Helder Cabral (esquerda) e Manoel Ribeiro
Helder Cabral (esquerda) e Manoel Ribeiro

Na história das dívidas trabalhistas do Remo, há pelo menos 5 décadas, nunca o clube teve a oportunidade de apresentar um plano de pagamento dos débitos com prazo e parcelas mensais dentro da sua capacidade orçamentária. Os “acordos” sempre foram compromissos impostos pelos credores, com a chancela da Justiça.

O corregedor do TRT, Gabriel Veloso, deu essa chance ao Remo, que está apresentando o documento, assumindo o compromisso no padrão da recuperação judicial de uma empresa.

Seja qual for o plano, porém, só será exequível com gestões responsáveis e competentes nos próximos anos. Pelo que já ficou claro ao clube, se esse compromisso não for levado a sério, não haverá mais tolerância alguma e as investidas serão no patrimônio imobiliário, com leilões, para o pagamento dos credores. O recado é: ou o Remo se ajeita agora ou se quebra de vez!

Nas últimas semanas, sucessivas reuniões da diretoria do clube com o auditor contratado Marcos Haber resultaram no plano de recuperação econômico-financeira para o pagamento de quase R$ 12 milhões.

A dívida do Remo no TRT representa hoje mais que o dobro do valor contabilizado no final de 2006, embora nesses 9 anos o clube tenha feito o pagamento em torno de R$ 9 milhões. Somente em março de 2009, em uma ampla negociação com credores, o Remo pagou R$ 2.576.495,40 para quitar 40 processos, que nos valores originais totalizavam R$ 4.470.452,40. Usando parte do dinheiro da venda da sede campestre (R$ 3 milhões), o clube pagou em uma semana 55% do que devia.

O passivo azulino ficou em R$ 3.562.561,78, de 35 processos. Foi a melhor oportunidade que o clube teve para se organizar e eliminar as pendências trabalhistas no TRT, mas as “farras” de gestões irresponsáveis continuaram e novos processos elevaram a dívida de forma absurda, de tal forma que se hoje é mais que o dobro do que era no final de 2006, chega a mais que o triplo do que era há apenas 5 anos. As gestões que mais endividaram o Remo no período foram de Raimundo Ribeiro (2007/08) e de Sérgio Cabeça/Zeca Pirão (2012/14).

[colored_box color=”yellow”]Evolução da dívida trabalhista azulina

Dezembro de 2006 – R$ 5.832.043,00
Março de 2008 – R$ 6.019.389,45
Novembro de 2008 – R$ 5.980.825,40
Fevereiro de 2009 – R$ 8.033.014,18
Abril de 2009 – R$ 3.562.561,78
Agosto de 2011 – R$ 7.863.617,17
Novembro de 2012 – R$ 4.448.746,31
Junho de 2015 – R$ 11.983.771,02[/colored_box]

Coluna de Carlos Ferreira, O Liberal, 02/08/2015