Cacaio é um cara profissional. Foi ídolo do time do outro lado da Almirante Barroso, mas também jogou muita bola com a camisa do Remo. Fez parte daquele timaço de 1993, ao lado de Biro-Biro, Alberto, João Santos, Romeu, Agnaldo, Belterra… Mesmo que já tenha dado entrevistas, logo que começou a carreira de treinador, afirmando ser um sonho comandar os listrados, não há motivos para duvidar de que irá se empenhar ao máximo agora que assumiu o cargo no Leão após a demissão de Zé Teodoro. Até porque esta é a sua principal oportunidade de deslanchar na profissão e ele, certamente, não quer desperdiçá-la.
Com experiências esporádicas em times como Americano (RJ), Itaperuna (RJ) e Serra (ES), Cacaio só passou a levar a sério sua nova função no futebol ao voltar para o Pará, em 2012. De lá pra cá, fez trabalhos muito bons no Cametá (campeão de turno) e, principalmente, no Paragominas, quando cumpriu campanha excelente na Série D de 2013, terminando a fase de grupos com o melhor aproveitamento. O time do interior só não foi adiante porque um jogador escalado irregularmente causou a perda de 6 pontos no STJD.
Conta a seu favor, portanto, o conhecimento que tem do futebol local. Ele vive a nossa realidade há 4 anos. Em um campeonato de tiro curto – e que está na sua reta final – isso é essencial. Não adiantaria trazer ninguém de fora para realizar no máximo 4 jogos. Até conhecer o elenco e as peculiaridades regionais, o Parazão já teria terminado. Cacaio sabe o que vai enfrentar, tanto em termos de pressão quanto de adversários propriamente ditos. Além de já ter uma ideia quanto ao time que terá em mãos, claro.
Fora que nada está perdido. Uma vitória contra o Paragominas no dia 12/04 e estamos classificados às semifinais. O Remo não depende de ninguém. A essa altura, precisamos do básico: um time eficiente, que jogue um feijão com arroz, faça o simples. Um time assim, Cacaio já demonstrou que sabe armar. Fico tranquilo quanto a isso. Já o aspecto emocional, esse me preocupa. Tomar uma peia como a de domingo (29/03) dói na alma, deixa todo mundo cabisbaixo e o Remo terá uma sequência complicada a cumprir. Cacaio tem que ser também motivador.
O Parazão pode ter alcançado um certo nivelamento nos últimos anos, mas Remo e Paysandu seguem muito à frente dos demais times em relação à força do nome, visibilidade. Caso consiga levar o Remo à Série D (Copa Verde e Copa do Brasil, o que vier é lucro!), Cacaio elevará o seu status como treinador. Ele esperava por uma missão dessa natureza desde 2012, é uma oportunidade única. Vamos torcer para que ele a aproveite.
Confraria Azulina, 30/03/2015
