Marco Antônio Pina (Magnata)
Marco Antônio Pina (Magnata)

O advogado Marco Antônio Pina, um dos candidatos à presidência do Remo, conhecido no futebol também como “Magnata”, tem 41 anos e já exerceu diversos trabalhos no Leão: diretor jurídico, de estádio, de futebol, além de ter sido vice da gestão de Zeca Pirão. Ele afirmou que decidiu concorrer ao cargo em razão da história que construiu no clube azulino.

“Tenho 17 anos de sócio do Remo e mais de 10 anos de serviços prestados em diversos cargos. Transitei em todas as esferas do clube: sede, Departamento Jurídico, Baenão. Penso que o Remo precisa avançar, melhorou um pouco, mas precisa de uma acelerada na parte administrativa, principalmente no futebol, no esporte olímpico. Tratar melhor o seu torcedor, escuto muita reclamação dele, que é o nosso maior patrocinador e patrimônio”, disse.

Marco Antônio afirmou que não se considera oposição ao trabalho do atual presidente, Manoel Ribeiro, apesar de não concordar com alguns pontos do trabalho desenvolvido pelo “Marechal da Vitória”. Vale ressaltar que o advogado fez parte da diretoria de futebol no primeiro ano da gestão de Ribeiro.

Magnata pede mais união entre os remistas, inclusive, com o fim de “fofocas” e denúncias nos bastidores das pessoas que formaram ou que ainda formam o Remo.

“Para o cara querer ser presidente de um clube como o Remo, com tanta pressão e cobrança, não basta só querer, tem que conhecer os bastidores, a politicagem interna, mas isso está demais. Hoje, o clube está rachado, desunido. Alguns usam um termo muito forte, cheio de ‘facções’, mas é verdade. O Remo precisa realmente ir para um novo rumo e penso que 2019 será um ano muito importante”, comentou.

“Estamos ficando para trás de clubes até então considerados menores ou de médio porte, ficando só com a história e torcida, mas título, conquistas, acessos, a gente não tem”, observou o candidato.

“Não me considero oposição e nem situação. Temos que iniciar um caminho de união no clube. As pessoas brigam entre si quando nós, remistas, poderíamos nos unir e brigar pela instituição. Parar de usar rede social, muita calúnia, difamação, injúria, dizendo que todo mundo é ladrão, que roubou o Remo”, citou Magnata.

“Eu mesmo, assim como os outros pré-candidatos, ninguém vive do Clube do Remo. Tenho a minha profissão e os outros também tem, doamos o nosso tempo. Desgasta com a família, financeiramente, ainda é taxado de ‘ladrão’, às vezes, por gente de dentro do clube que fomenta isso, até alguns setores da imprensa. A torcida que está aqui fora não sabe do esforço, o que a gente deixa de fazer, se dedica ao clube de maneira honesta. Nunca tirei 1 real do Remo, não preciso do clube para viver, muito pelo contrário, coloquei muito e nunca vou cobrar. Paguei a minha vaidade, amo o que faço”, revelou.

Um dos principais pilares do projeto desenvolvido por Magnata é o alto investimento nas divisões de base do Remo. O advogado afirmou que, caso seja eleito, deve contar com a experiência do técnico Walter Lima, com passagem pelo próprio Leão e que hoje está na Desportiva, e que já tem um local que pode abrigar os treinamentos dos jovens atletas remistas.

“Sou um apaixonado pelas divisões de base, mas nunca tive oportunidade de trabalhar na base do clube. Não tem outra saída, tem que trilhar esse caminho com um projeto sério, não só dando material e bola, com um espaço, mesmo que seja uma parceria com 2, 3, 5 campos, uma gama de profissionais, mesmo que reduzida, com psicólogo, assistente social, odontólogo. Tem garoto que vai para o treino e não tomou café, não dormiu porque o pai espancou a mãe, várias situações do dia a dia que influenciam. O profissional não tem academia, o que dirá a base. Chega na Copa São Paulo e vê a diferença do Norte para o Sul e Sudeste. A base é prioridade. Venho conversando com pessoas da área, em especial com o Walter Lima, que respeito muito, está elaborando um projeto dentro da realidade do Remo e do Norte”, falou.

“Esse terreno existe, fica no Tenoné, perto de Icoaraci. São 6 campos, sendo 2 com tamanho padrão Fifa, 2 médios e 2 pequenos. Fiquei encantado e maravilhado. Falei com o pessoal responsável pela área e gostaram da minha ideia, que seria uma parceria, não uma compra, um arrendamento de 2 anos, um pontapé inicial para uma base mais organizada. A partir daí, iríamos em busca de adquirir uma área não desse tamanho, mas uma para 3 campos. Para quem não tem nada, é bom demais. É colocar em prática um plano para as divisões de base”, informou.

No que se refere ao futebol profissional, Magnata promete manter o técnico Netão no cargo e continuar com a estrutura de futebol autônomo, sem necessariamente seguir com os mesmos nomes que formam a diretoria. Ele sondou Sérgio Papellin, atualmente no Fortaleza (CE), para exercer novamente a função de executivo no Leão, repetindo o trabalho exercido no Baenão em 2008.

“O modelo de gestão que a atual diretoria formou com essa comissão de futebol é interessante, deve dar continuidade. Com relação ao executivo, estive em julho em Fortaleza (CE), de férias, e aproveitei para ir no Fortaleza (CE), clube que tenho carinho, conheço o ex-presidente, viramos amigos. Bati um papo com o (técnico) Rogério Ceni sobre futebol e estrutura e não pude deixar de falar com o Papellin. Fui bem direto, perguntei se ele tinha interesse de voltar ao Remo, se deixaria o Fortaleza (CE). Ele disse que sim, que adora desafios, que basta fazer a proposta e a gente conversar”, lembrou.

“Papellin é um profissional de destaque no cenário nacional e o Remo pode pagar e ter. Tenho muita vontade. Ari (Barros, atual executivo do Remo) é um excelente profissional e pode ficar como um gerente, mas a figura do executivo é de mais volume, exponencial, precisa de um trânsito maior nos clubes, conhecer jogadores. Papellin tem todos os requisitos e a experiência para assumir a função de executivo de futebol do Remo”, afirmou Magnata.

“Netão, por tudo o que fez, se dedicou ao Remo e foi um dos principais responsáveis pelo clube não estar na Série D, voltar ao inferno do futebol, sem dúvida nenhuma, caso consiga ganhar o pleito, vai iniciar o trabalho com toda a autonomia, com reajuste salarial adequado, para que possa, assim como os outros, ter a estrutura necessária para trabalhar, montagem do plantel. Já conversei com ele”, completou.

Marco Antônio Pina concordou com a maioria dos 10 nomes aprovados pelo Conselho Deliberativo para renovar o contrato visando a próxima temporada. Apesar de fazer apenas duas ressalvas, disse que o trabalho desenvolvido pelo Departamento Autônomo está correto.

“Com todo respeito, mas não vejo tanta coisa no (lateral-direito) Bruno Limão. Uma coisa é jogar no Bragantino, outra é no Remo, sob pressão. O próprio (zagueiro) Romário, penso que também podemos ir em busca de algo melhor, com todo respeito aos atletas. O interessante dessa diretoria foi dar autonomia ao trabalho bacana feito pelo Milton Campos, Miléo Júnior, (Marcelo) Dahás, Paulinho (Araújo). Pode não ter dado certo completamente no campo, mas na parte administrativa foi legal. Eles estão fazendo uma coisa que não me recordo nos últimos 10 anos, que é deixar um esqueleto. Pelo menos essa é a intenção, pois falta fechar com os atletas. O Condel deu o ‘ok’, mas negociado mesmo só o Vinícius”, disse.

Vale ressaltar que o zagueiro Mimica renovou seu contrato com o Remo até 2019, nesta sexta-feira (29/09), após a entrevista do candidato.

Uma das principais dificuldades do Remo nos últimos anos é o estádio Baenão, fechado para jogos oficiais. Magnata elogiou o projeto “Retorno do Rei”, que adiantou as obras na praça esportiva, e propõe uma parceria para que o local seja reaberto atendendo todas as determinações dos órgãos de segurança, inclusive com a realização partidas no período da noite.

“Não tenho como deixar de agradecer ao projeto ‘Retorno do Rei’. Se não fosse essa galera, o Baenão estaria entregue às baratas. Se eleito, vou institucionalizar o projeto para ter autonomia e avançar em algumas obras, como na sede, no futuro CT, na sede náutica. Vieram para ficar”, apontou.

“Sobre o Baenão, precisa voltar urgentemente, mas não ‘meia-boca’, para jogos só de manhã e à tarde. O Remo tem um patrimônio de R$ 100 milhões, não é possível que não consiga R$ 3 milhões para fazer a subestação, o projeto de iluminação”, observou.

“O Remo não pode se apequenar. Tem uma torcida muito grande, que coloca 30 mil de público em uma estreia de Estadual. É uma marca muito forte para ter um estádio para jogar às 15h30. É fazer parceria, tudo é negócio. Tem muita construtora interessada. Uma estreia do Baenão para 15 mil pessoas, à noite, no Campeonato Paraense, com ingresso a R$ 50, é R$ 750 mil só de renda. Montando um time competitivo, a torcida paga, imagina a saudade. Tem que ter um pouco de ousadia, coragem”, concluiu.

Globo Esporte.com, 28/09/2018