Remo 2x1 Botafogo-PB (Jayme)
Remo 2x1 Botafogo-PB (Jayme)

Recentemente, no Clube do Remo, a valorização com os atletas e a demonstração de paciência, em determinados casos, tiveram a lógica natural invertida. Medalhões acabam tendo mais apoio e incentivo do que atletas oriundos da base azulina que, como todo profissional em começo de carreira, precisa de atenção e suporte redobrado, para boa e rápida adaptação.

Porém, a cobrança com as pratas da casa, em certos casos, acaba queimando o atleta antes mesmo que ele possa desempenhar o seu papel de forma contínua. O atacante Jayme Juan, de 24 anos, sabe bem como é passar por isso. Desde que subiu ao profissional, em 2011, assim como outros colegas, sempre foi alvo de críticas. No primeiro semestre deste ano, inclusive, a torcida azulina pediu para que o jovem abandonasse o futebol e, com ironia, sugerindo que ele fizesse a prova do Enem.

Porém, o mundo dá voltas. Diferentemente do primeiro semestre, os últimos meses do ano do atacante têm sido positivos. Além de ter sido o artilheiro remista na Série C, com 4 gols marcados, Jayme vem repetindo o faro de artilheiro no Campeonato Paraense da Segunda Divisão, a “Segundinha”. Defendendo as cores do Tapajós, no sábado (04/11), o jogador guardou 5 gols em uma única partida, entrando para a história do certame.

De acordo com o atacante, essa é a melhor maneira para calar a boca dos criticos de plantão. Apalavrado com o Remo para defender o time na próxima temporada, Jayme acredita que, às vezes, as críticas em cima da base remista são desnecessárias. Mais maduro, o atacante se mostra preparado e com vontade de ajudar o Remo a buscar sucesso no ano que vem. Confira a entrevista!

Por que a cobrança com a base é tão grande?

Acho que a cobrança é grande por causa da esperança que depositam na gente. Até entendo, porque o Remo tem histórico de revelar bons jogadores. Só que o torcedor não tem muita paciência com a gente e nos cobram de uma forma como se já fossemos profissionais, mas estamos em começo de carreira. Quando subi, me cobraram muito e até hoje cobram. O problema é quando esquecem dos jogadores de fora, que ganham mais, têm tratamento melhor e quase sempre chegam como titular. Não vemos uma cobrança tão forte neles como na gente.

No começo dessa temporada, alguns torcedores pediram para você abandonar o futebol e fazer a prova do Enem. Só que você acabou sendo o artilheiro do Remo na Série C e ainda entrou para a história do Campeonato Paraense após fazer 5 gols em uma única partida. Como você encara isso?

É até engraçado isso. Quando a torcida está de cabeça quente, fala isso mesmo, mas não foi só para mim, foi para todos os jogadores da base que jogaram. Essa discriminação com a base, às vezes, nem faz muito sentido, mas o futebol é minha paixão e estou procurando melhorar sempre como atleta. Entrei bem nos jogos finais da Série C e graças a Deus venho evoluindo. Fico feliz em ter feito 5 gols pelo Tapajós. Sem me estressar, vou calando a boca dos críticos.

Em algum muto as críticas te fizeram pensar em abandonar o futebol?

Nunca. Como disse, o futebol é minha paixão, é meu trabalho. Fico muito feliz em ter condições de jogar. Quem opta por ser jogador, ainda mais no Remo, um time de massa, tem que ter a cabeça forte e estar preparado para as cobranças. Hoje, a relação até melhorou. Sabem que, assim como eu, os jogadores da base só querem ajudar o Remo. Sabemos o peso da camisa e a tradição do clube, diferentemente dos de fora, que acham que aqui é apenas mais um clube. Graças a Deus sou muito feliz com a minha profissão e trabalho muito para melhorar cada vez mais.

Renovou com o Clube do Remo para 2018?

Na verdade, prolonguei o contrato até o final desse ano. Quando sentei para renovar, a diretoria ainda estava naquela indefinição. Por isso, quando me perguntam, costumo dizer que estou “apalavrado” com o Remo. Pretendo ficar e ajudar. Acredito que nesse ano mostrei o meu valor e que posso ser útil, mas tudo depende do clube também.

Na entrevista de apresentação do Ney da Matta, ele destacou os benefícios da utilização da base e formação de um time padrão para toda a temporada. É isso que falta no Remo: um padrão?

Ainda não tive a oportunidade de conhecer o comandante do Remo, mas sei que é um profissional vitorioso. Sim, sem dúvidas. A base merece cuidado, como qualquer jogador de fora, ou atleta que está cuidando de lesão. Sobre o padrão, acho que é isso que está faltado no Remo. Não fomos campeões do Campeonato Paraense e da Copa Verde, mas não jogamos mal. Tínhamos uma base, só que na Série C todos foram barrados para a entrada de jogadores de fora. Nós, da base, então nem se fala. Só que foi o Gabriel (Lima), eu e outros que ajudaram o time quando apertou a situação. Essa iniciativa dele e da própria diretoria de valorizar os jogadores do próprio clube tem muito a acrescentar.

Em 2018, caso se concretize a negociação com o Remo, como fazer para driblar a resistência?

Com certeza, vai ter. Até dentro de casa tem, mas isso é normal. Acredito que a cobrança faz parte para a melhoria de qualquer jogador, para que não fique acomodado. A cobrança também só vem naqueles que podem ajudar. Espero ajudar muito o Remo ainda e sei que posso. Como disse, a melhor forma de calar as criticas é com o meu futebol, em campo. Tenho condições de ajudar o time ser vitorioso e, como o novo comandante disse, com um padrão de time para toda a temporada, vou brigar pela titularidade e tenho certeza que posso ajudar. No próprio Tapajós, treino para isso e meu objetivo é esse.

Diário do Pará, 12/11/2017

2 COMENTÁRIOS

  1. É um jogador voluntarioso, veloz e possui qualidades técnicas. Mas é extremamente aloprado e burro (futebolisticamente falando). Se trabalhar em cima desses defeitos, aprimorando sua técnica, sua finalização, um jogo mais inteligente e menos afobado, será um jogador de grande valia.

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