Charles Guerreiro
Charles Guerreiro

A última camisa que Charles Guerreiro vestiu quando era jogador foi azulina. Cor inconfundível das vestimentas dos atletas do Clube do Remo de épocas de glórias. O azul-marinho continua lá estampado, mas os tempos são outros. A glória deu lugar a sofrimento e Charles nem atua mais nas quatro linhas. O ex-jogador de Remo, Flamengo (RJ) e Seleção Brasileira virou técnico e, há uma semana, assumiu a missão de comandar justamente o seu último time como jogador, agora, não mais como interino – quando foi auxiliar de Tita, em 2005 -, mas sim pelos próximos 18 meses.

Charles retornou ao Baenão com o mais novo “salvador da pátria”. Há cinco anos amargando fracassos, a diretoria do Remo anunciou Guerreiro como mais novo treinador do Leão. Aposta alta, dizem por aí, no atual treinador vice-campeão paraense e tendo no currículo boas passagens pelos principais clubes do Pará. No retorno à antiga casa, Charles Guerreiro garante. “Estou muito mais maduro agora e vim pelo desafio de comandar um time grande”, disse.

Como tem sido trabalhar esses dias todos sem uma definição final à respeito da Série D? É como no escuro? Já tinhas passado por essa experiência?

Fui contratado para disputar a Série D, mas tenho o “Plano B” que são fazer amistosos visando a preparação para o ano que vem. Estamos acreditando nessa vaga tanto que o grupo está motivado. É um clube que tem uma grande torcida e aguarda essa vaga. Nós temos que continuar trabalhando e esperando até segunda-feira. Temos que trabalhando motivando o grupo nesse sentido.

Da mesma forma, você, juntamente com Edmilson Melo (técnico das categorias de base) estão colocando o time pra treinar a todo vapor, com coletivos atrás de coletivos. Observamos que você tem misturado jogadores das categorias de base com profissionais. Por que isso? Já é visando formar uma base?

Quando cheguei no sábado, nós fomos assistir o jogo do sub-20 e vi que de 5 a 6 jogadores se destacam. São jogadores que vamos dar prioridade. Por onde passei, formei um time e revelei jogadores. Temos que sempre pensar nessa hipótese da Série D, mas o pensamento da base não pode deixar de existir porque o Clube do Remo pode até ganhar dinheiro no futuro com eles.

Seu nome foi um dos primeiros especulados assim que Flávio Araújo foi embora, mas você se envolveu em uma história curiosa de ir e voltar ao Remo em um espaço de 24 horas. O contato da diretoria do Remo com você foi imediato? O que você pode falar desse episódio?

A conversa só aconteceu depois da final com o Paysandu. Eles tinham interesse e eu também em aceitar a proposta. O que aconteceu foi que acho que ansiedade de divulgar o nome treinador logo pesou. Vinha de uma boa campanha no Paragominas, onde coloquei o time na final do campeonato (paraense), na Série D e na Copa do Brasil. Foi uma empolgação até para dar uma satisfação ao torcedor e acabou atrapalhando porque ainda não havia conversado com o presidente do Paragominas (Jorge Formiga).

Por sua experiência em Parazão, o Clube do Remo tem condições de formar um boa base com atletas do próprio clube e conseguir ser campeão?

Consegue, mas não podemos achar que só com a base vai conseguir o objetivo. Nossa ideia é preparar esses garotos. De repente fazer um jogo amistoso com uma equipe grande pra eles já sentirem a pressão e o calor da torcida. Quando começar a competição, eles têm que estar pronto da melhor maneira. Ás vezes você lança um deles e o cara vem com defeito da base. Então o elo entre a base e o profissional tem que ser constante.

Muitos técnicos já tiveram a mesma oportunidade que você está tendo de tentar reerguer o Clube do Remo, mas falharam e o ostracismo no clube já dura cinco anos. Por que torcedor pode acreditar que dessa vez, sob o comando de Charles Guerreiro, vai ser diferente?

A gente conhece o futebol paraense e brasileiro. Antes de vir para cá, tive experiências em Séries A, B, C e D, além dos campeonatos regionais. São experiências que passei nos últimos anos. O futebol paraense da maneira que é, você não pode trazer muitos jogadores de fora, mas sim os melhores, onde você precisa do cara de qualidade mesmo e vai fazer a diferença. O ideal é trazer sete bons jogadores que vão resolver e mesclar com os daqui.

Diário do Pará, 02/06/2013