Zeca Pirão
Zeca Pirão

Já encerrado o período de inscrições, estão definidas as chapas para as eleições presidenciais do Clube do Remo. De um lado, a continuidade, representada pelo atual presidente, Zeca Pirão, e pelo vice Marco Antônio Pina, o “Magnata”. Do outro, uma oposição, com diferenças pontuais, mas com representantes dissidentes da atual diretoria, caso de Pedro Minowa e Henrique Custódio, candidatos a presidente e a vice, respectivamente.

O pleito está agendado para o próximo dia 08/11. As campanhas já se iniciaram, embora ainda não estejam em ritmo acelerado. Para se ter uma ideia, nenhuma das chapas apresentou um projeto explicando as propostas. Por enquanto, os eleitores azulinos, interessados em definir o seu voto, têm que se limitar a declarações esporádicas dadas a imprensa.

Será a primeira vez que o Clube do Remo terá eleições diretas para presidente, de acordo com o novo Estatuto, que rege a agremiação desde o ano passado. Estão credenciados para votar os sócios proprietários e remidos. Cada voto terá o mesmo peso, diferentemente de anos anteriores, quando apenas os integrantes do Conselho Deliberativo tinham direito a escolher o conselho gestor, sendo que o voto de um conselheiro tinha um peso menor do que o de um benemérito, por exemplo.

As eleições diretas tornam o resultado do pleito com um quê de inesperado. Há um certo favoritismo da chapa da situação, que teria conquistado o apoio de beneméritos e grandes beneméritos, que compõem o atual Conselho Deliberativo do clube, mas como sócios proprietários e remidos têm direito a voto, seria precipitado qualquer antecipação de definição.

Também serão eleitos novos conselheiros do Remo. O total de vagas é superior ao número de inscritos como candidatos. Desta forma, se cada conselheiro obtiver apenas um voto, garantirá a sua eleição, ocupando uma das cadeiras do Conselho Deliberativo do Remo.

Atual presidente aposta na continuidade

Embora tente uma reeleição, Zeca Pirão está disputando pela primeira vez este cargo eletivo, encabeçando uma chapa. Pirão se tornou presidente do Remo após Sérgio Cabeça se afastar do cargo, alegando problemas de saúde. O então vice-presidente assumiu. Há mais de um ano na condição de mandatário do Remo, Zeca Pirão implantou uma gestão com algumas ideias ousadas, como o investimento considerável no Departamento de Futebol, que acarretou em contratações tidas como surpreendentes, como a aquisição de Eduardo Ramos, ex-jogador do Paysandu, que liderou o projeto “camisa 33”.

Além disso, Pirão e sua diretoria comandaram uma reforma no estádio Evandro Almeida, o Baenão, que não envolveu nenhuma mudança estrutural significativa efetivamente implantada, embora tenha dado um novo perfil ao estádio: com pinturas, um bar temático e a utilização de vidros temperados, substituindo a velha estrutura do alambrado. Outra característica da atual gestão é a presença, quase que diária, dos diretores na rotina do futebol.

Em 2014, o projeto acabou sendo agraciado com o título estadual, apesar dos altos e baixos da equipe, com a utilização de três treinadores. O primeiro passo foi dado, com a vaga na Série D sacramentada. No entanto, a irregularidade da equipe pesou no segundo semestre e o Remo não obteve o principal objetivo da temporada, que era o acesso à Série C do Brasileirão.

Candidato a vice, Marco Antônio Pina foi ao Baenão e conversou com a imprensa. Segundo ele, a ideia é de agregar remistas em torno do projeto. “Ainda vamos organizar uma coquetel para celebrar o lançamento e o que temos a fazer nestes dois anos, caso nós sejamos reconduzidos”, informou.

Na cerimônia de lançamento, que deve ocorrer nesta semana, será definido uma denominação para a chapa. “No mais tardar terça-feira (14/10) teremos um nome”, adiantou “Magnata”, que não explicitou as propostas de trabalho, mas falou em continuidade. Estão sendo realizadas reuniões com beneméritos, grandes beneméritos e conselheiros, para firmar apoio.

Oposição azulina prefere afagar

Talvez o estigma de oposição não se encaixe bem na composição entre Pedro Minowa e Henrique Custódio. Ambos são dissidentes da atual diretoria do futebol profissional e do amador. Minowa, candidato a presidente, foi convidado recentemente a assumir um cargo na diretoria colegiada do futebol amador. Ele entrou, apagou um princípio de incêndio, evitando a debandada de outros diretores, que chegaram a alegar pouco apoio da alta cúpula do clube.

Minowa concorre à presidência do clube pela terceira vez. Nas outras duas vezes, embora seja um empresário de sucesso do ramo de engenharia, teve uma votação pouco expressiva. É considerado folclórico pelo jeito pausado de falar e não é tido como favorito.

O candidato a vice, Henrique Custódio, administrou o futebol profissional há cerca de um ano. Neste segundo semestre, sumiu do Baenão, dando um claro indicativo de que lançaria uma composição para bater chapa. “Acho a gestão do Pirão boa, ousada. Até me surpreendi quando ele disse que seria candidato, porque antes falava que não viria para reeleição”, disse. “Acabamos lançando a nossa chapa e agora não tem volta, já está registrada”, frisou, evitando qualquer tipo de composição.

Para combater a tendência de reeleição, Henrique Custódio fala que a oposição tem apoio de correntes dentro do Remo. “Recebemos grandes remistas e empresários”, disse, sobre a cerimônia de lançamento da chapa. “Nosso objetivo é a modernidade do clube. Não vamos tratar o Remo apenas como time de futebol, e sim como um clube, em todos os aspectos”, explicou.

Custódio reiterou que, em caso de eleição, vai concluir, o mais rápido possível, o estádio Baenão, que ainda carece de investimentos para concluir o projeto, envolvendo as cadeiras e camarotes da praça esportiva.

Amazônia, 13/10/2014