimentou mais de 13 mil participantes, já com a participação do sócio-torcedor, inclusive, com votos registrados pela internet para quem estiver fora de Porto Alegre (RS).

A inciativa fez com que o clube gaúcho sempre apareça no grupo dos 10 maiores programas de sócio-torcedor. Atualmente, figura na 6ª colocação, com mais de 112 mil filiados.

Outros clubes, como Fluminense (RJ) e Santos (SP), também aderiram a tal modelo de encaixe para a participação do considerado “torcedor comum”. Como vantagem, a comercialização de produtos das equipes, além da visibilidade fora do município-sede, ampliou a receita.

Os exemplos para a repaginação nos respectivos estatutos são oriundos de uma prática considerada normal na Europa. Na Espanha, em 2010, o Barcelona registrou mais de 57 mil votos de sócios.

“São coisas básicas que podem fazer o Remo respirar como um clube grande. A participação faria total diferença nas eleições. Infelizmente, quem perdeu não foi somente o torcedor, mas também o clube”, lamenta Dirson Neto.

Diário do Pará, 07/10/2018

2 COMENTÁRIOS

  1. Quer dizer que vota quem paga mais? Uns 100 podem individualmente pagar mais, mas mil e quinhentos adimplentes juntos dá mais dinheiro ao clube. É o que se discute: poder ou democracia. É o que veremos no brasil daqui pra frente..

Comments are closed.