Ramon
Ramon

Atlético (MG), Corinthians (SP), CSKA (Rússia), Krylya Sovetov (Rússia), Flamengo (RJ), Bahia (BA), Náutico (PE) e agora Remo. Esses são alguns dos clubes por onde o atacante Ramon Osni Moreira Lage, de 24 anos, jogou como profissional. Conhecido no meio do futebol como “Ramon, o Predador”, apelido que ganhou logo que surgiu como um jovem promissor no Galo – por conta das tranças que usava no cabelo, na época -, o atleta negou que seja um bad boy.

A fama de “baladeiro” surgiu após sua passagem pelo Parque São Jorge. Depois de passar pelo futebol russo sem muito destaque, ele voltou ao Brasil para defender o Flamengo, onde ele também não conseguiu brilhar. Para piorar, ele acabou batendo de frente com os treinadores Andrade e Rogério Lourenço. No Bahia, em 2011, e no Náutico, no ano passado, o meia-atacante também não chegou a convencer. Por tudo isso, Ramon vive um recomeço em Belém, onde chegou no início da semana para defender o Leão Azul.

A passagem pelo clube paraense é encarada pelo jogador como um renascimento na profissão que abraçou ainda criança. Fora de campo, ele tem seguido à risca o script de afastar a fama de encrenqueiro. As únicas referências a uma possível “marra” são o vestuário estiloso. Até as tranças ele abandonou, adotando um corte de cabelo bem mais comportado. Fora isso, Ramon mostra-se educado, tranquilo e paciente nas entrevistas.

No quesito futebol propriamente dito, Ramon sabe que terá que fazer muita coisa em campo para conquistar a torcida do Remo. Contratado com o status de “estrela”, por um período de dois anos, o novo camisa 10 da equipe azulina chegou um pouco acima do peso ideal e ainda vai precisar de alguns dias para adquirir condições de jogo. Mesmo assim, ele promete lutar para ficar à disposição da comissão técnica para Re-Pa do próximo final de semana.

No início da carreira, no Atlético (MG), você era apontado como um futuro ídolo do clube, mas essa previsão não se confirmou. O que provocou sua saída do Galo?

Tudo aconteceu muito rápido na minha carreira. Cheguei muito cedo ao Atlético e já fui subindo para os profissionais logo com 16 anos. Na época, o Tite queria me utilizar e eu não iria reclamar. Foi então que um grupo de empresários comprou os meus direitos econômicos. Mas quando o clube caiu para a Série B, a pressão foi muito grande e o investidor que tinha adquirido meu passe preferiu me colocar no Corinthians. Por isso, nem tive tempo para criar identidade com o Galo.

Desde então, você passou por vários clubes brasileiros e até do exterior. Porque não conseguiu se firmar em nenhum deles? Algum fator extra-campo atrapalhou seu desempenho nestes clubes?

Acredito que no começo da minha carreira, algumas atitudes que tomei foram erradas. Na época, eu tinha algumas amizades que só queriam se aproveitar do que eu tinha, mas só fui compreender isso mais tarde. Foi por causa disse que acabei prejudicando um pouco minha imagem, mas em alguns casos, como no Flamengo, acabei sendo prejudicado pelos treinadores (Andrade e Rogério Lourenço). Mas isso tudo é passado. Ainda sou jovem e tenho certeza de que ainda posso despontar como um grande jogador.

O que aprendeu nesses anos como um “andarilho da bola”?

Muita coisa, principalmente a respeitar a cultura de lugares diferentes. Por exemplo, na Rússia, tinha vezes que a gente só treinava à noite. No Brasil, você treina em dois períodos quase todos os dias. Aqui em Belém, pelo que já me disseram, vamos enfrentar muitos campos pesados, por causa das chuvas. Mas tenho que me preocupar mesmo é em jogar bola. Fora de campo, tudo vai acontecer naturalmente.

Quando sua contratação pelo Remo foi anunciada, algumas pessoas se referiram a você como um “bad boy”. Porque isso acontece?

Acredito que o que aconteceu comigo foi o mesmo que aconteceu com muitos jogadores jovens. Comecei minha carreira profissional muito cedo. Fui comprado por um grupo de empresários aos 16 anos e isso mudou minha vida. Agora, tenho personalidade e, para mim, não tem tempo ruim. Falo tudo mesmo. A imprensa mineira pegava muito no meu pé e eu respondia à altura. Creio que essa imagem que tinham de mim já está ficando para trás.

Falando um pouco sobre o Remo, você está pronto para a provável estreia no Re-Pa?

Estrear em um clássico é tudo que qualquer jogador gostaria, mas ainda preciso recuperar o condicionamento físico. O que posso dizer para o torcedor do Remo é que vou trabalhar duro nos próximos dias para, pelo menos, poder ficar no banco de reservas no Re-Pa. Não quero ficar de fora de jeito nenhum.

O Liberal, 20/01/2013