Zé Teodoro
Zé Teodoro

A aposta do Clube do Remo em ter Zé Teodoro como treinador para 2015 não deixa de ser arriscada. Não pelo tamanho do clube, da capacidade do treinador ou do desafio que há pela frente, mas os mesmos aspectos que podem vir a ser extremamente bons podem também vir a atrapalhar.

O técnico azulino é compatível com o tamanho e a relevância que o Leão Azul tem cenário nacional, mas talvez não com seu momento. É um risco porque algumas situações podem não depender totalmente dos desejos do próprio profissional e dos dirigentes.

Zé Teodoro já deixou claro que, mesmo respeitando os limites financeiros da nova casa, vai pedir reforços que cheguem para jogar e que a base não vai ter toda a responsabilidade no ano que vem.

É claro que o treinador pode encarar o desafio de levar o Leão ao acesso até o fim, mas não há como negar que um profissional desse tamanho é sempre alvo de outros clubes, em especial quando começar o Campeonato Brasileiro, onde a dança de cadeiras é grande.

O desafio está posto. Somente o bom andamento do trabalho é que dirá como será essa relação. Se ficar até o fim, já será um feito – basta ver o histórico recente do clube. Se esse trabalho completo tiver o acesso, principal objetivo do ano, será o coroamento de um projeto ainda em nascimento.

Quanto ao elenco do Leão Azul, o novo comandante já deixou claro que para o desafio de uma competição nacional, em especial a busca do acesso dentro da Série D, a experiência será essencial. “O peso é muito grande para ficar com a garotada”, diz.

Ou seja, ao mesmo tempo em que afirma que vai dar oportunidade a quem tiver qualidade, seja mais jovem ou não, será imprescindível ter gente experiente sob seu comando.

Se será um “medalhão”, isso não faz diferença para o treinador, diz ele, mas o que fez questão de frisar em sua apresentação é que vai ser preciso ambição para estar com ele. Jogar por jogar, encarar o momento do Remo como apenas um emprego, aí não.

“Vamos trazer jogadores com ‘sangue nos olhos'”, foi uma das expressões que mais usou nos dois dias em que esteve em Belém. Sobre os que ainda têm contrato com clube, estes passarão por uma avaliação para saber se ficarão.

Chegada à nova casa

A partir de agora, vida nova, temos que enfrentar um desafio dentro de um projeto de reerguer o clube. O Remo é uma marca muito grande e precisa retomar seu caminho. Estou preparado para esse desafio, sabendo das dificuldades. Vim com esse objetivo, de fazer do Remo mais uma vez um time competitivo, ganhar o respeito nacional. Vim para brigar para ser campeão estadual, da Copa Verde, uma participação positiva na Copa do Brasil e para pensar no objetivo maior, que é o acesso. Temos que conquistar a vaga para a Série D e subir, o que tinha de ruim para acontecer já passou, temos que pensar positivamente. Vim para um trabalho sério, transparente e honesto, o que já fiz em outros clubes.

Desafio pela frente

A cada dia teremos um desafio para superar. Temos que valorizar o que temos de melhor, ganhar a credibilidade do torcedor, o que é importante. Precisamos de um time com a cara do time e dessa diretoria, voltar a conviver com títulos e acessos. Vamos escolher a dedo os jogadores que virão para começarmos bem 2015. Vamos ter que ter bem cuidado. Primeiro, observar e valorizar quem está no clube, quem tiver comprometimento e interesse em permanecer dentro da realidade do clube, vai ficar. Teremos que trazer gente em condições de ajudar. O Remo não pode entrar na competição se não for pensando unicamente na conquista do título estadual. Isso nos dará a vaga para a Série D e um calendário, mas precisamos dar um passo de cada vez e, primeiramente, precisamos do título.

Paralelo com Santa Cruz (PE)

Entro novamente em um clube que é uma nação. Gosto dessa pressão, dessa cobrança. A resposta vai ser dada dentro de campo. É inevitável pedir paciência nesse começo, pois o trabalho sera gradativo. Tenho que ter cuidado para trazer profissionais para compro esse grupo.

Demora para contratar

Nada para mim veio fácil. É na dificuldade que se cresce, se amadurece. Os que vierem a ser contratados e o que estão aqui terão que saber das dificuldades do clube e do começo do ano no Campeonato Paraense, com muita chuva, por isso, digo que é preciso comprometimento. Vamos trazer jogadores com “sangue nos olhos”, mesmo que sejam desconhecidos. Para jogar no Remo tem que ser assim, pois há uma torcida enorme que vai cobrar e vai nos ajudar. Precisaremos de jogadores de força por causa dos gramados e das chuvas. Já joguei aqui e sei como é.

Quem fica e quem sai?

Ainda vou avaliar quem vai ficar. O que se pode ter certeza é que teremos um time com a cara diferente, podemos ter dificuldades no começo, mas acredito que o time vai engrenar e vamos ganhar a confiança do torcedor. Já estamos trabalhando na busca por jogadores. Desde que acertei tenho ligado, contatando jogadores, mesmo com meu contrato valendo a partir de janeiro. Tenho informações e sei das necessidades do elenco. Vamos também planejar o local onde será a pré-temporada, saber se teremos a estrutura necessária para os treinos. Pode ser no interior ou pode ser aqui mesmo.

Aproveitamento da base

É preciso ter uma espinha dorsal mais experiente por causa do momento do Remo. O peso é muito grande e esses experientes vão ter uma responsabilidade maior. Por isso a atenção na procura por esses atletas. Vou trazer gente profissional, com nome ou não. Terá que ser um cara que se cuida, que realmente tenha rendimento e produtividade, vamos trabalhar como empresa e quem vier será sob cuidados. Se tiver outro pensamento, se quiser apenas um emprego, aí não vem. Queremos gente que ajude o Remo nesse momento.

Conduta durante as férias

Os jogadores receberão uma cartilha para trabalharem no período das férias. Seja o que já têm contrato ou os que acertarem com o clube. A intenção é que eles cheguem a pelo menos 30%, 40% do condicionamento físico. Não sou treinador que chega e tem que fazer tudo o que quero. Sou criterioso, mas trabalho em conjunto. Vou ligar para jogador, vou ligar para treinadores. Temos que montar logo esse elenco, mas temos que ter cuidado. Vamos dar oportunidade para a base e para atletas da região. Além disso, precisamos recuperar os jogadores do clube. Pretendo trabalhar com 28 a 30 jogadores.

Amazônia, 21/12/2014