Zé Renato, Ney da Matta e jogadores
Zé Renato, Ney da Matta e jogadores

Apesar de 2017 ter sido um ano turbulento e decepcionante para a torcida azulina, o clima no salão nobre da sede social do Remo, na noite desta terça-feira (05/12), era de otimismo e ansiedade entre sócios e diretores para a apresentação do elenco profissional da temporada de 2018. A busca por uma maior profissionalização do Departamento de Futebol trouxe consigo discursos acalorados em saudosismo ao Remo vitorioso da década de 1990, quando foi semifinalista da Copa do Brasil e passou 33 jogos sem perder para o Paysandu.

“Temos aqui homens empenhados e honrar a camisa do Remo”, garantiu o presidente Manoel Ribeiro em sua fala de abertura, referindo-se aos jogadores e também aos seus diretores.

O diretor de futebol Milton Campos endossou a fala apegada ao passado vitorioso.

“É um novo Remo, com novos atletas e mais aqueles que deram o sangue na temporada passada, além dos garotos da base que subiram. Tenho certeza que é um grupo vencedor. O Remo vai voltar a ser o Remo. O Remo semifinalista da Copa do Brasil. O Remo do tabu dos 33 jogos. O Remo não precisa ser comparado a ninguém. Isso é o Clube do Remo. Aqui é amor e vamos devolver esse Remo ao torcedor”, afirmou.

O evento em si contou com 27 dos 30 atletas já confirmados para o início da próxima temporada. Não estiveram presentes o goleiro Douglas Dias e os volantes Geandro e Leandro Brasília, que são esperados em Belém até esta sexta-feira (08/12). O plantel entrou no salão acompanhado pela comissão técnica liderada por Ney da Matta e com o executivo de futebol Zé Renato. A principal missão do ano é conquistar o acesso à Série B, compromisso firmado formalmente pelo gestor.

“Em 2018, nesta mesma data, o Remo estará na Série B. Podem me cobrar isso. O Remo está, hoje, com uma gestão muito profissional. Tudo o que foi prometido, de estrutura, foi entregue”, carimbou Zé Renato.

Entretanto, o profissional, que está há pouco mais de um mês no Leão, salientou que o Campeonato Paraense também terá um grande peso na temporada. Ele servirá como uma espécie de balizador para saber se a equipe está no rumo certo até o Brasileirão.

“Queremos conquistar esse título. Depois vem a Copa Verde, vem uma melhor colocação na Copa do Brasil e vem também o acesso, que é muito importante para a gente. A gente tem 4 competições e em todas elas a gente quer conquistar títulos e algumas, como a Copa do Brasil, ficar em melhor colocação”, frisou.

O executivo também confirmou a negociação ainda em andamento com Gonzalo Latorre, atacante do Cruzeiro (MG). Para a lateral-direita, além de Levy, outro jogador – mais jovem – está muito próximo de ser contratado.

“A lateral-direita e o camisa 9 ainda são posições que estamos no mercado. Latorre interessa. Ainda estamos conversando com o Cruzeiro (MG) e acredito que até semana que vem deveremos ter uma novidade”, observou Zé Renato.

Os discursos extremamente otimistas da gestão azulina foram acompanhados pelo técnico Ney da Matta. O treinador contou que já havia revelado ao filho a vontade de comandar o Leão. O fato aconteceu quando veio a Belém na última Série C, pelo CSA (AL), e conheceu de perto a torcida remista.

“Tem coisas na vida da gente que você tem que, primeiro, ter paciência em saber esperar o momento de Deus. Sei que antes de chegar aqui tinham muitas pessoas no caminho, mas o caminho foi preparado para eu vir trabalhar aqui. Sabia que viria trabalhar aqui, não só depois desse jogo (pelo CSA-AL), mas depois da negociação que comecei com o Milton (Campos) e o Miléo (Júnior). Apareceram outros clubes, mas sabia que era aqui que ia trabalhar. Preciso dizer da minha satisfação, da felicidade de estar aqui. A gente veio confiante, sabendo da dificuldade que é”, revelou.

Ali mesmo, na presença do elenco no salão nobre azulino, Ney da Matta iniciou uma espécie de primeira preleção, olhando diversas vezes em direção aos jogadores.

“Na minha vida, aprendi muitas coisas, e o que sempre levo comigo é que tudo o que você fez ontem não serve para hoje e o que você faz agora não serve para amanhã. As conquistas que tivemos, ser bicampeão brasileiro, são importantes para você caminhar, mas não são importantes para você permanecer. Só vamos permanecer nesse clube se conquistarmos esses títulos aqui. Esse é o nosso objetivo, do grupo, da diretoria e do torcedor. Vou dizer aos jogadores, pois alguns não chegaram a trabalhar conosco e alguns estão saindo da base: Deus sempre me colocou no caminho certo e me abençoou por onde passei, porque sempre fui justo e leal com as pessoas. Não existe idade, não existe nome. O que vai nos ajudar é o comportamento e a luta de cada dia. Tem jogadores de 16 e 17 anos aqui, mas se tiverem qualidade e competência, vão ter oportunidade. Tenho certeza que vamos ser vencedores aqui. Viemos aqui para isso. Só precisamos de tranquilidade, equilíbrio, sabedoria para poder buscar o sucesso e ele só vem com o trabalho. Vamos trabalhar muito”, argumentou.

Os jogadores que já estão em Belém continuarão os treinamentos físicos preliminares. Nesta quarta-feira (06/12) haverá um trabalho no Ceju, pela tarde. O planejamento ainda inclui fazer parte da pré-temporada fora de Belém, do dia 02/01 ao dia 10/01, em cidade ainda a ser definida. A estreia do Remo no Campeonato Paraense está marcada para o dia 14/01, contra o Bragantino, no Mangueirão.

Confira outros pontos da entrevista com Ney da Matta:

Construção do elenco

Procuramos montar um grupo sabendo da dificuldade que é a competição aqui. O futebol hoje, independente se é aqui ou se é em outro Estado, caminhou para uma situação de que se o atleta não tiver força e velocidade, não consegue sobreviver no futebol brasileiro. Lógico que você tem que ter a qualidade técnica, mas você tem que deixar a alma dentro de campo também, senão não tem jeito. Às vezes, as pessoas acham que o sucesso que tivemos para trás foi por acaso e não foi. Não foi só ano passado, no Boa Esporte (MG), e esse ano, no CSA (AL). Foi no Ipatinga (MG), no Ituiutaba (MG), em vários lugares, porque traçamos um caminho e procuramos mostrar aos atletas qual é esse caminho. O torcedor não fica pedindo para você vencer todo dia, mas fica pedindo para você lutar e deixar o coração lá dentro. Nós e os jogadores sabemos da dificuldade que é a competição, que vamos jogar debaixo de chuva, na lama, em gramados que não têm condições. Eles sabem também e vieram sabendo disso não só porque passei, mas porque eles são parte interessada no projeto.

Importância do Parazão

Quem acha que o Estadual não vale nada, é balela, mentira! Do mesmo jeito que vamos lutar aqui, temos que lutar lá na frente também, mas para lutar lá na frente, primeiro temos que sobreviver no Estadual. Temos que conquistar tudo o que formos disputar, sabendo que é difícil, mas não é impossível quando a gente acredita. Acreditamos e vamos buscar sempre o melhor para esse clube, porque essa camisa é pesada, o torcedor é apaixonado e vai vir junto com a gente.

Relação com a diretoria

Esse grupo foi contratado junto com a comissão técnica, com a diretoria. Não demos um passo sem ser juntos. Procuramos ter um critério de que, para vestir essa camisa aqui, tem que ter, além da qualidade, personalidade para jogar. São jogadores altamente qualificados. Se você pegar por onde os jogadores passaram, o próprio trabalho deles fez com que viessem para o Remo. São jogadores de uma grandeza enorme em um clube grande também. Tenho certeza absoluta que vai dar certo. Se a gente trabalhar com humildade, com simplicidade, com respeito.

Preocupação com o coletivo

Já tive a oportunidade de dar os parabéns para a diretoria porque é muito difícil você entrar em um clube e poder ter as condições que estamos tendo aqui hoje, da estrutura para trabalhar. Não quero implementar nada, quero é dar um trabalho que o futebol pede, que é que se jogue com força, velocidade, organização tática. O futebol nivelou por baixo. Não tem mais isso de time grande e pequeno. Tenho a oportunidade de falar da grandeza desse clube aqui. A camisa e a torcida que esse clube tem, não vai ser só isso que vai ajudar a resolver. Temos que nos apegar a essa camisa, à torcida, e dar a vida dentro de campo para poder buscar os resultados positivos, porque só a camisa não vai trazer. Tivemos a oportunidade de poder montar um grupo competitivo, que funcione coletivamente, pois não é um esporte individual, precisamos de todos.

Globo Esporte.com, 06/12/2017

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