Fenômeno Azul
Fenômeno Azul

Ninguém acreditaria se não estivesse no site da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) às 18h32, da última sexta-feira (05/07). “Série D: partida cancelada” era o título da matéria que tratava do cancelamento da partida entre Gênus (RO) e Nacional (AM), que aconteceria neste domingo. O documento deixava claro que a ação impetrada pelo torcedor do Clube do Remo, Wendell de Souza Figueiredo, surtiu um efeito. “Acatando a decisão da 10ª vara da Comarca de Ananindeua, no Pará, a partida entre Gênus x Nacional, válida pela terceira rodada do Campeonato Brasileiro da Série D, está cancelada”, dizia o documento.

De onde menos se esperava, reapareceu a última esperança para a comunidade azulina. Tudo começou no dia 08/06, quando Wendell conseguiu uma liminar para suspender a partida entre Paragominas e Gênus, válida pela segunda rodada do Brasileiro da Série D. O documento foi concedido pelo juiz de plantão Raimundo Rodrigues Santana, na 10ª Vara da Comarca de Ananindeua, mas a liminar não teria chegado a tempo no local do jogo, o estádio Arena Verde. Contudo, o episódio não parou a ação de Wendell.

Orientado pelos advogados Walber Mota e Vanessa Egla, Wendell recorreu alegando que a CBF descumpriu a Lei nº 10.671/2003, o Estatuto do Torcedor, por não ter divulgado a tabela e o regulamento com sessenta dias de antecedência ao início da competição. Na última sexta-feira, o mesmo juiz de Ananindeua deu o parecer favorável e, com um advogado no Rio de Janeiro, local da sede da CBF, a notificação chegou até a parte contrária.

“É importante frisar que esta não é uma ação do Remo, mas sim de um torcedor que se sentiu insatisfeito e prejudicado. O Estatuto do Torcedor se equipara ao do consumidor”, compara o advogado Walber Mota. Dessa forma, por mais que a entidade máxima do futebol tenha entrado com uma representação no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), o Remo não corre risco de sofrer qualquer tipo de punição por se tratar de uma ação de um torcedor e não da entidade Clube do Remo. “É uma atitude de praxe da CBF levar ao STJD”, garante Walber.

Reunião em Brasília nesta segunda-feira pode resolver tudo

Com o meio de campo armado, os advogados agora preparam suas estratégias. A primeira tem por base o não cumprimento dos prazos determinados pelo regulamento da competição e, o segundo, no ranqueamento das Federações. Apesar do respaldo, os advogados procuram um caminho mais fácil através de acordo com a CBF para colocar um ponto final nessa história. Essa, talvez, seja a principal estratégia deles, já que existe uma reunião agendada para esta segunda-feira (08/07), em Brasília (DF), com representantes da Confederação Brasileira de Futebol e que vai contar com o apoio de alguns deputados federais da bancada paraense que têm interesse em ajudar o Leão Azul.

“As expectativas são boas. Acreditamos que esse acordo é o melhor caminho para todos. Não queremos a exclusão do Gênus, queremos a bola rolando com a inclusão do Remo no Grupo A1”, afirma o advogado Walber Mota. Os advogados responsáveis pelo processo sustentam suas convicções no exemplo ocorrido na Série C, quando, por via de um acordo, a CBF incluiu o Rio Branco (AC) no grupo A, deixando a chave com 11 participantes, para evitar transtornos e desgastes. É dessa forma que Mota pensa que pode acontecer o desfecho da Série D.

A estratégia do acordo anima até mesmo a diretoria do Leão que, no geral, se mostra cautelosa. “Ficamos muito felizes em saber que existem vários deputados em prol do Remo e que estão empenhados nesse acordo, mas nós, como diretores, continuamos com os pés no chão”, afirma Maurício Bororó, diretor de futebol.

Agora, é esperar o desenrolar dos fatos a partir de amanhã. No mais, o grupo de torcedores envolvidos esbanja confiança. “É um sentimento de dever cumprido por todos nós. Foram dias de trabalho árduo que surtiram efeito. Nós todos estamos muito felizes”, finaliza Walber Mota. Afinal, como diz um trecho do hino azulino, “em cada um de nós mora a esperança”.

Diário do Pará, 07/07/2013