Remo 2x0 Paragominas (Fábio Paulista)
Remo 2x0 Paragominas (Fábio Paulista)

Governo do Estado e Prefeitura de Belém prometem cumprir à risca as normas da lei nº 10.671, conhecida como Estatuto do Torcedor, no clássico Re-Pa que acontecerá no próximo domingo, no Mangueirão. Os governos pretendem coibir qualquer ato de violência ou que viole a legislação, encaminhando os infratores ao juizado especial instituído no Mangueirão, onde, ainda no domingo, serão arbitradas punições. Até os atletas de Remo e Paysandu poderão ser punidos caso façam qualquer tipo de menção a torcidas organizadas proibidas durante uma comemoração de gol, por exemplo.

Os jogadores estão cientes sobre a proibição. Se ainda assim houver alguma referência a essas torcidas, o jogador também passará pelo procedimento judicial, assim como os torcedores. “Em outra partida, ainda no estádio da Curuzu, houve uma manifestação desse tipo partindo de jogador. Nós conversamos com a direção do clube, orientamos. Agora saímos dessa fase”, garantiu o coronel Campos, da Polícia Militar, em entrevista coletiva realizada na tarde de ontem.

As ações fazem parte da estratégia para diminuir a violência em eventos esportivos, como os confrontos do último Re-Pa. Na ocasião, torcidas rivais se enfrentaram em plena avenida Almirante Barroso e, no bairro do Paar, município de Ananindeua, um torcedor do Paysandu foi assassinado por um torcedor rival. A partir de uma decisão do Ministério Público do Estado (MPE), PM e Polícia Civil, cinco torcidas organizadas foram proibidas de adentrar o estádio: Torcida Bicolor e Facção Jovem Bicolor (pelo lado do Paysandu) e Torcida Remista, Piratas Azulinos e Pavilhão 6 (do Remo).

A nova orientação do governo estadual foi iniciada após a morte de um torcedor no último Re-Pa. Durante uma reunião, a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Segup) anunciou uma “força-tarefa” para dias de jogos e apresentou um homem acusado de ser o autor dos disparos que mataram Ronald Thyego Pessoa Cunha, 25 anos, após a partida, em uma briga de torcidas. Ele era integrante da Torcida Uniformizada Terror Bicolor (TUTB) – extinta em 2004 por força de uma ordem judicial.

No decorrer desta semana, a Academia de Polícia Civil realizou um seminário, em parceria com o Ministério Público do Estado (MPE), sobre a aplicação do Estatuto. Ainda esta semana, a Justiça do Estado mostrou como funcionará o Juizado Especial, previsto no Estatuto do Torcedor, a ser instalado no Mangueirão em jogos de grande porte, como o Re-Pa.

O sistema de segurança do próximo domingo envolve 1.200 homens, de órgãos municipais e estaduais, do Executivo e do Judiciário. A partir das 08h, o portão B3 será aberto para os ambulantes que trabalharão no estádio. Já com apoio da PM, a Secretaria Municipal de Economia (Secon) impedirá que não bebidas alcoólicas não entrem no estádio, assim como prevê o Estatuto do Torcedor. “Só entrarão vendedores com camisa e crachá emitidos pela associação dos ambulantes do estádio”, adianta a diretora geral da Secon, Celina Oliveira.

Assim como em outros jogos, o estacionamento será dividido em duas praças de alimentação. Segundo a diretora, os trabalhadores tinham o hábito de, após o início da partida, fixar barracas no anel viário que circunda o estádio. “Vamos impedir esse deslocamento para que não obstruam o trânsito ao final do jogo”. Vendedores que comercializarem bebidas alcoólicas serão encaminhados para a seccional do estádio e, então, ao juizado especial do Mangueirão.

Delegacias vão receber reforço

As seccionais próximas e, também, em outros bairros da cidade receberão reforço no dia do Re-Pa. Segundo o delegado Roberto Teixeira, diretor de Polícia Metropolitana, as unidades da Pedreira e do Marco, que funcionam normalmente meio período em fins de semana, ficarão abertas durante todo o dia. “Na unidade do bairro da Marambaia, que funciona período integral, haverá uma equipe extra de cinco investigadores”, explicou o delegado, lembrando que seccionais dos bairros do Bengui e Cabanagem, que funcionam meio período em fins de semana, também terão expediente ampliado.

As sanções para infratores do Estatuto do Torcedor deverão ser as chamadas punições alternativas. Nelas, estão incluídos pagamento de serviços comunitários e doação de cestas básicas a entidades assistencialistas. O Estatuto prevê também uma pena alternativa específica, para os chamados crimes de menor potencial ofensivo. Já aplicada em países europeus, a pena consiste na restrição de torcedores que infligirem a lei, que serão proibidos temporariamente de irem aos estádios durante os jogos. Os infratores teriam de se apresentar antes dos jogos, permanecendo longe dos estádios até o término da partida.