Projeto Conciliar
Projeto Conciliar

Com uma dívida trabalhista de aproximadamente R$ 12 milhões, o Departamento Jurídico do Remo continua atrás de algumas soluções para abater o débito antigo e aliviar as finanças do clube. Depois de pagar uma pequena parte da conta, graças aos bloqueios de renda nas partidas disputadas pelo time em Belém durante o Campeonato Brasileiro da Série D, na manhã desta sexta-feira (27/11) a diretoria deu o pontapé inicial para negociar com seus credores.

Durante um encontro na 13ª Vara do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (TRT8), os advogados André Meia, representante dos azulinos, e Henrique Lobato, que presta serviço à 27 ex-funcionários do clube, conversaram na presença da desembargadora Francisca Formigosa, com o objetivo de chegar a um acordo satisfatório para ambas as partes.

Segundo a magistrada, a reunião faz parte do Projeto Conciliar, que é uma política pública constituída pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para que todos os Tribunais, não apenas os Trabalhistas como também a Justiça Federal e a Estadual, possam resolver processos que são encaminhados para a conciliação.

“O Projeto Conciliar, no nosso Tribunal, existe desde 2008, e o Clube do Remo, assim como outras várias empresas, procurou o Projeto para resolver as execuções que estão em andamento. Hoje (sexta-feira) nós tivemos a primeira rodada. No decorrer do ano de 2016, esses processos deverão ser pagos e nós vamos dar continuidade a outros processos e acordos”, explicou Formigosa.

Segundo André Meira, o principal objetivo do Departamento Jurídico do Remo atualmente é trabalhar para pagar as suas dívidas e, consequentemente, evitar as ameaças de leilões dos patrimônios do clube.

“Nós estamos na primeira rodada de conciliações do Projeto Conciliar, voltando a atuar no projeto como nós fizemos entre 2007 e 2008. Já tínhamos depositado R$ 1,46 milhões e mais a última parcela do (patrocínio do) Banpará de novembro. Estamos usando esse dinheiro para fazer os acordos. Nós fizemos um acordo com todos os clientes do doutor Henrique Lobato, que equivale mais ou menos 55% do que o clube deve”, comentou.

“Apareceram outros ex-funcionários que também querem fazer um acordo, como o Carlinhos Dorneles, o Gian. Estamos à disposição desses credores. Temos a intenção de manter esse projeto para 2016. Queremos fazer essas negociações todos os meses com o dinheiro proveniente do bloqueio de renda, para que a gente possa amortizar essa dívida cada vez mais”, detalhou o advogado.

Henrique Lobato, defensor da causa de ex-remistas como, por exemplo, Magrão, Sandro Silva, Finazzi, Landu, Charles Guerreiro, além de outros 21 credores, espera que o acordo seja cumprido. Somente seus clientes representam aproximadamente R$ 5,5 milhões do total da dívida do Leão.

“Já encaminhei alguns processos. São 27, não se pode resolver rápido, mas pelo encaminhamento, acredito que o Clube do Remo e eu consigamos chegar a um termo para conciliar todos esses processos. A dificuldade antigamente era o recebimento por questão da entrada do dinheiro no clube. Nesse novo formato de acordo, nós vamos receber através dos bloqueios de renda, que já estão determinados pelos juízes da 13ª Vara”, disse.

“Esses bloqueios de renda entram na Vara e são destinados para os 27 processos, de acordo com o que cada cliente acertou como sua parcela mensal. A única forma do Remo não conseguir honrar esses acordos seria em uma tragédia que o time parasse de jogar”, argumentou.

Se conseguir cumprir com o acordo firmado na Justiça do Trabalho, o Remo pode até ter alguns patrocínios desbloqueados. Porém, segundo o advogado do clube, o importante é não cometer os mesmos erros de antes.

“Pode ser que sejam desbloqueados, sim. Os patrocínios de 2016 do Banpará e da Funtelpa já estão bloqueados. Não sabemos ainda como vai ser com os novos que virão pela frente, de modo que o bloqueio de renda está mantido em 30%. Então, a partir de fevereiro, o Remo volta a jogar. Vai ter um ano cheio de competições até o final. Temos a possibilidade de jogar com casa cheia. O dinheiro desse bloqueio, seja de patrocínio ou seja de renda de jogo, vamos usar nesse Projeto para fazer acordos e reduzir a dívida. A nossa intenção é que 2016 seja um ano de cumprimento de acordos com esses bloqueios, para que o Remo tenha um ano tranquilo aqui dentro da Justiça do Trabalho”, encerrou André Meira.

Portal Arquibancada, 27/11/2015