Remo 4x1 Cametá (Zé Soares)
Remo 4x1 Cametá (Zé Soares)

Todo ano é a mesma coisa. Com o fim da temporada, parte do elenco dá adeus ao clube que o acolheu por um breve período e outros jogadores são mantidos nos planos futuros. O que muda, no entanto, são as condições da despedida. Enquanto alguns saem pela porta da frente, outros preferem deixar a casa levando a pior imagem possível e, em muitos casos, o desfecho litigioso acaba nas barras da Justiça.

Justamente nessa esfera que o Clube do Remo tem sido atropelado por uma enxurrada de ações trabalhistas. Reiteradamente, seja o resultado do futebol bom ou ruim, atletas descontentes com pagamentos de salários, condições de trabalho e outros motivos não tão relevantes, preferem procurar seus direitos em uma corte que historicamente tem feito estragos incalculáveis nas finanças do Leão Azul.

Atualmente, os números da dívida trabalhista do Remo alcançam a cifra dos R$ 9 milhões, em valores atualizados recentemente, de acordo com a advogada do clube, Vanessa Egla. Segundo ela, no entanto, os casos decididos na martelada de um magistrado, diminuíram consideravelmente este ano. Até o momento, apenas 3 processos com origem em 2014 tramitam na Justiça: do ex-técnico Charles Guerreiro, do zagueiro Rogélio e do atacante Zé Soares.

O trio, em uma soma rápida, exigia do Remo algo em torno de R$ 2,5 milhões, um valor que, se alcançado, deixaria o Remo praticamente na miséria e só não deixou de fato graças às negociações incansáveis entre os representantes do clube e os advogados dos reclamantes. A pergunta que não quer calar é pertinente: por que os valores cobrados são tão elevados?

Das 3 ações ajuizadas contra o Clube do Remo, a de maior valor foi do meia-atacante Zé Soares, contratado como uma das armas do time para a disputa da Série D. Em campo, o atleta fracassou, ainda que tenha sido ovacionado em seu retorno a Belém. Zé Soares foi o típico caso de “compra de gato por lebre” que no fim das contas quis dar ao clube um enorme “presente de grego” em sua despedida precoce por falta de produtividade.

“Zé Sores pede R$ 1,25 milhão. Em relação a ele, o Clube do Remo tentou fazer um acordo, mas ele não aceitou. A princípio, o valor exigido foi de R$ 1,4 milhão e acabou em desistência por parte dele devido alguns erros de cálculos. O Remo não manifestou aceitar e uma audiência de instrução foi marcada para o dia 01/12”, explica Vanessa Egla. Na audiência de instrução, o juiz do caso analisará todas as provas e irá proferir a sentença final.

As demais, não menos onerosas, já foram resolvidas através de acordos. “A primeira ação que chegou em nossas mãos decorrente da temporada de 2014 foi a do ex-técnico Charles Guerreiro. Ele pediu na Justiça um total de R$ 363 mil, mas fizemos um acordo que ficou em R$ 150 mil, divididos em uma parcela de R$ 25 mil e o restante em parcelas de R$ 10 mil”, prossegue.

Por fim, o zagueiro Rogélio foi mais um a jogar o Leão na Justiça. “No caso do Rogélio, o jogador fez um contrato de 1 ano, mas cumpriu apenas 2 meses e meio. Quando foi desligado, recorreu à Justiça para pedir um total de R$ 711.457,00, mas na audiência do último dia 14/10, nós conseguimos fechar um acordo em R$ 120 mil, fixado em 12 parcelas de R$ 10 mil”, detalha.

Diário do Pará, 19/10/2014