Fenômeno Azul
Fenômeno Azul

Dos 10 times que disputam o Campeonato Paraense do ano que vem, o Clube do Remo é que está com o trabalho mais atrasado. Por causa das disputas internas, a primeira eleição, em novembro, foi anulada e a segunda só aconteceu neste sábado, 13/12.

Os problemas para montar o elenco, a comissão técnica e a diretoria vêm sendo esmiuçados desde que foram oficializadas as duas chapas que concorreram à presidência. Também como já foi dito, com exceção do Paysandu, nenhum dos outros 8 clubes que estarão no Parazão devem ter um elenco tão forte quanto os dois da capital. Se um deles será campeão, é outra história, mas os investimentos são bem maiores para a dupla Re-Pa.

Tudo isso não seria um problema tão relevante no Baenão, não fosse o principal objetivo azulino no ano o Campeonato Brasileiro e a tentativa de acesso da Série D para a C. Esse é uma meta que vem sendo tentada há 4 anos e que vem tendo sempre o mesmo e decepcionante fim para os torcedores.

As sucessões de erros vêm se acumulando em todo esse começo de milênio, mas nos últimos 6 anos o Leão Azul tem sido pródigo a maltratar a torcida, que mesmo com toda a falta de consideração tem se mantido inalterada na paixão e mantendo uma excelente média de público ano após ano. Desde que passou a frequentar a última divisão do futebol nacional, o Remo viu suas péssimas campanhas em contraponto com clubes igualmente tradicionais e que também estavam perto do fundo do poço, deram a volta por cima.

Sampaio Corrêa (MA), Joinville (SC) e Santa Cruz (PE) também amargaram anos de crises, indefinições e, no fim, souberam sair da crise. Tubarão e Coral hoje estão na Série B, enquanto o JEC conseguiu a volta para a elite do futebol brasileiro. O que sobrou neles e faltou no Remo?

Com explicações diferentes e caminhos distintos, esses exemplos chegaram a uma posição confortável com a implantação do profissionalismo. Se o Sampaio primeiramente contou com um mecenas para sanear as dívidas, os outros dois foram atrás dos sócios, trabalhos com os pés no chão, sem megalomania e com folhas salariais dentro do que poderiam pagar.

[one_third last=”no”]Sampaio Corrêa (MA)

A “Bolívia Querida” contou com um expediente batido no futebol para dar a volta por cima: o mecenato. O então presidente Sérgio Frota investiu pesado do próprio patrimônio e, desde 2012, o clube de São Luís (MA) começou a ver dias melhores, quando voltou para a Série C. Em tempo, colocar dinheiro do próprio bolso é um convite ao fracasso de qualquer clube de futebol mas, no caso maranhense, o dirigente seguiu um caminho diferente. Ao invés de contratações caras, o investimento foi na estrutura do clube.

O clube contou com reconstrução do Centro de Treinamentos “José Carlos Macieira”, avanços no Departamento Médico e o abatimento de grande parte de uma dívida trabalhista deixada por outros dirigentes. Em sua volta à Série B desse ano, o Sampaio teve uma excelente campanha para o investimento de seu Departamento de Futebol, ficando com a 10ª posição.[/one_third][one_third last=”no”]Santa Cruz (PE)

O tricolor pernambucano disputou a Série A pela última vez em 2006, quando foi rebaixado na última colocação. Em 2007, nova queda, desta vez à Série C, graças à 17ª posição na Segundona. Após um ano na Terceirona, o Santa chegava à Série D em 2009, sendo eliminado na primeira fase. Era o “coroamento” do calvário do Santa Cruz (PE), dono do maior estádio particular do Norte e Nordeste e de uma torcida que mantinha uma média de público impressionante ano após ano.

Em 2011, o time foi vice-campeão da Série D e conseguiu o acesso. Foi somente ano passado que o Coral subiu para a Série B ao ser campeão da C. Com exceção de poucos medalhões, como o atacante Dennis Marques até o ano passado, a diretoria do clube pernambucano manteve uma administração mais lúcida, apesar de ainda contar com problemas de atrasos salariais. Nem mesmo a pressão pela volta a Série B mudou essa postura. Mesmo com momentos em que dava a impressão que disputaria o acesso, a equipe ficou em 9º e a temporada foi considerada superavitária.[/one_third][one_third last=”yes”]Joinville (SC)

Atual campeão da Série B e garantido na Série A de 2015, o JEC passou 2008 e 2009 sem disputar o Campeonato Brasileiro. Em 2010, vem a participação na Série D e, após punição ao América (AM), o tricolor catarinense herdou o acesso. No ano seguinte, veio o título da Série C. Depois disso, foram três anos na Série B até o fim do jejum que já durava 28 anos longe da elite. Foi o terceiro acesso do time catarinense em 5 anos.

A situação do JEC é diferente tanto de Sampaio Corrêa (MA) e Santa Cruz (PE), sem falar do Clube do Remo. O interior catarinense é uma das regiões mais industrializadas e ricas do Brasil, sendo que Joinville (SC) é uma das cidades expoentes do Estado. Ainda assim, não houve “derrame” de dinheiro. A folha salarial do time campeão da Segundona é substancialmente menor de que muitos dos concorrentes. Os R$ 700 mil que oficialmente são pagos aos atletas é o mesmo montante pago ao elenco do Paysandu na Série C, por exemplo.[/one_third]

Amazônia, 14/12/2014